quinta-feira, janeiro 07, 2010

Sábado, 02/01/2010:

            No sábado, o rock começou cedo no ‘palco do Sol’. Eram aproximadamente 14h quando a banda de Londrina/PR Mescalha subiu ao palco. Sentamos na grama, como de costume, em frente a este palco diurno, para beber, conversar, fotografar e prestigiar a banda. Mas não deu para ficar sentados. Uma porrada após a outra. Que energia! A banda toca um rock setentista com um pegada garageira ‘a la’ MC5. ‘Do cão!’ Um grande batera, um grande baixista e um guitarrista muito virtuoso, somados a um vocal bom e que tem boa interpretação, dão a banda uma competência explosiva. Destaco o guitarrista que detona (um dos grandes do festival), e a presença de palco assombrosa da banda, o que fez o público vibrar. Show foda!




            Depois da porrada sonora do Mescalha, tive que descer até a barraca. Necessidades básicas, compreendem? Demorei um pouco por lá e depois mais um pouco no banheiro e acabei perdendo o show da Cosmo Drah. Conheço a banda pela net. Só pude ouvir de longe um cover da banda setentista brasileira A Bolha, e de cara tive a impressão de ser a Cosmo Drah tocando.
            N’um momento, passei a mão em um livro do Neruda que me acompanhava, um caderno de anotações e caneta e fui sentar perto do lago, para ler um pouco de poesia e tentar escrever algo. Não sai nada que prestasse. Mas ler Neruda foi bom! Precisava deste tempo com a solidão. Depois fui caminhar. Chegando próximo ao palco do Pasto, lá estava o palhaço-vocal e acordeonista da Bandinha Di Dá Dó, fazendo uma apresentação na grama, junto ao público que o cercava. O homem banda, acompanhado de seu cão, com seu acordeom, seus apitos e percussões acopladas pelo corpo (uma engenhoca que funciona, e muito bem!), fez sua apresentação festiva-participativa. Muito legal e divertido. Por alguns instantes, uma apresentação de rua, musical-teatral, fez risos crescerem. E entre aplausos e a participação do povo, o clown deu seu show.
 



            Quando voltei para o palco, estava se preparando para tocar a banda O Conto. Vi parte do show. Gostei. Foi quase como o do carnaval. Belas músicas e arranjos do guitarrista e tecladista, que tocam muito bem e são criativos. Klaus, o batera, violão, trompete e flauta, é um dos organizadores do festival, e manda bem dentro da banda. A banda fez um bom show, onde a galera cantou junto parte do repertório já conhecido.




            Caída a noite, no dia mais esperado por muitos, o dia dos Mutantes subirem ao palco. Nos arrumamos cedo, depois de um breve descanso nas barracas. Jantamos e fomos perto do ‘palco do Pasto’. A primeira banda a se apresentar foi a ‘clássica’ dentro do festival, de Itajaí/SC, Casa de Orates. Não vi direito o show, pois estava um pouco mais longe do que geralmente costumo ficar, que é bem próximo do palco. Mas pelo que vi/ouvi, posso dizer que a banda mantém certa competência. Casa de Orates é uma banda cênica, além de musical, e fez uma apresentação boa, como sempre. Já vi/ouvi 5 vezes a banda tocar, sendo uma em Chapecó e 4 no psicodália, e destes shows, pouco mudou um do outro. Fotografei, mas não salvei nenhuma foto (por causa da distância).
            Na seqüência, seria a vez da banda Gato Preto. Mas houve algo que deixou a banda para depois dos Mutantes. Demorou um tanto e a banda mais esperada pela maioria, creio, Os Mutantes, subiu ao palco. Fiquei o mais próximo que pude, nomeio da multidão. O show, foi digamos, bom! Não gostei muito do repertório apresentado nem de alguns timbres de guitarra. Fora isso, o show foi bom. Destaque para o grande batera Dinho, que tocou muito! O show gira muito em torno do Sergio Dias. Mesmo não sendo para mim o show mais esperado do evento, nem o melhor, cantei junto ‘El Justiciero’, ‘Balada do Louco’, ‘A hora e a vez do cabelo crescer’ e ‘Jardim Elétrico’ (o ápice do show na minha opinião). Até fiquei surpreso quanto tocaram. Foram felizes na escolha das músicas do disco novo, pois tocaram umas 4, das melhores. Não gostei da versão pop de ‘Ando meio desligado’, e fiquei feliz ouvindo ‘Panis et Circenses’. Foi um show mais comportado, com alguns efeitos na guitarra do Sergio Dias. Vi um show dele n’um dos psicodálias já, e a coisa foi meio parecida. Senti falta dos moogs e sintetizadores, da Simone (percussionista), e principalmente do Arnaldo Baptista. N’um momento, parte da platéia gritou em coro: ARNALDO, ARNALDO!!! Foi um belo show, da banda mais importante do rock nacional, mesmo não sendo mais a mesma.




            Depois dos Mutantes, foi a vez de outra banda ‘clássica’ do festival, a Gato Preto (opa!, ex-Gato Preto). A banda mudou o nome para Confraria da Costa, por alguns motivos que, por mais que foram explicados, acabei não compreendendo. Gostava do nome Gato Preto, do símbolo e tudo mais. Sou admirador confesso dos piratas e suas histórias ultramarinas. O certo é que o nome não interfere no som, e novamente o Gato... ops! desculpem! a Confraria da Costa fez um baita show. Os Mutantes, foi um show mais harmonizante, digamos, onde se cantou no meio de lágrimas e sussurros. Uma responsabilidade subir no palco depois dessa histórica banda. Mas, como canta o próprio Confraria: ‘Coisas piores acontecem no mar’. O caos voltou ao palco, para minha satisfação. Musicas embaladas pelo canto dos piratas, muito rum e suor. Dancei até não agüentar mais, bicando minha garrafa de seleta (cachaça mineira da boa!), cheguei a esquecer das fotos (hehe!).  Cantei muito... ‘deveras p’ra caralho!’. Destaque para a presença de palco - uma das melhores de todo o festival - para o Abdul (grande batera!), o violinista (que figura!), o guita jazzístico, o Ivan nos vocais roucos de rum e sua flauta... ufa! Enfim, uma banda que oferece um clima anárquico ao público e local, e me faz lembrar de uma banda que gosto muito, a ‘Gogol Bordello’, além da alegria de estar compartilhando a felicidade com o outro. ‘Viva a Confraria da Costa!’
Para encerrar a noite, subiu ao palco a banda paranaense de Ponta Grossa, Cadillac Dinossauros, num belo show. Como das outras vezes, Cadillac mostrou muita competência e boa presença de palco no festival. Tocou musicas novas do novo disco, e me parece que está de baterista novo também. Uma grande apresentação para encerrar esta, que foi a última noite do festival, e de certo modo, entristecer o público, que no dia seguinte, iria embora. Cadillac Dinossauros fez sua parte, levando diversão e balanço para o público, que dançou e cantou e prestigiou o instrumental bem afinado da banda. Muito foda! Outra vez!




Depois disso tudo, ainda fomos, eu e a Liza, parar dentro do Saloon, um local fechado onde acontecia muita coisa. Música, trago, conversas, etc. ficamos por lá um tempo e quando o cansaço finalmente nos venceu, fomos p’ra barraca. Entramos no Saloon e estava escuro. Quando saímos, estava claro.

Um comentário:

marina martins disse...

Dito e feito! bah muito legal pareço estar lá lendo tudo isso demais!! E claro que não podia faltar uma leitura, pois é um dos seus vícios!!!
E sobre os Mutantes baaaah, você como um bom crítico soube expor a sua opinião de um modo que ao ler ficamos hora animados, hora nem tanto, talvez se esperava mais da banda que é normal afinal é a banda brasileira lendária e amada na tal época que não vai mais voltar!!!


Você e Liza no Saloon pelo jeito andaram deixando por lá muitas palavras e pensamentos, tantos que até chegou a raiar o dia! que maravilha!!!