quinta-feira, janeiro 28, 2010

Rock no Teatro

 

desConcerto no Teatro

 A banda chapecoense Epopeia lança ou relança (tratando-se desta banda, nunca se sabe, pois o inusitado sempre tem prioridade nos seus planos), seu mais recente disco, só que desta vez em um teatro. A convite do SESC, dentro do projeto ‘Enter 2010’, Epopeia fará um concerto de rock (ou seria desConcerto?), como aqueles que aconteciam com mais freqüência nos anos 60 e 70 pelos EUA, Inglaterra e outros países, inclusive no Brasil. É a ‘volta do rock ao teatro’.
O disco que a princípio leva o nome de: “em mo vi men to” (ou este não é o nome do disco? Na verdade, o ouvinte é quem decide), consiste em um ComPacto com 6 faixas, sendo uma introdução, 4 canções e uma instrumental. Feito de forma independente, o disco carrega parte do trabalho de uma das bandas mais expressivas da cidade de Chapecó e da região.
Nesta apresentação a banda tocará músicas dos dois discos que já possui, e algumas novas que já estão na fila de espera para serem gravadas. Uma apresentação, de certo modo conceitual, proliferando o rock contemporâneo produzido por aqui, com referencias garage, psicodélicas e progressivas. Compareçam ao teatro, desta vez, prestigiar o rock produzido em Chapecó.


EPOPEIA no Teatro do SESC

*lançamento do cd: em mo vi men to
- sábado dia 06, à partir das 20h
- entrada franca


esperamos vocês lá!
Rodrigo PV 
DC-Contracapa - Marcos Espíndola 
Rádio Atlântida: Marquinhos Zadinello e Juliana Giongo 
Diário do Iguaçu - Carol 
SESC - Camila & Markus
Banda Ultraleve

e aos amigos!!


obrigado!!

terça-feira, janeiro 12, 2010

Psicodália 2009-2010 (edição especial de ano novo)

Impressões e divagações...  (por  Herman ou Niko)

Saímos de Chapecó na quarta dia 30, por volta das 23:30h. Conversas, risos, tragos, dvd`s e som durante o percurso. Entre uma parada e outra para idas ao banheiro, algum café ou outro algo que sacie a fome ou vontade (no meu caso vicio), humanas. Já perto do destino, numa parada em um posto de gasolina, encontramos uma van que também seguia o mesmo rumo, e para minha surpresa, esta van levava uma das minhas bandas favoritas nacionais atualmente, a Plástico Lunar. Conversamos com o produtor da banda por um tempo - cara muito legal. Depois iríamos nos encontrar por diversas vezes na fazenda. Seguimos viagem, e por volta das 6:45 chegamos no Psicodalia. Feitos os procedimentos “legais”, estávamos todos dentro. Eu e a Liza havíamos nos inscrito para a imprensa, já que sempre fazemos fotos, textos e contatos, contribuindo de certo modo com o evento. Recebemos o “ok!” da organização, mas não sei o que houve, nosso nome não estava na lista da imprensa. Voltamos, do acampamento até a entrada do evento, conforme pedido de umas garotas da organização, por umas 3 vezes e nada. Na quarta, já havia perdido a paciência, cansado de correr e argumentar. Tudo tem limite, inclusive minha paciência (e olha que sou paciente, nisso, pelo menos). Tentamos encontrar a responsável, como sugerido pelas garotas da portaria, mas nada. Da terceira vez, levamos junto até o PV (Rodrigo), um amigo que foi conosco e que também se inscreveu na imprensa, pois tem site e tal, para comprovar que tínhamos um trabalho desenvolvido e que havíamos nos inscrito também, mas não foi o suficiente. Então desistimos. “Maldita burocracia”, aflige também o dito “universo independente”. Faltou, creio, um pouco de confiança e bom senso por parte de alguém ali. Apesar dos pesares, as fotos e textos estão aqui, e se não foram melhores, foi devido a um erro que não foi nosso, pois fizemos tudo como foi pedido. Então se o erro não foi nosso, não devíamos também ter sido os que correram atrás do conserto deste erro, não acham? Mas fazer o que, nem sempre a justiça prevalece (ou quase nunca).
Pensava que o local não seria tão bom quanto era em São Martinho, no vale, mas já na caminhada de reconhecimento (que tradicionalmente faço quando acampo), percebi quão grande e bonito era aquele lugar. No fim, achei melhor ainda do que quando era em São Martinho. Uma fazenda gigante, de um tal Evaristo. “Lugar do caralho!”. Encontramos uma boa sombra para montar o acampamento e montamos. Ao contrario dos acampamentos nomeados pela organização do evento, o nosso tinha um nome próprio, dado por nos mesmos. Portanto, quando alguém nos perguntava onde estávamos acampados, a resposta era: “la no Calça Rasgada”, o mais clandestino dos acampamentos – éramos os amotinados. Tínhamos ate uma bandeira própria e um líder messiânico (líder não sei do que, mas tínhamos), o “Otavio Conselheiro”, também conhecido – e só por nos - como “Transitions”. 

Otávio Conselheiro (o Transitions)         Os amotinados do 'Calça Rasgada' e o Poeta (Evaristo), o fazendeiro

Pontos positivos, vários. A começar pelo público, que sempre dá um show à parte, mostrando que a tolerância ao diferente constrói um mundo melhor e mais colorido. A organização também, melhora a cada festival. As bandas, o som, a alimentação, muito bons! Eu sempre digo, grande parte dos técnicos de som da minha cidade e parte das bandas, deveriam ir ao psicodalia para aprender algumas coisinhas essenciais. O festival tomou proporções grandes. Desta vez foram mais de 4000 pessoas reunidas em 5 dias de rock e boa convivência. Enfim... Elogiar não precisa muito, pois são nos erros e faltas que se aprende, e neste sentido, criticar é colaborar na construção.
Pontos negativos, apesar de poucos, existem (e creio que sempre existirão), mas também creio, que alguns podem ser saneados. No último dia, os banheiros se tornaram inutilizáveis, e quem precisou deles para as necessidades básicas, teve que procurar o mato. Outra coisa foi o problema das dálias (o dinheiro local – o que é algo muito interessante!), que se repete outra vez. No último dia, muitos comércios internos já não aceitavam as dálias, e outros ainda não as trocavam. Fazer o que então? Um furo aí, que gera certo incômodo, mas que pode ser consertado, para o bem de todos e de tudo. Acho também que deveria haver uma espécie de rodízio de bandas. Existem muitas bandas boas que gostariam de tocar em eventos deste porte, com esta estrutura e público sensacional. Seria uma oportunidade para outras bandas mostrarem seu trabalho e serem conhecidas, motivando a continuidade de seus projetos. Acho isso essencial no mundo independente. Nós mesmos já tentamos conseguir um espaço. Algumas até valem a repetição, mas seria interessante inovações neste sentido. Enfim...






Quinta, 31/12/09 - a virada!

Acampamento armado, “Calça Rasgada” ocupando espaços. Fomos até o “Palco do Sol”, o palco diurno e pouco menor do psicodália. De cara, a primeira banda que tivemos o imenso prazer de apreciar e curtir, foi a paulista Baratas Organolóides. E que banda! Essa eu não conhecia. Seu som me fez lembrar por instantes de uma das bandas que mais gosto atualmente, o Mars Volta. Algo de ritmos brasileiros, só que plugados, algo de jazz, certo peso no estilo King Crimson e Soft Machine. Um som garage-psicodélico mais contemporâneo, com muita energia e dissonâncias. Um batera com pegada e estilo, muito quebrado e com swing, baixo e guita entrosados e um outro guita (o de chapéu), muito bom, um dos grandes do festival. Boa presença de palco, bom vocal e belos trabalhos em coro dos vocais, cantando em três vozes, muito legal! Em suma, um dos destaques deste festival. Uma das bandas que mais gostei de ver e ouvir neste psico. Quebradeira do começo ao fim!




Caída à noite, sobe ao palco, desta vez ao “Palco do Pasto” (o palco noturno e maior, dito principal), uma das bandas que mais gosto do rock nacional no momento, e das mais esperadas por mim, a curitibana Sopro Difuso. E o que dizer desse show? Simplesmente espetacular! Um dos pontos altos do festival, só para começar a noite. A coisa estava emocionante, como sempre achei as apresentações da Sopro, só que desta vez com algumas novidades. Além das novas canções, muito boas por sinal, a presença de um guitarrista novo, o filho do Jacir (vocal e violão), que fez um belo solo ‘a la Floyd’ no show. O guri, deve ter no máximo 13 anos, e já manda muito bem na guitarra. De repente, eis que surge no palco uma belíssima negra que leva o nome de Michele Mara (de uma beleza dessas que não figuram em medíocres revistas de padronização estética) , dona de uma voz tão bela quanto sua presença, cantando junto à banda uma das minhas músicas prediletas da Sopro: “Sinal Fechado”. Deusolivre! Quase tive um treco. Coisa linda! Não tem nem como explicar o que foi aquilo. E o show continuou intenso e belo até o final. Sopro Difuso, tem letras muito boas, belas canções e o Érico e um dos melhores guitarristas do festival, que faz a guitarra chorar em solos ‘a la David Gilmour’ e arranjos muito bons, além de um grande flautista (belos arranjos também). E o que são os duetos de guitarra e flauta desta banda? Tudo muito bem casado com os vocais, baixo, bateria e o violão trabalhado de Jacir. Enfim... Sopro Difuso é vendaval!


Eliz (Epopeia) & Michele Mara


Depois foi a vez da banda nordestina, de Aracaju, Plástico Lunar, outra das mais esperadas por mim. Curtimos um monte esta banda (falo em nome da Epopeia), pelas musicas e por ter algo haver com o nosso som, tanto que fazemos uma releitura da musica “Formato Cereja”. A banda possui um dos grandes discos do rock independente nacional dos últimos anos, na minha opinião. Plástico Lunar é daquelas bandas que tem o que mostrar, fazendo um disco cheio onde todas as faixas são audíveis e tem a marca da banda. Uma banda com voz própria. Não sei se foi impressão minha, mas a banda estava menos à vontade do que o show que havia visto anteriormente no psico do carnaval. Apesar disso, foi um bom show. Belos arranjos, vocais, e músicas. Uma das bandas mais entrosadas e características do festival, que possui um belo disco recheado de grandes canções. Depois me encontrei por algumas vezes com a banda e seu produtor. Trocamos idéias, fotos e contatos. Os bichos são muito simples e legais. Espero ver a Plástico no próximo psicodália (ou antes ainda, se possível). Viva a Plástico Lunar!


Epopeia & Plástico Lunar (só faltou o Tuba), ao lado Transitions


O palco do Pasto deu um tempo para a virada de ano. A organização armou uma “ceia comunitária” para os presentes. Imaginem o que foi aproximadamente 4000 cabeças reunidas numa virada de ano de rock... ish! Fogos, tragos e abraços. Conhecidos e desconhecidos em abraços de saúde e feliz 2010, tudo muito divertido. Neste momento a falta de algumas pessoas que deveriam estar entre nós se sente mais (e a distancia e a saudade  ampliam seus horizontes), assim como a presença de outras, que felizmente estão. E o mundo gira (literalmente), ainda bem! Eita trago! Depois do estouro das espumantes, das frutas, dos fogos, gritos e abraços, o espetáculo continua. Sobe ao palco a banda de “Clown Music” porto alegrense, Bandinha Di Dá Dó, para prosseguir a festa e fazer da virada algo maior ainda do que estava sendo. Já conhecia a banda do psico passado. E que festa! Que espetáculo! Canções e uma presença de palco pra lá de divertida da banda de palhaços. O povo todo cantando junto, dançando e tudo mais. Uma multidão dividindo alegria e espaço, pois “a felicidade so existe quando compartilhada” (leia-se Thoreau). Alegria e diversão. Novos desafios. Novas paixões... E o ano começa muito bem, obrigado!





Fim da empreitada, pelo menos para as bandas do “palco do Pasto”. E para fechar a noite, subiu ao palco a banda mineira de Belo Horizonte, Zé Trindade. Também já conhecia a banda do psico passado, que havia feito um dos melhores shows daquele evento. Desta vez, repetiram a dose. O show iniciou com algumas canções de viola caipira, como um blues de viola muito bom! E o show foi destruidor. Um dos grandes bateristas do festival, com um dos grandes baixistas e para concluir, um grande guitarrista, resumindo, o que chamam de “power trio”,  o Zé Trindade realmente é. Muita competência, com uma presença de palco formidável. Uma porrada após a outra. Assim foi, novamente, uma das melhores apresentações do festival. Dá-lhe Zé!




Sexta, 01/01/2010







Depois da Fantástica virada de ano e boas-poucas horas de sono, e tudo mais, levantamos perto do meio dia: banheiro, almoço e palco. Chegamos no ‘palco do Sol’, para ver a banda curitibanda Trem Fantasma. Já conhecia a banda de outros psicodálias e de algum contato pela net. Subiram ao palco e deixaram sua marca, com uma pegada, belos timbres e riffs de guitarra ‘a la’ Cream, Slade e Allman Brothers. Destaque para o guita, que manda bem. Depois conversei com o cara, muito gente boa! Bela apresentação, como a do psicodália anterior, que mexeu com o público e fez jus ao que estava acontecendo na fazenda.








Passaram-se alguns minutos, e como também sou psicodélicamente humano, fui comprar uma gelada. Sentei na sombra de algumas árvores com o povo da ‘calsa rasgada’ para relaxar um pouco, até que começasse a próxima banda. A banda paulista Massahara subiu no palco, tocando seu hard rock setentista, com muito estilo e competência. Belos riffs e uma pegada hard para ninguém ficar alheio. O baixista estava um pouco ‘a pé’ de instrumentos (leia-se fotos abaixo). E o rock comeu solto.





Depois, voltamos as barracas, descansar, comer algo, banho, etc. Já estava escurecendo quando começou no ‘palco do Pasto’ a banda de Curitiba, do xará- guitarrista e vocal Hermann, Mesa Girante. A banda fez uma apresentação boa, como da outra vez que a vi. Gostamos, eu e a Liza, muito da música ‘Assombrações’, uma bela canção com pegada blues e um clima jazzístico soturno. A platéia correspondeu cantando junto algumas canções. Destaco as belas composições, os serenos e belos arranjos de guitarra do Hermann e os solos e arranjos de harmônica (o cara toca muito!). Depois, por algumas vezes encontrei o xará por lá com a vocal, sua companheira (a mina alcança um agudo que se confunde com o agudo do wah da guita, nossa!), sempre simpático e divertido, além de talentoso (também, com um nome desses, não poderia ser diferente, não é? Hehe!).








Em seguida subiu ao palco a banda, já ‘clássica’ também no festival, O Sebbo. A banda fez uma apresentação boa, com suas músicas cantadas pelo público e tudo mais. Mas algo havia mudado. Sim, Hermann (o xará), saiu da banda, sendo substituído por um guita, a altura, diga-se de passagem. O bicho toca bem também, só que com uma pegada pouco mais pesada. O batera é novo também, e entrou no lugar daquele que era um dos maiores bateras do festival. Mesmo não sendo fácil, o cara mandou bem. Mas, se dissesse que o batera anterior não fez falta, estaria mentindo. E senti falta também do vocal do Hermann, se bem que o tecladista canta e toca muito! Uma bela apresentação, diferente eu diria. Talvez a mudança tenha dado uma balançada na banda, mas O Sebbo, ganha muito com suas belas composições.









A próxima apresentação foi a da banda também curitibana Sopa. Já conhecia a banda dos outros psicodálias, e só posso dizer que suas apresentações são sempre boas. Uma banda que enche o palco com seus vários membros e instrumentos. Uma banda boa de se assistir, pois tem uma boa presença de palco, usa cores e a vocal é a melhor interprete feminina das bandas na minha opinião. Tem um vocal estridente, mas que combina com a proposta da banda e com ela mesma. O baterista é o Ivan (vocal-flauta do Confraria da Costa), e também canta. Uma das bandas mais competentes no palco. Baita show, outra vez.
 




Chegou a hora de uma das bandas mais esperadas do festival. Não por mim, confesso, a porto alegrense Pata de Elefante. Mas mudei de idéia durante o show. Os caras denotam, literalmente! Já conhecia a banda ao vivo. A primeira vez que a vi, foi em Passo Fundo/RS, no festival Armênios On Fire, há alguns anos. Depois, no psicodália passado, no carnaval. E os dois foram grandes shows. Não é por nada que é uma das bandas mais cultuadas do rock instrumental. Uma cozinha simples, mas de primeira, que deixa o guitarrista nas nuvens para tocar. E o bicho, o guita, toca. Toca demais! Uma grande apresentação que fez o público vibrar. E eu vibrei também! Nem fotos tirei, acabei esquecendo, acho... hehe! ‘Do cão!’


Depois da detonação do Pata, foi a vez de uma das bandas, também mais esperadas do festival, a curitibana Blindagem. Também já vi Blindagem uma vez aqui em Chapecó. E na época, tinha sido um belo show, só que com o Ivo Rodrigues (vocal), meio ‘malecho’. A banda tocou clássicos de sua carreira, como ‘Gaivota’, do primeiro disco, com um belo e longo solo de guitarra ‘a la’ Floyd. Tenho este disco em vinil. Conheci a banda em meados dos anos 90, quanto tocávamos em um festival em Francisco Beltrão/PR, e ganhei o disco de um amigo de uma antiga banda de lá. Músicas de outros discos, com ‘Dias Incertos’, foram tocadas e cantadas em coro pela multidão. Agora, o cume, o gozo, o ápice do festival, pelo menos para mim (e creio que para grande parte dos presentes), foi quando subiu novamente ao palco a belíssima Michele - que já havia cantado no show da Sopro Difuso - e sua voz magnífica, e cantou junto como o Ivo (outro grande vocal), e em coro com a multidão, o clássico dos Beatles, na versão de Joe Cocker, cantada na Woodstock em 1969: With A Little Help From My Friends. Só estando lá pra crer. Emocionante! Dois dos melhores vocais do festival cantando isso com todo o sentimento, ish! Minha boca salgada! E pra não deixar barato, na seqüência mandaram a música ‘Loba da Estepe’. Sem chance! Foi de perder a voz e o rumo. Mas o ‘espetáculo’ não havia terminado. O Ivo largou a voz para o ‘Pato’ Romero, um dos maiores bateristas de rock do Sul do país, que segurou a onda. Nisso, tocaram até alguns cover’s clássicos do rock mundial: Deep Purple, Led Zeppelin e Stepenwolf. E o bicho fez um solo de batera que, ‘sai de baixo!’ Em suma, um dos melhores shows que já vi no psicodália.










quinta-feira, janeiro 07, 2010

Sábado, 02/01/2010:

            No sábado, o rock começou cedo no ‘palco do Sol’. Eram aproximadamente 14h quando a banda de Londrina/PR Mescalha subiu ao palco. Sentamos na grama, como de costume, em frente a este palco diurno, para beber, conversar, fotografar e prestigiar a banda. Mas não deu para ficar sentados. Uma porrada após a outra. Que energia! A banda toca um rock setentista com um pegada garageira ‘a la’ MC5. ‘Do cão!’ Um grande batera, um grande baixista e um guitarrista muito virtuoso, somados a um vocal bom e que tem boa interpretação, dão a banda uma competência explosiva. Destaco o guitarrista que detona (um dos grandes do festival), e a presença de palco assombrosa da banda, o que fez o público vibrar. Show foda!




            Depois da porrada sonora do Mescalha, tive que descer até a barraca. Necessidades básicas, compreendem? Demorei um pouco por lá e depois mais um pouco no banheiro e acabei perdendo o show da Cosmo Drah. Conheço a banda pela net. Só pude ouvir de longe um cover da banda setentista brasileira A Bolha, e de cara tive a impressão de ser a Cosmo Drah tocando.
            N’um momento, passei a mão em um livro do Neruda que me acompanhava, um caderno de anotações e caneta e fui sentar perto do lago, para ler um pouco de poesia e tentar escrever algo. Não sai nada que prestasse. Mas ler Neruda foi bom! Precisava deste tempo com a solidão. Depois fui caminhar. Chegando próximo ao palco do Pasto, lá estava o palhaço-vocal e acordeonista da Bandinha Di Dá Dó, fazendo uma apresentação na grama, junto ao público que o cercava. O homem banda, acompanhado de seu cão, com seu acordeom, seus apitos e percussões acopladas pelo corpo (uma engenhoca que funciona, e muito bem!), fez sua apresentação festiva-participativa. Muito legal e divertido. Por alguns instantes, uma apresentação de rua, musical-teatral, fez risos crescerem. E entre aplausos e a participação do povo, o clown deu seu show.
 



            Quando voltei para o palco, estava se preparando para tocar a banda O Conto. Vi parte do show. Gostei. Foi quase como o do carnaval. Belas músicas e arranjos do guitarrista e tecladista, que tocam muito bem e são criativos. Klaus, o batera, violão, trompete e flauta, é um dos organizadores do festival, e manda bem dentro da banda. A banda fez um bom show, onde a galera cantou junto parte do repertório já conhecido.




            Caída a noite, no dia mais esperado por muitos, o dia dos Mutantes subirem ao palco. Nos arrumamos cedo, depois de um breve descanso nas barracas. Jantamos e fomos perto do ‘palco do Pasto’. A primeira banda a se apresentar foi a ‘clássica’ dentro do festival, de Itajaí/SC, Casa de Orates. Não vi direito o show, pois estava um pouco mais longe do que geralmente costumo ficar, que é bem próximo do palco. Mas pelo que vi/ouvi, posso dizer que a banda mantém certa competência. Casa de Orates é uma banda cênica, além de musical, e fez uma apresentação boa, como sempre. Já vi/ouvi 5 vezes a banda tocar, sendo uma em Chapecó e 4 no psicodália, e destes shows, pouco mudou um do outro. Fotografei, mas não salvei nenhuma foto (por causa da distância).
            Na seqüência, seria a vez da banda Gato Preto. Mas houve algo que deixou a banda para depois dos Mutantes. Demorou um tanto e a banda mais esperada pela maioria, creio, Os Mutantes, subiu ao palco. Fiquei o mais próximo que pude, nomeio da multidão. O show, foi digamos, bom! Não gostei muito do repertório apresentado nem de alguns timbres de guitarra. Fora isso, o show foi bom. Destaque para o grande batera Dinho, que tocou muito! O show gira muito em torno do Sergio Dias. Mesmo não sendo para mim o show mais esperado do evento, nem o melhor, cantei junto ‘El Justiciero’, ‘Balada do Louco’, ‘A hora e a vez do cabelo crescer’ e ‘Jardim Elétrico’ (o ápice do show na minha opinião). Até fiquei surpreso quanto tocaram. Foram felizes na escolha das músicas do disco novo, pois tocaram umas 4, das melhores. Não gostei da versão pop de ‘Ando meio desligado’, e fiquei feliz ouvindo ‘Panis et Circenses’. Foi um show mais comportado, com alguns efeitos na guitarra do Sergio Dias. Vi um show dele n’um dos psicodálias já, e a coisa foi meio parecida. Senti falta dos moogs e sintetizadores, da Simone (percussionista), e principalmente do Arnaldo Baptista. N’um momento, parte da platéia gritou em coro: ARNALDO, ARNALDO!!! Foi um belo show, da banda mais importante do rock nacional, mesmo não sendo mais a mesma.




            Depois dos Mutantes, foi a vez de outra banda ‘clássica’ do festival, a Gato Preto (opa!, ex-Gato Preto). A banda mudou o nome para Confraria da Costa, por alguns motivos que, por mais que foram explicados, acabei não compreendendo. Gostava do nome Gato Preto, do símbolo e tudo mais. Sou admirador confesso dos piratas e suas histórias ultramarinas. O certo é que o nome não interfere no som, e novamente o Gato... ops! desculpem! a Confraria da Costa fez um baita show. Os Mutantes, foi um show mais harmonizante, digamos, onde se cantou no meio de lágrimas e sussurros. Uma responsabilidade subir no palco depois dessa histórica banda. Mas, como canta o próprio Confraria: ‘Coisas piores acontecem no mar’. O caos voltou ao palco, para minha satisfação. Musicas embaladas pelo canto dos piratas, muito rum e suor. Dancei até não agüentar mais, bicando minha garrafa de seleta (cachaça mineira da boa!), cheguei a esquecer das fotos (hehe!).  Cantei muito... ‘deveras p’ra caralho!’. Destaque para a presença de palco - uma das melhores de todo o festival - para o Abdul (grande batera!), o violinista (que figura!), o guita jazzístico, o Ivan nos vocais roucos de rum e sua flauta... ufa! Enfim, uma banda que oferece um clima anárquico ao público e local, e me faz lembrar de uma banda que gosto muito, a ‘Gogol Bordello’, além da alegria de estar compartilhando a felicidade com o outro. ‘Viva a Confraria da Costa!’
Para encerrar a noite, subiu ao palco a banda paranaense de Ponta Grossa, Cadillac Dinossauros, num belo show. Como das outras vezes, Cadillac mostrou muita competência e boa presença de palco no festival. Tocou musicas novas do novo disco, e me parece que está de baterista novo também. Uma grande apresentação para encerrar esta, que foi a última noite do festival, e de certo modo, entristecer o público, que no dia seguinte, iria embora. Cadillac Dinossauros fez sua parte, levando diversão e balanço para o público, que dançou e cantou e prestigiou o instrumental bem afinado da banda. Muito foda! Outra vez!




Depois disso tudo, ainda fomos, eu e a Liza, parar dentro do Saloon, um local fechado onde acontecia muita coisa. Música, trago, conversas, etc. ficamos por lá um tempo e quando o cansaço finalmente nos venceu, fomos p’ra barraca. Entramos no Saloon e estava escuro. Quando saímos, estava claro.