quarta-feira, junho 21, 2006

XA-RA-RAU

CHAPECÓ MUSIC LIVE: O maior “e pior” evento de rock da região

Contrariando o que dizia a propaganda, não foram dezenove (19) atrações musicais, mas sim, vejamos... quatorze ou quinze; talvez. Em verdade, atrações mesmo, foram no máximo sete, ou seja, as bandas e/ou músicos que se apresentaram no dito palco I, pois no II...

Palco II: a zona escancarada

Enquanto no Palco I, onde acontecia o tal “acústico MTV: bandas gaúchas” (o que de acústico não tinha quase nada), o exagero em volume de som ensurdecia o público presente, no Palco II, não se ouvia quase nada. Ao contrário do que ‘garantiu’ em discurso a organização do evento, a acústica estava horrível e o isolamento de som pior ainda. Muitas bandas, a maioria, diga-se de passagem, tocaram poucas músicas. Além de diminuírem o repertório, apresentaram-se nitidamente irritadas, como haveria de ser, já que o som do Palco I invadia o ambiente onde as bandas locais se apresentavam, confundindo os ouvintes e os próprios músicos. Um espetáculo de ruídos fez com que a grande maioria do público que foi ao evento prestigiar as bandas locais, migrassem para o ambiente vizinho, prestigiar o desfile de ‘emos’ e ‘mod’s’ que se faziam figurar no local e onde estava situado o Palco I. Um verdadeiro desrespeito com as bandas locais, e principalmente com seu público.

Palco I: acústico para surdos

A voz rouca de Wander Wildner (ex Replicantes, Sangue Sujo, etc.), ficou ainda mais rouca, acompanhando a distorção da guitarra, e não poucas vezes, confundido-se com ela. O cara está bem, boas composições e apresentação tranqüila. Para os entusiastas, fãs, e os que não ficaram surdos, creio que valeu a pena. Preocupado com o bom andamento da festa, principalmente com os amigos, colegas das bandas e público de rock, fui, tranqüilamente e com toda a categoria e respeito, pedir aos técnicos de som do Palco I, se existia a possibilidade de diminuir o volume, já que sobrava som daquele lado. Obtive uma resposta ‘não a altura’ de meu inofensivo pedido. Um sorriso debochado do “profissional” repugnou até o ar em torno de mim. Parecia que o fulano é que era o artista, a estrela, um mero piloto de mesa de som. Fui-me então, com toda a paciência do mundo, falar com a organização do evento. Subindo uma escada que mais parecia um corredor de escola, abarrotado de jovens, quando não crianças, com seus rostos, ultrajes e corpos ornamentados, onde piercing’s confundiam-se com as espinhas da primeira puberdade, cheguei ao meu destino, a organização. De cara e sem rodeios, fui direto a pessoa interessada e ao assunto. Perguntei o que fariam sobre, já que tocar no Palco II estava tornando-se impossível e ouvir insuportável. A cada banda que subia ao palco, a apresentação tornava-se pior. Tocaríamos nós, lá pelas 3:00h da matina, o que infelizmente ou felizmente, não aconteceu. Amigos, fãs da banda, muitos que até vieram de outras cidades e que pagaram para prestigiar-nos e as demais bandas do Palco II, reclamavam-me a cada instante. Passei a bola para frente, ao responsável, já que meu papel, como o de muitos outros, era o de tocar. Recebi a pior das respostas possíveis: - “Quantos ingressos tua banda vendeu?” “E as outras, quantos venderam?” “Estão reclamando o quê?” – Não lembro de ter assinado ‘porra’ de contrato nenhum onde dizia que as bandas eram obrigadas a vender ingressos, muito pelo contrário, foi sim, no dia da reunião festiva, dito em alto e bom tom, que era opcional vender ingressos. Fugir da falha, da responsabilidade desta maneira, é tolice, no mínimo. Péssimo escape. Pior ainda, não admitir a falha, abandonar a razão pela conveniência, deplorável. Nosso papel, o das bandas, era o de tocar por cachê, eis o que constava no contrato, e fomos para isso. O resto, era problema da organização, mas parece que mais uma vez, elegeram os culpados e criaram-se desculpas - esfarrapadas. Fomos mal tratados, essa é a verdade. Laranjas de uma falha; humana é certo, mas concreta. No final das contas, nem tocamos, pois uma das bandas, revoltada com toda a ‘zona’ (situação), “destruiu” o palco, transformando o espetáculo de ruídos em vazio. Enquanto isso, no Palco I, o som prosseguia a curar surdos. Ultramen, apresentou-se com mais equilíbrio, talvez devido ao estilo de som mais dançante, o que combinou um pouco mais com o exagero de volume.

...e o Cachorro já não é mais tão Grande

Lá pelas tantas, sobe ao palco a aclamada e esperada Cachorro Grande, uma das boas bandas nacionais que vinculam na grande mídia, representante do dito ‘rock gaúcho’. Por três ou quatro vezes prestigiei a banda ao vivo, e posso afirmar com convicção que foi um dos melhores shows de rock que já presenciei (e olhem que não foram poucos). Nesta noite ilumina de escuridão, a Cachorro Grande fez uma apresentação, que para mim, admirador da banda, foi um tanto superficial. Assim como no final de ano da Globo, no programa também ‘Global’ Altas Horas, a banda já mostrava-se limitada, ou seja, teatral, agradável, um tanto comercial. A influência ‘mod’ da banda, inspirou ‘moda’ a outros. Antes fosse só isso. Apresentação morna, esteticamente agradável ao público consumidor de efemeridades. O cachorro é o mesmo, mas não mais tão grande. Talvez seja por enquanto ou para este tipo de evento, onde não se pode esperar muito mesmo. Opinião de um apreciador, compositor e músico de rock, guiado não só pela emoção.

Enfim...

Um velho ditado diz: ‘quem avisa amigo é’. Não sou vidente ou coisa parecida, mas tenho sensibilidade suficiente para perceber que algo não está certo ou justo, e que isso algo pode acarretar, e acarretou. Quando fui-me precaver a organização do exagero dos “profissionais” do som do Palco I, que de tão “profissionais que eram” nem se deram ao luxo de compreender a situação e respeitar os ‘colegas’ músicos do Palco II, e ignorar o público pagante, fui com a maior das boas intenções, mas não fui ouvido. Não tardou muito e aconteceu. Músicos enfurecidos puseram abaixo equipamentos do Palco II, revoltados, como todos os demais que por lá se aventuraram. Os equipamentos não tem culpa é certo, mas a fuga do controle deu-se devido ao descaso da organização e falta de bom senso dos ‘colegas’ do Palco I. Não sei se algum engenheiro convenceu a organização de que aqueles ‘lençóis’ estendidos isolariam o som de um ambiente para outro, mas a ‘zona’ quase incendiou, e a incompetência dos ‘cabeças pensantes’ fez-se notar. Por nós, tudo bem. Tristes por não tocarmos, na fissura que estávamos, mas aliviados por não ter-lo feito naquela circunstância deplorável. Doemo-nos pelo público pagante, nossos admiradores, amigos, principalmente os que vieram de outras cidades e foram mal aconchegados. Muitos sentiram-se usurpados, enganados. E nós, enquanto banda, ignorados, mal tratados numa verdadeira falta de respeito aos artistas, sua arte e seu público; mais ainda, falta de consideração humana para com todos os que apenas queriam ter uma noite agradável. É triste ver, de um lado, artistas de certa fama participar do espetáculo ‘pão e circo’, gritando “rock’n’roll!” aos quatro cantos, enquanto do outro, artistas de menor vinculação comercial, mas artistas também, se contorcendo, suando frio, fazendo das tripas coração para serem ouvidos. Vitória do capital e dos capitalistas, frios, oportunistas. Derrota de toda arte e do pouco que resta da sensibilidade humana.

Herman G. Silvani (Niko)

domingo, junho 04, 2006

Viajantes Noturnos...






entre o sagrado e o profano
tempo e espaço
absurdo e lucidez
prazer e risos
dor e amor
suor e lágrimas

...do corpo são as mãos
que sangram...

Guitarra & Voz



Herman G. Silvani (Niko)

...criatura noturna de vôo distante... asas feridas criadoras de tempestade... compõe sua obra em quadros sonoros... viajante surreal em paisagens indefinidas...

Contrabaixo & Voz


Liza A. Bueno
...ave lunar de penas cintilantes... tece horizontes com suas asas em brasa... ao som da chuva conduz seu som ritmado ao infinito...

Bateria






Fabrício Tubin
...pássaro disforme de vôo lento e distante... asas que batem velozes no ritmo do som que emana do vento...

Eis-nos...











sons que aquecem a alma
sóis em noites frias
sois vós, seres noturnos
divagantes pelo mundo
loucos em desejo profundo
de profanar o abstrato
no absurdo de um tempo mudo

Herman G. Silvani (Niko)