domingo, fevereiro 21, 2016

Psicodália, um lugar onde você pode ser você mesmo... Parte II



Domingo, 07/02

Epopeia, 1h.

Chegou o nosso dia. Acordamos empolgados, com as energias cintilando e o espírito alegre para subir ao Palco do Sol do Psicodália 2016. E foi o que fizemos. Chegamos na fazenda e fomos direto para o palco. Conversamos com a responsável pelas apresentações para as devidas orientações, depois subimos para passar o som. E que som! Palco grande e som de qualidade, além do bom tratamento e boa relação com a organização e técnicos de palco e som. Nunca ouvi tão bem os instrumentos e voz em som potente como desta vez. Pessoal muito competente e simpático. Profissionalismo! Além da qualidade das bandas e composições, esta boa relação, este bom ‘trabalho em equipe’, entre organização, som e artistas, faz com que o Psicodália seja um lugar em que se respeita sob tudo, o público e a arte. E isso é fundamental. Faz com que o festival seja o que é, um sucesso de público e atrações. Já toquei em festivais e eventos que além do som ser ruim os organizadores nem aparecem para falar com os artistas, em que os técnicos de som parecem querer ficar mais em evidência do que a banda. E isso é terrível. Mas, no caso do Psicodália, a coisa é bem diferente.



Som passado, pausa para uma cervejinha, relaxamento e concentração no camarim. Fomos anunciados e então começa o ‘ato’. ‘Iniciamos os trabalhos’ no domingo de Psicodália. Subimos ao palco com muita disposição e energia e fizemos o que sabemos da forma que praticamos e com a maior naturalidade possível, e aconteceu. Epopeia fez jus a grandiosidade do festival e das demais atrações do seu set. Tocamos quase todo o repertório do DVD/filme ‘A vida é agora!’. Erramos na nossa organização do tempo e 2 músicas ficaram de fora, quebrando um pouco o que tínhamos preparado. Mas, mesmo assim, tocamos com toda nossa energia e sinceridade, levando nossas músicas ao público, seguindo a ideia que temos como título de uma das nossas músicas e do DVD, independente de qualquer mudança repentina: ‘A vida é agora!’. Diferente da edição 2012/13 em que tocamos, desta vez contamos com um quinto elemento, o amigo (gente finíssima!) Rodrigo Nickel (ex-Goya) no saxofone, o que deu uma vibe jazzística para algumas músicas (assim como é no DVD). Rodrigo é uma figura bem conhecida no festival por tocar nele já a alguns anos e em outras bandas, além de ser companheiro da querida Manuela, uma das ‘antigas’ organizadoras do Psicodália. A partir de um único ensaio feito aqui em Chapecó, onde Rodrigo e Manuela vieram nos visitar, ensaiar e curtir a cidade conosco, afinamos o repertório. E foi demais! Nisso, agradecemos mais uma vez a parceria do Rodrigo (grande músico!), dos amigos que prestigiaram e registraram material para a banda, a organização pelo convite, e ao público presente que curtiu mais esta Epopeia. Que venham outras!

































(fotos Epopeia: por Lucas Cruz)


Logo depois da nossa apresentação, subiu ao palco a banda Gentileza que fez uma belíssima apresentação. Pena que não podemos registrar em fotos, pois estávamos na troca de bandas, descansar um pouco, curtir um tempo no camarim, comer e beber algo, guardas os instrumentos, etc. Mesmo assim podemos ouvir e ver um pouco da bela apresentação da banda Gentileza. Fica o registro. Tudo organizado, saímos para dar um role pela fazenda. Pessoas que viram o show da Epopeia vinham nos saudar e conversar conosco. Isso é muito gratificante e indica que demos conta do recado. Fazer novas amizades e contatos no meios artístico-musical é sempre um bom resultado. Um dos bons motivos, além da necessidade de livre expressão e amor pela arte e música, para continuar tocando, compondo e produzindo.

Nave Maria, 16h.

Depois de algum tempo, voltamos para o Palco do Sol assistir e fotografar a banda Nave Maria que também fez um baita show! Algo de progressivo e música brasileira na sonoridade, boas letras e comunicação com o público. Um som muito bem arranjado, belos timbres e boas linhas de baixo do Alexandre Osiecki (um dos organizadores do Psicodália). Guitarra envenenada. Bateria e percussão com um ‘Q’ tribal. Saxofone swingado do Rodrigo Nickel. Atitude e beleza na voz feminina que tem uma presença bem condizente com o som da banda. Já conhecia o som da banda pela internet. Mas nada como ver e ouvir ao vivo. Coisa fina de se ver/ouvir! Um belo show de belas composições para um dia intenso e feliz...





























Violeta de Outono, 17:30h.

Continuando as atrações do Palco do Sol, uma banda que conheço faz muito tempo e também já ouvi muito. E o show? Bem...  Juro que não esperava tanto! Gosto da banda em estúdio, mas vendo/ouvindo ao vivo, foi outra coisa. Que show bem executado! Som limpo, complexo embora simples. Sim, parece confuso, eu sei. Mas, é isso mesmo! Não sei dizer diferente. Baixo e bateria numa sincronia refinada, sutil. Vocais sutis e poéticos. Teclados e guitarra envolventes com sonoridade Pink Floydiana. Muito reverb e delay (coisas que particularmente adoro!). Um baita show! A banda cria um clima que lembra muito o clima criado por bandas como Pink Floyd. Não que a musicalidade tenha tanta semelhança, mas é a sonoridade, a amplitude do som, da música. Violeta de Outono trouxe calmaria e ao mesmo tempo pitadas homeopáticas de caos. Me deliciei ouvindo e tendo sensações. Um show inspirador que faz transcender.

Vale o registro: ‘O guitarrista e vocal da Violeta de Outono tocou guitarra num dos grandes shows da história do Psicodália, e um dos mais incríveis que já pude ver, o show da banda Gong, numa das edições do festival. Algo inesquecível!’

Terminado o show, fomos para a coletiva de imprensa com a banda que preferiu fazer ao ar livre. Então pude perguntar, registrar, conhecer e conversar com estes músicos desta banda muito significativa na história do rock nacional. Viva Violeta de Outono!
































Scarlett, 17h. (Palco Livre)

Depois da coletiva de imprensa fomos até o CTG, onde fica a praça de alimentação e o Palco Livre, e lá estava tocando a banda Scarlett. Já conhecia a banda de outras feitas. Scarlett faz um som de caráter, dá pra se dizer, setentista, com muita pegada e feeling. Uma bela apresentação, como das outras vezes e lugares em que vi a banda. Depois do Palco Livre mais uma caminhada para fotos, cerveja, sombra e conversa com velhos e novos amigos/as pela fazenda. Curtir o magnífico clima do lugar. Logo mais a noite, o Palco Lunar abriria com a banda curitibana, a ‘clássica’ Blindagem.




Blindagem, 21h.

Cai a noite e a banda Blindagem, que pude ver numa das edições passadas do Psicodália, sobe ao palco. Desta vez sem o mestre e grande vocal Ivo Rodrigues que nos deixou (e deixou sua voz e seu talento registrado nos bons discos e shows da Blindagem). A coletiva de imprensa foi antes do show. Nela, conversamos sobre a banda e sua trajetória, sobre o festival, a cena do rock no Sul, em que Blindagem é uma das bandas mais significativas (historicamente falando) representantes, e conhecemos o novo vocalista, o que me deixou curioso, pois, subir ao palco na banda onde o ‘grande’ Ivo Rodrigues cantava, não é nada mole. O ‘garoto’ (novo vocal) demonstrou muita segurança quanto a isso na coletiva de imprensa. E a banda estava alegre, divertida. Trocamos algumas palavras em particular depois da coletiva. Já havíamos visto outros shows da Blindagem, inclusive, um em Chapecó, anos atrás, ainda com o Ivo. Começa o show e logo de cara a impressionante semelhança do timbre e força da voz do novo vocal com a do Ivo Rodrigues. E o garoto mandou bem. Fez o ‘dever de casa’ e somou no belo show cheio de ‘hits’ do Blindagem. Um show de rock e regionalismo, onde o grande público cantou junto a maior parte das canções. Clássicas canções do primeiro disco com letras de Ivo Rodrigues em parceria com o grande poeta Paulo Leminski, entre outras. Um belo show, como haveria de ser. A alma de Ivo Rodrigues continua presente nas composições e sonoridade da banda, assim como na memória e no coro de vozes dos que como ele amam cantar. E a Blindagem continua ativa, resistente, levando sua boa música aos que ainda cantam a vida.



















John Kay & Steppenwolf, 23h.

Depois do memorável show da Blindagem, sobe ao palco a ‘atração internacional’ desta edição do Psicodália, John Kay e Steppenwolf. Confesso que não esperava muito do show. Uma que não sou fã da banda, musicalmente falando, porém, a conheço faz muito tempo, ouvi alguns discos e até gosto dela. Dentro da minha perspectiva, foi um bom show. Inegável que a banda é muito competente. Qualidade de som, músicos afinadíssimos e tudo mais. Mas o que mais me chamou a atenção foi a belíssima voz de John Kay. Brinquei com amigos dizendo que ‘ele poderia ou deveria cantar blues’ pelo vozeirão grave e rouco que possui. Uma voz forte, bem típica dos bluseiros. Um show bem tocado e com alguns clássicos da banda. Mais pro final do show a música-hino ‘Born to be wild’ que ficou muito famosa sendo trilha do filme Easy Rider, tendo o refrão cantado em coro por parte do público presente. A banda tem todo o meu respeito, a começar pelo seu nome (‘Lobo da Estepe’ é um dos livros de Hermann Hesse que li na adolescência e depois reli e reli, e que me despertou para várias questões da vida, estando entre um dos meus preferidos na literatura internacional), e a consideração da galera que curte sua história e seu ‘engajamento’ político e social com os anseios da juventude dos anos 60 e 70. Acabei curtindo quase todo o show que, foi também um belo show, independente do gosto.

















Cadillac Dinossauros, 1h.

Apresentando uma nova estética de palco, como uma nova linguagem, a já também ‘clássica’ no festival (toca todo ano no festival, desde quando ele acontecia em São Martinho) Cadillac Dinossauros, mais uma vez, fez um show competente e cheio de energia. Seu estilo ou musicalidade mudou razoavelmente desde os primeiros shows e discos que vi/ouvi da banda, que tinham uma levada mais dançante, com elementos soul, e menos peso. Hoje a banda está mais pesada e ‘hard’ na sua sonoridade e com um amadurecimento no conteúdo, ou seja, nas letras que, abordam com certa ‘ironia’ e crítica a questão sociocultural. Um bom show, como fora das outras vezes que vi a banda. 


























Não ficamos até o final pois tivemos um dia bem intenso tanto de shows quanto de diversão. Então fomos sentar um pouco. Queria voltar para ver a banda Terra Celta, mas acabamos, depois de mais algumas fotos e de comer algo, voltando para a pousada. Mas antes disso, passamos pela Rádio Kombi e Bar da Virada para tomar a saideira. Rolava uma festa ao som da música cigana de Goran Bregovic. Acabamos pegando o embalo e dançando um tanto também, até soar e cansar de fato. Agora sim! Pousada, lá vamos nós...
















Assim terminou nosso domingo e iniciou nossa segunda, que teria mais um dia cheio de boas atrações, sendo duas delas, das mais esperadas por nós, a grande banda Cidadão Instigado e a magnífica Elza Soares...

















Continua...



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