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Desde muito jovem (uma criança), quando comecei a ouvir rock (e não demorou muito para que eu montasse minha primeira banda no esquema do ‘faça você mesmo’), desde aquela época (meados dos anos 90), de cara me deparei com bandas que compunham suas próprias músicas, gravavam suas próprias demo-tapes (fitas k7 na época) faziam sua história. De lá pra cá, as coisas mudaram muito, naturalmente! Tanto é que agora Xapecó também tem porta-vozes dos ‘fracos e oprimidos do rock’, ‘oráculos’ que falam besteiras sem mesmo pestanejar. O que eles não sabem, é que há mais de dez anos, a produção independente por aqui já existia e era mais visível do que hoje, mesmo com mais dificuldades e menos recursos (e ninguém ficava se lastimando por causa disso). De falácias vazias o mundo já está cheio. As críticas eram bem mais contundentes por parte significativa das bandas. Havia mais iniciativa e menos lamento (deve ser a febre ‘emo’ que assola alguns). Alguns tolos também não sabem que na década de 70 por aqui, tivemos Tyto Livi e o Grupo Nozes, pessoas e grupos pioneiros que gravaram dois dos primeiros discos do rock independente do sul do país (senão os primeiros). E isso é história. Nossa história. História da produção independente daqui. Parece que a coisa foi se diluindo num marasmo discursivo que alguns chorosos reproduzem por aí. E eles, volta e meia, aparecem por aí, apelando ao ridículo (talvez uma maneira de tentar aparecer, ter alguma promoção, por mais medíocre que seja o ‘método’). Atualmente, existem algumas bandas (e isso também já virou discurso ou clichê) querendo se livrar da alcunha ‘rock’ (que varia mais no conceito do que pensa) e que, no fundo, dão mais importância pra isso do que aqueles que são seus alvos de critica, ao tentarem se afastar desse conceito. Mas rock não é só discurso. Não é só música. Não é só entretenimento. Rock também é postura. Assim como o punk ou qualquer outra arte que se permita ousar, questionar, subverter. Na última sexta, tivemos uma palestra-vídeo literária no SESC com o Gelson Bini, que tratou do tema ‘rock e literatura: no punk e pós-punk’, depois um debate-diálogo, onde eu e o Mano (grande professor de literatura da região), fomos convidados para compor a mesa e ser debatedores (e certamente não é o diploma - não só ele! - que tem peso nessas horas, onde se faz esse tipo de convite para tratar de temas tão abrangentes, mas sim o conhecimento – que geralmente se dá pela pesquisa, seja ela acadêmica ou não). Nessa ocasião, o tema ‘atitude’ e ‘postura’ na produção independente foi o mote de todo o debate. Trazendo à tona a ‘filosofia’ do ‘Faça você mesmo!’, e a contextualizando além do punk, passeamos pela literatura marginal e/ou maldita dos séculos passados até a produção do que se chama ‘alternativo’ atualmente. Nisso, se pôde perceber como se faz necessário um aprofundamento da temática por parte de bandas e daqueles que se aventuram no mundo dito ‘independente, alternativo’ ou mesmo ‘marginal’ da produção artística local. Quem não se despenha nisso sempre acaba naquela velha reprodução enrustida de crítica e conhecimento que transborda nos discursos ‘pseudo-rebeldes’ por aí. Um velho ensinamento diz: ‘Quando não se tem o que dizer, o melhor é calar-se!’ Nietzsche também comunga dessa idéia ao anotar: ‘Só se fala daquilo que se superou!’. Por isso, enquanto alguns patinam em justificativas e falatórios, o mundo gira, a produção acontece e o Caos se propaga junto às transformações...
O rock e o masculino
Existe um velho chavão de velhos ‘machões’ (ou enrustidos?) do mundo do rock que diz que ‘rock é coisa de homem’. Por incrível que pareça, essa falácia ainda existe e é reproduzida, acreditem! O pior, por ‘jovens’ que se pretendem criativos, originais, pensadores, artistas. Ainda estão no tempo das auto-afirmações masculinas. Mas é certo, alguns quando compõe, fazem realmente isso destinado a determinado gênero. O chamado ‘rock de home!’. Nós, ‘natualmente’, não podemos dizer isso, já que a Epopeia é composta por dois masculinos e dois femininos. Não fosse isso, não teríamos os elementos que temos (e quem pôde ver nosso retorno no teatro do SESC sabe do que eu estou falando). O toque feminino dá um ar especial ao ambiente, sempre! Que triste seria ver curtindo a banda só ‘cuécões’! Não, não, literalmente, não somos uma banda que faz rock de homem. Nosso som, assim como nossa consciência, está além disso. Dá pra se dizer que o nosso rock (ou o que preferirem chamar), é assexuado, ou ainda, bissexual. É isso. Rock não tem sexo. Música não tem sexo. Arte não tem sexo. Ou ambos, tem todo o sexo do mundo – e nisso, históricamente, o rock traz vibrações sexuais, uma de suas ameaças sociais (leia-se Elvis Presley requebrando & censurado quando apareceu pela primeira vez na televisão).
let's rock girls!
3 comentários:
É, tem gente que tem que se calar um pouco e aprender mais.
Na minha Opinião Rock quando é nervoso tem a ver Heterossexualidade!!!!
Vai falar isso pra Lou Reed, Jagger, Iggy Pop, Richards, Nico (Velvet), entre muuuuuitos outros...
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