sábado, novembro 21, 2009

Grandes bandas e seus discos, além do muro...

* volta e meia, estarei aqui tratando de algumas bandas e suas magníficas obras de arte, seus discos e músicas. nada que sirva para a reprodução, a ‘mesmice’, a perpetuação do rock enquanto música de consumo, datada, no ‘lugar comum’, mas sim, para a infinidade de uma música que se tornou um comportamento e/ou uma forma de ver e sentir o mundo, de viver... bandas que atravessam conceitos e estripam sentidos óbvios. bandas que fazem sofrer a carne, o mercado (além de ser parte dele), e trazem energia, imagens, renovação, atitude, balanço: ‘linguagens’. bandas que de certo modo me inspiram na hora de compor e tocar, e que inspiram a Epopeia e seu ‘olhar para o mundo’. lembrete: as opiniões são pessoais... mas tem seus reflexos.

“bem vindos/as ao mundo das grandes bandas, dos grandes discos... do que há além do muro...”

Herman G. Silvani (Niko)

abajo>acima>bamonos!


* The Mars Volta é uma banda norte-americana (Califórnia), de rock contemporâneo, fundada por Cedric Bixler-Zavala (vocal) e Omar Rodriguez-Lopez (guitarra), em 2001. Com referências no garage rock, rock psicodélico e progressivo, musica latina e jazz fusion, a banda é conhecida pelo seu experimentalismo sonoro-musical,  pelos seus shows enérgicos e vigorosos, com grande improvisação ao vivo, e também pelos seus álbuns conceituais. Os dois primeiros álbuns de estúdio são os meus preferidos, seguidos pelo mais recente (leia-se discografia abaixo), esses três, ‘obras primas’ da discografia do rock mundial. Os demais, também são bons, mas não tanto quanto aos destacados. Uma das bandas mais inovadoras dos últimos tempos, que tem um guitarrista dos que mais gosto também, e uma das maiores presenças de palco do rock. Mars Volta produz um som que exige um desprendimento dos ‘padrões’ sonoro-musicais do ocidente e um certo ‘conhecimento musical’, e está entre as melhores bandas de rock da história - para este que voz escreve.








Álbuns (oficiais), de estúdio:


* De-Loused in the Comatorium, 2003
* Frances the Mute, 2005
* Amputechture, 2006
* The Bedlam in Goliath, 2008
* Octahedron, 2009





* Doctor Deseo é uma banda de Bilbao, Espanha. Seu primeiro disco data de 1987. De lá para cá, foram 11 discos, todos independentes. Elementos cênicos, uma sonoridade ácida e intensa somados a poesia de Francis Diéz (vocal/compositor), dão um estilo impar para a banda. Ouvindo as músicas, encontramos referências no punk rock, garage, na música espanhola tradicional, no eletrônico, no caos urbano... Dono de uma aparência ambígua, Diéz criou um personagem para si, onde através de uma poética e caótica atuação, eleva a música à um clima transgressor, sensual, humano. As letras abortam o desejo, a dor, o sentimento, o sexo, o caos, a energia de estar além... Uma banda que precisa ser ouvida, conhecida, sentida. Nada aqui é gratuito e em tudo tem poesia: nas letras, na sonoridade na estética. Francis Diéz é um dos grandes poetas do rock mundial. E Doctor Deseo, uma banda para quem ouve além do que é convencional. Uma das minhas bandas preferidas também, e um dos discos que mais gosto de ouvir (acima).

Esta noche (esta puta noche)

La oscura cadencia de la sangre,
el laberinto de la memoria,
y el niño que se ahoga
en la sucia charca del tiempo que
rumia sin sentido
la cajita de las ilusiones
y pinta con hiel la sonrisa
retorcida, casi rota.
¡Cuánto ruido corre por la cabeza!
Sordo murmullo que no ha de parar.
En el dial de mis neuronas
no encuentro la frecuencia que
ponga olas de mar
que acaricien la arena,
suave brisa que calme el dolor
de esta noche,
esta puta noche.
Huela el sudor de tu cuerpo
en las noches de mágia
al aroma del sol, tatuado en tu vientre
y me olvide de esta puta noche.
Es tan estrecha la senda
que te arrastra hasta el final del sueño.
Muerde tanto la herencia
de un tiempo olvidado ya.
Paraíso de la paz
inventado para jodernos bien,
ahora y en la hora
de nuestra muerte,
amén señor.

¡Cuánto ruido corre...





Alguns discos:

* Fugitivos del paraíso, 1992
* Gotas de dolor... un charco de olvido, 1995
* Hay cuentos aún por inventar, 1998
* Atrapado en tu silencio... de incertidumbres y caricias, 2000
* Suspira... y conspira, 2002

+ . +




* The Velvet Underground foi (é) uma banda norte-americana de rock experimental, (art-rock, como é conhecida). Seu primeiro disco data de 1967 (mesmo ano do Sargent Papper’s dos Beatles), e é famoso pela capa ‘da banana’, assinada pelo artista plástico mais reverenciado da pop-art: Andy Warhol. A banda contava com nomes de peso como Lou Reed (vocal e guitarra), John Cale (baixo, violino, experimentações), e Nico (vocal), em sua formação inicial. Velvet foi uma banda inovadora (nem mais nem menos do que Beatles), apenas menos valorizada pela grande mídia. A banda, de certo modo, ainda é uma das mais inspiradoras da história do rock. Inspirou nada a mais, nada a menos, do que o garage rock e o punk setentista, respingando no grunge dos anos 90 e até no chamado progressivo e indie rock contemporâneos. Se ouvirmos algumas músicas de bandas como Radiohead e Mars Volta por exemplo, percebemos momentos de semelhanças na sonoridade, com o que Velvet fazia nos anos 60.  Enquanto o rock mais rural e hippie/folk, borbulhava mundo afora, tratando de temas pacíficos e utópicos, Lou Reed e sua turma tratavam de evidenciar um mundo ruidoso, urbano, falando de violência, sexo, drogas e conflitos humanos. Misturando poesia urbana com a sonoridade psicodélica-obscura (uma psicodelia em preto e branco, eu diria), Velvet minou o marasmo que começava a existir no mundo do rock, deixando vestígios caóticos para o que viria pela frente, e hoje, ainda não tão conhecida, a banda está presente, talvez até no inconsciente de muitos compositores de rock por aí, que fazem do som algo mais do que simplesmente ‘ser agradável aos ouvidos’ alheios. O disco destacado (1967, o ‘da banana’), está entre os melhores e mais importantes discos da história do rock, em todos os sentidos.



Alguns albums:

*  The Velvet Underground  and  Nico, 1967

*  White  Light/White Heat, 1968

*  The Velvet Underground (álbum), 1969



terça-feira, novembro 10, 2009

Epopeia ‘on the road’ – 2009





1º Movimento:  (31/10, Curitiba/PR – Basement Pub)

Saímos de Xapecó-city com o ônibus que sairia as 22:20h, com um atraso de uns 20 minutos. Aproximadamente 9 horas de chão e estávamos lá. Viagem cansativa. O bus era bom, mas a estrada... haviam trechos que pareciam estrada de chão. Fomos conversando e ouvindo música boa parte do percurso. Uma cervejinha aqui, uma água ali. Um cochilo aqui, uma gargalhada aqui, e assim foi. Chegamos em Curitiba eram aproximadamente 7:30h, e o Michel (baixo, Tomates), já estava nos esperando. Fomos direto para o ap do Giva (bateria, Tomates e Ruído). Eu, Liza e Eliz ficamos na sala do ap, e lá foi nossa pousada e descanso durante aqueles dias. O Tuba, foi fazer estada no ap do Michel. A cidade é grande, bem traçada, muito bem projetada. O trânsito flui bem, as ruas são largas e os prédios altos. Um pouco fria, no sentido de individualidade. Traço típico de uma cidade de grande porte. No sábado, passamos o dia andando pra lá e pra cá, visitando lojas de som, equipamentos e instrumentos musicais, tomando cerveja e conversando. Giva e Michel sempre nos acompanhando. Além deles, a Jeane, companheira do Giva também nos acompanhava. No final da tarde, fomos no Largo da Ordem, um lugar muito legal, ruas de pedras e ponto turístico/histórico da cidade, onde as tribos e amigos se encontram para beber uma cervejinha e tal. Sentamos na mesa de um bar. Era uma construção que datava de 1937, se não me engano, aliada a todos aqueles prédios históricos, muito bonitos. Uma das coisas que mais me agradam em viagens para cidades maiores, é a arquitetura. Fotografei muitas igrejas, bares e construções deste tipo. Ficamos conversando sobre música, literatura, tribos urbanas, e outros assuntos mais aleatórios. Entre tragos e risos o tempo passou e fomos conhecer o ‘bar do torto’. Um lugar muito simpático, pequeno, e cheio de fotos e quadros do garrincha nas paredes, o motivo do nome do bar. Bebemos mais algumas cervejas ali e experimentamos o famoso salgadinho do bar, que diga-se de passagem, era uma delícia. Depois fomos para o Basement Pub, o local onde tocamos na noite. E que lugar! Um pub muito legal, que fica no porão de uma casa muito antiga. Todo de pedra. Um tanto obscuro eu diria, o quem muito me agrada. Pouca luz e fresquinho em seu interior. Algo que se vê em filmes da idade média. Muito legal mesmo. O local onde tocamos não era grande, cabiam, creio, umas 120 pessoas no máximo. O palco era legal e a acústica também. O som estava muito bom. Passamos o som, e depois ficamos por lá, de bobeira, bebendo, conversando e jogando sinuca. Até chegar a hora do rock acontecer. Os Tomates subiram no palco já era passado das 0:30h., e mandaram ver. Tocaram clássicos da banda e canções novas (muito boas por sinal). A banda mudou um pouco seu estilo e ficou mais contemporânea com isso, adquirindo referências novas, como o indie rock por exemplo, mas sem perder as do passado, do mod e garage rock que já a acompanhavam antes. Tocaram pouco tempo, mas bem tocado, dando seu recado ao público presente. Alguns minutos e subimos ao palco. Nem me liguei que a voltagem lá é outra, e usei meus pedais com as fontes em 220 mesmo, o que enfraqueceu os efeitos, e só fui dar conta disso no final da apresentação (que tolo!). Isso me fez sofrer um pouco, pois a resposta dos pedais não eram as desejadas, os efeitos ficaram mais leves quando precisavam de intensidade. Mas foi, e rolou a psicodelia igual. Mesmo muito cansados da viagem e do dia quente e movimentado, tocamos com gás. Na segunda música eu já estava encharcado de suor. O público era pequeno, porém, interessante, aproximadamente umas 40 pessoas. Diminuímos o repertório (de 15 para 10 músicas), devido o cansaço e ao tempo, já que tinha mais uma banda para tocar. O público, pelos aplausos e gritos no intervalo das músicas, e comentários posteriores, curtiu. Divulgamos alguns CDs e a festa continuou. Curtimos um pouco a última banda, a Planis, que tocava covers e alguma música própria (pelo que ouvi). A banda é boa. Não tenho muito comentários a fazer de bandas cover, nada contra, mas... destaco sim a guitarrista. Uma delas, pois a banda tinha nas guitarras duas meninas. Uma delas tocava muito bem inclusive. Foi o atrativo na banda, pelo menos para mim, que também sou guitarrista. Ficamos por lá, aproveitando o ambiente, tomando umas, conversando com o povo e os amigos do Tomates e suas companheiras. A banda terminou e continuamos por lá mais um tempo. Já eram aproximadamente umas 4h da madrugada, e resolvemos ir embora. Chegamos no Giva, comemos e tomamos um café. As meninas desmaiaram e eu fiquei mais um pouco assistindo televisão. Quando não agüentava mais, liguei um som e também capotei. Acordamos no domingo já eram 12:30h. O Giva foi com a gurizada preparar um churrasco caprichado no prédio do Michel. Banhos tomados, fomos para lá. Começamos a comer e beber lá pelas 13:30h e só paramos perto das 17h. Foi um almoço longo. E que churrasco, bah! Jogamos, rimos, bebemos, comemos e ouvimos música. Depois saímos novamente. Fomos até o ‘museu do olho’, local projetado por Oscar Niemeyer. Que coisa! Visitamos lá e saímos rumo a um bar. Passamos pelo cachorródramo, local onde as pessoas levam seus cães passearem, e quanto cachorro! Muito legal. Ficamos o resto da tarde bebendo umas geladas e conversando, admirando o lugar e as pessoas que ali estavam fazendo seu fim de semana. Tribos e grupos de amigos de vários estilos. Estávamos em casa, no meio da diversidade. O tempo passou e já era hora de ir. Arrumamos as malas, depois passamos num bar comer um lanche e fomos. Nos despedimos do Giva e da Jeane, e o Michel e o Nadal e suas consecutivas companheiras, nos levaram para a rodoviária. Nos despedimos, esperamos alguns minutos e embarcamos. A volta foi mais rápida, devido ao cansaço, dormimos mais. E tudo valeu a pena.

* Fazendo uma comparação, uma análise da viagem, o que sempre faço, percebi que a cidade de Curitiba é bem projetada, porém mais fria e/ou ‘capitalista’ do que Porto Alegre, por exemplo. Talvez pelo fato da cidade justamente ser mais ‘organizada’, limpa e com o comércio muito forte. Porém, seus parques e locais históricos, são bem preservados. Os bares simpáticos e pequenos. A realidade bem diferente daqui. Por lá, me pareceu que o público não se ‘mistura muito’ como aqui, talvez pela variedade de opções. São muitos espaços para o rock, e a grande maioria muito pequenos. Quem é acostumado aqui, com as casas de show grandes, onde cabem de 250 a 600 pessoas, lá são de 40 a 200 cabeças. As tribos são bem distintas. A coisa é mais territorial. Chapecó, talvez por sede de espaços e fazeres culturais, quando acontece algo neste sentido, junta mais gente num mesmo ambiente. Enfim, é um pouco isso.

* a Epopeia continua...