Acampamento armado, “Calça Rasgada” ocupando espaços. Fomos até o “Palco do Sol”, o palco diurno e pouco menor do psicodália. De cara, a primeira banda que tivemos o imenso prazer de apreciar e curtir, foi a paulista Baratas Organolóides. E que banda! Essa eu não conhecia. Seu som me fez lembrar por instantes de uma das bandas que mais gosto atualmente, o Mars Volta. Algo de ritmos brasileiros, só que plugados, algo de jazz, certo peso no estilo King Crimson e Soft Machine. Um som garage-psicodélico mais contemporâneo, com muita energia e dissonâncias. Um batera com pegada e estilo, muito quebrado e com swing, baixo e guita entrosados e um outro guita (o de chapéu), muito bom, um dos grandes do festival. Boa presença de palco, bom vocal e belos trabalhos em coro dos vocais, cantando em três vozes, muito legal! Em suma, um dos destaques deste festival. Uma das bandas que mais gostei de ver e ouvir neste psico. Quebradeira do começo ao fim!
Caída à noite, sobe ao palco, desta vez ao “Palco do Pasto” (o palco noturno e maior, dito principal), uma das bandas que mais gosto do rock nacional no momento, e das mais esperadas por mim, a curitibana Sopro Difuso. E o que dizer desse show? Simplesmente espetacular! Um dos pontos altos do festival, só para começar a noite. A coisa estava emocionante, como sempre achei as apresentações da Sopro, só que desta vez com algumas novidades. Além das novas canções, muito boas por sinal, a presença de um guitarrista novo, o filho do Jacir (vocal e violão), que fez um belo solo ‘a la Floyd’ no show. O guri, deve ter no máximo 13 anos, e já manda muito bem na guitarra. De repente, eis que surge no palco uma belíssima negra que leva o nome de Michele Mara (de uma beleza dessas que não figuram em medíocres revistas de padronização estética) , dona de uma voz tão bela quanto sua presença, cantando junto à banda uma das minhas músicas prediletas da Sopro: “Sinal Fechado”. Deusolivre! Quase tive um treco. Coisa linda! Não tem nem como explicar o que foi aquilo. E o show continuou intenso e belo até o final. Sopro Difuso, tem letras muito boas, belas canções e o Érico e um dos melhores guitarristas do festival, que faz a guitarra chorar em solos ‘a la David Gilmour’ e arranjos muito bons, além de um grande flautista (belos arranjos também). E o que são os duetos de guitarra e flauta desta banda? Tudo muito bem casado com os vocais, baixo, bateria e o violão trabalhado de Jacir. Enfim... Sopro Difuso é vendaval!
Eliz (Epopeia) & Michele Mara
Depois foi a vez da banda nordestina, de Aracaju, Plástico Lunar, outra das mais esperadas por mim. Curtimos um monte esta banda (falo em nome da Epopeia), pelas musicas e por ter algo haver com o nosso som, tanto que fazemos uma releitura da musica “Formato Cereja”. A banda possui um dos grandes discos do rock independente nacional dos últimos anos, na minha opinião. Plástico Lunar é daquelas bandas que tem o que mostrar, fazendo um disco cheio onde todas as faixas são audíveis e tem a marca da banda. Uma banda com voz própria. Não sei se foi impressão minha, mas a banda estava menos à vontade do que o show que havia visto anteriormente no psico do carnaval. Apesar disso, foi um bom show. Belos arranjos, vocais, e músicas. Uma das bandas mais entrosadas e características do festival, que possui um belo disco recheado de grandes canções. Depois me encontrei por algumas vezes com a banda e seu produtor. Trocamos idéias, fotos e contatos. Os bichos são muito simples e legais. Espero ver a Plástico no próximo psicodália (ou antes ainda, se possível). Viva a Plástico Lunar!
Epopeia & Plástico Lunar (só faltou o Tuba), ao lado Transitions
O palco do Pasto deu um tempo para a virada de ano. A organização armou uma “ceia comunitária” para os presentes. Imaginem o que foi aproximadamente 4000 cabeças reunidas numa virada de ano de rock... ish! Fogos, tragos e abraços. Conhecidos e desconhecidos em abraços de saúde e feliz 2010, tudo muito divertido. Neste momento a falta de algumas pessoas que deveriam estar entre nós se sente mais (e a distancia e a saudade ampliam seus horizontes), assim como a presença de outras, que felizmente estão. E o mundo gira (literalmente), ainda bem! Eita trago! Depois do estouro das espumantes, das frutas, dos fogos, gritos e abraços, o espetáculo continua. Sobe ao palco a banda de “Clown Music” porto alegrense, Bandinha Di Dá Dó, para prosseguir a festa e fazer da virada algo maior ainda do que estava sendo. Já conhecia a banda do psico passado. E que festa! Que espetáculo! Canções e uma presença de palco pra lá de divertida da banda de palhaços. O povo todo cantando junto, dançando e tudo mais. Uma multidão dividindo alegria e espaço, pois “a felicidade so existe quando compartilhada” (leia-se Thoreau). Alegria e diversão. Novos desafios. Novas paixões... E o ano começa muito bem, obrigado!
Fim da empreitada, pelo menos para as bandas do “palco do Pasto”. E para fechar a noite, subiu ao palco a banda mineira de Belo Horizonte, Zé Trindade. Também já conhecia a banda do psico passado, que havia feito um dos melhores shows daquele evento. Desta vez, repetiram a dose. O show iniciou com algumas canções de viola caipira, como um blues de viola muito bom! E o show foi destruidor. Um dos grandes bateristas do festival, com um dos grandes baixistas e para concluir, um grande guitarrista, resumindo, o que chamam de “power trio”, o Zé Trindade realmente é. Muita competência, com uma presença de palco formidável. Uma porrada após a outra. Assim foi, novamente, uma das melhores apresentações do festival. Dá-lhe Zé!
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