* Tudo começou com uma pergunta: “Onde está o som?”
Saldo positivo! Sim, outra vez. Foi a segunda vez que tocamos no teatro do SESC local. E a casa lotou, novamente! Da primeira vez, em fevereiro retrazado, foi a convite do SESC. Desta vez, pelo projeto Unocultural, encabeçado pelo Roberto Panarotto (Repolho), grande figura, produtor e agitador cultural de Xapecó, há anos. Conheci o Roberto no início dos anos 90 aqui, sempre produzindo e propagando a cultura independente/alternativa regional. Hoje, o SESC se faz um espaço, se não o mais, um dos mais interessantes para a propagação da produção autoral independente local. E por mais que um e outro gato pingado torça seu nariz para isso, os espaços estão aí, para serem ocupados. Uma Universidade só se torna ‘universal’ quando promove o desenvolvimento humano e cultural. E neste caso, projetos como o Unocultural, evidenciam tal realidade. É quanto uma Universidade faz jus ao título que leva, ou seja, quando extrapola o ‘academicismo’ com ações como estas.
Falar de algo que você mesmo faz parte não é muito fácil. Alguns podem pensar que é uma auto-promoção, uma auto-afirmação (e os paranóicos se contorcem!). Então vou me conter aos ‘outros’. Quase um ano sem subir aos palcos, a Epopeia em seu ‘silêncio’ (ou desaparecimento temporário), criou expectativas tanto quanto ao seu fim como a sua continuidade. E acabou acontecendo a segundo caso. Depois da partida do Tuba, a banda estacionou. Mas não por muito tempo. O Fernando (maninho), veio pra somar e fazer a Epopeia prosseguir na sua empreitada sonora. E o que eu pude ver e sentir na noite do nosso retorno aos palcos, num teatro lotado, com pessoas sentadas pelos corredores, e outras, infelizmente, que ficaram de fora devido a falta de espaço, foi algo simplesmente gratificante. A cada música, a cada energia lançada, a resposta do público era imediata.
* antes do show começar, público se acomodando no teatro ao som de Enio Morricone
As palavras são: trabalho & reconhecimento! – para além de qualquer discurso...
Numa análise geral, posso dizer que o sucesso do evento e do retorno da banda se deu pelo trabalho construído (além das músicas), pela produção, pela proposta multi-linguagem, além da vontade e amor pela arte, pela música. O resultado nós sentimos no carinho, nos fortes aplausos, na energia que se gerou, nos vários recados elogiosos que recebemos, e ele se chama ‘reconhecimento’. Alguma crítica de alguns frustrados que nem sequer viram o show pode ter rodado por aí, mas como disse um amigo: ‘É patético!’. Palco não é pódium, é certo (e sabemos muito bem disso, já que somos timbrados no assunto), mas muito menos altar de um templo religioso onde os pregadores ficam discursando aos seus súditos e seguidores na tentativa do rebanho. O palco possibilita a troca, a comunicação, mas isso tembém depende da condição de quem está sobre ele. A arte tem disso, o contato que se sente no corpo, na alma, na mente, e quando alguém pronuncia de forma vazia e discursiva apontando o ‘caminho exato’, com uma pseudo-certeza, um diminuto conhecimento de causa, e sem o devido contexto, acaba por atirar no próprio pé. Com isso tudo, não há como não rir. Paranóicos e discursivos: nem tudo depende das influências, assim como nem tudo é ‘esquemão’ – ainda existe sinceridade e se leva o ouro pelo trabalho desenvolvido, pela proposta aprentada. Conhecimento, dedicação e prazer, são palavras que geram algo muito além do discurso, e isso é algo que alguns paranóicos-discursivos e ‘cavernosos’ precisam aprender. Dixi!
As referências... (Tudo bem! Se não existe mais originalidade, não significa que não possa ser autêntico)
Antes de iniciar o espetáculo, enquanto as pessoas se acomodavam no teatro, as músicas ambiente ouvidas eram de Enio Morricone - trilhas sonoras dos filmes do Sergio Leone. Todos devidamente acomodados, as portas se fecham e começa o show. No primeiro ato, contamos com a presença e participação literária do Gelson Bini, que leu dois belos contos, um em memória do Tubin. Depois foi a projeção do vídeo-aniversário da banda com uma singela e poética homenagem ao nosso amigo sonoro. As cortinas se abriram ao som de um Gramophone que ganhou destaque no cenário do palco. Um totem e alguns incensos. A projeção de um filme nostálgico russo (leia-se Tarkowski), entre outros, foram alguns dos elementos de linguagem que compartilhamos com os presentes.
Falamos de música! Falamos de arte! A consagração da vida...
“A vida sem a música seria um erro” (F. Nietzsche)
Os músicos parceiros deste retorno: Jakson, membro fundador da Epopeia, mandou arranjos magníficos de órgão e piano, e um solo digno de um Charly Garcia nos tempos do La Máquina de Hacer Pajaros no moog/sintetizador do seu teclado. Anderson no saxofone e Brívio no trompete, magistralmente mandaram seus recados em arranjos e solos jazzísticos - Contrane, David Brubeck e Males Davis estavam ali conosco naquela noite. A Liza fez do seu baixo ‘o comandante’ daquela festa, com timbres e sutilizas (que só as mulheres conseguem), desenhando as músicas como nunca. A Eliz, simplesmente cantou – com a voz, com o corpo, com a banda, trazendo ao palco os fluídos femininos de gigantes da soul music e do rock. O maninho, mostrou pra que veio. Sentar naquela bateria, tendo em vista a carga de ‘responsabilidade’ que é estar onde até a pouco estava o peculiar Tubin, realmente, é um feito. Simplesmente, o maninho destruiu! E todos respiraram aliviados. O presença sonora do Tuba foi sentida por todos que já o viram em ação. E a Epopeia fez novamente o ‘dever de casa’ – desta vez, como nunca!
Maninho
Liza Niko Eliz
Não havia o que esperar mais do público, que nos retribuiu com toda a força e energia que se gerou no local. Pessoas que dignificam qualquer artista com seus aplausos cheios de energia e sinceridade - combustível para nossa atuação e continuação. Ver meus alunos ali, amigos e admiradores, novos e antigos, os pais do Tuba, nossas famílias, entre outras pessoas que fazem a coisa acontecer da sua maneira, pessoas que vieram nos abraçar e agradecer emocionadas, isso tudo, foi e é muito gratificante. E eu me deliciei com minha guitarra, meus efeitos & defeitos no palco, e é só isso o que no momento eu sei de mim.
Agradecemos à todos os presentes pelo carinho, pela troca - e aos que, mesmo ausentes (ou que ficaram de fora), conspiraram à favor do sucesso do nosso retorno!
Vocês fazem parte dessa Epopeia... ‘eis o som!’
Herman G. Silvani (Niko) & Epopeia.
3 comentários:
Grande espetáculo sonoro!!! profissional, autêntico e queremos mais bisss!!! kkkkkkk
emocionante o show, emocionantes as palavras. experimentei uma sensação especial ao me ver no corredor para acompanhar a volta da epopeia. deu um gostinho extra, com certeza. todos ficamos sensibilizados com a apresentação. fábio e eu torcemos por vocês. continuem, sempre. com essa simplicidade, com esse carinho e dedicação. vocês fazem o rock acontecer por aqui. orgulho da epopeia - que tem tudo, tudo mesmo, para ganhar o mundo, e não apenas ser a melhor banda do velho oeste.
um abraço forte aos epopeicos.
fabitos rsrs!
Se não a melhor, entre as melhores bandas da cidade, do oeste e do estado. Grande show!
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