Domingo,
07/02
Epopeia, 1h.
Chegou o nosso dia. Acordamos empolgados, com
as energias cintilando e o espírito alegre para subir ao Palco do Sol do
Psicodália 2016. E foi o que fizemos. Chegamos na fazenda e fomos direto para o
palco. Conversamos com a responsável pelas apresentações para as devidas orientações,
depois subimos para passar o som. E que som! Palco grande e som de qualidade,
além do bom tratamento e boa relação com a organização e técnicos de palco e
som. Nunca ouvi tão bem os instrumentos e voz em som potente como desta vez. Pessoal
muito competente e simpático. Profissionalismo! Além da qualidade das bandas e
composições, esta boa relação, este bom ‘trabalho em equipe’, entre organização,
som e artistas, faz com que o Psicodália seja um lugar em que se respeita sob
tudo, o público e a arte. E isso é fundamental. Faz com que o festival seja o
que é, um sucesso de público e atrações. Já toquei em festivais e eventos que
além do som ser ruim os organizadores nem aparecem para falar com os artistas,
em que os técnicos de som parecem querer ficar mais em evidência do que a
banda. E isso é terrível. Mas, no caso do Psicodália, a coisa é bem diferente.
Som passado, pausa para uma cervejinha, relaxamento
e concentração no camarim. Fomos anunciados e então começa o ‘ato’. ‘Iniciamos
os trabalhos’ no domingo de Psicodália. Subimos ao palco com muita disposição e
energia e fizemos o que sabemos da forma que praticamos e com a maior
naturalidade possível, e aconteceu. Epopeia fez jus a grandiosidade do festival
e das demais atrações do seu set. Tocamos quase todo o repertório do DVD/filme
‘A vida é agora!’. Erramos na nossa organização do tempo e 2 músicas ficaram de
fora, quebrando um pouco o que tínhamos preparado. Mas, mesmo assim, tocamos
com toda nossa energia e sinceridade, levando nossas músicas ao público,
seguindo a ideia que temos como título de uma das nossas músicas e do DVD,
independente de qualquer mudança repentina: ‘A vida é agora!’. Diferente da
edição 2012/13 em que tocamos, desta vez contamos com um quinto elemento, o
amigo (gente finíssima!) Rodrigo Nickel (ex-Goya) no saxofone, o que deu uma
vibe jazzística para algumas músicas (assim como é no DVD). Rodrigo é uma figura
bem conhecida no festival por tocar nele já a alguns anos e em outras bandas,
além de ser companheiro da querida Manuela, uma das ‘antigas’ organizadoras do
Psicodália. A partir de um único ensaio feito aqui em Chapecó, onde Rodrigo e
Manuela vieram nos visitar, ensaiar e curtir a cidade conosco, afinamos o
repertório. E foi demais! Nisso, agradecemos mais uma vez a parceria do Rodrigo
(grande músico!), dos amigos que prestigiaram e registraram material para a
banda, a organização pelo convite, e ao público presente que curtiu mais esta
Epopeia. Que venham outras!
(fotos Epopeia: por Lucas Cruz)
Logo depois da nossa apresentação, subiu ao
palco a banda Gentileza que fez uma
belíssima apresentação. Pena que não podemos registrar em fotos, pois estávamos
na troca de bandas, descansar um pouco, curtir um tempo no camarim, comer e
beber algo, guardas os instrumentos, etc. Mesmo assim podemos ouvir e ver um
pouco da bela apresentação da banda Gentileza. Fica o registro. Tudo
organizado, saímos para dar um role pela fazenda. Pessoas que viram o show da
Epopeia vinham nos saudar e conversar conosco. Isso é muito gratificante e
indica que demos conta do recado. Fazer novas amizades e contatos no meios
artístico-musical é sempre um bom resultado. Um dos bons motivos, além da
necessidade de livre expressão e amor pela arte e música, para continuar
tocando, compondo e produzindo.
Nave Maria, 16h.
Depois de algum tempo, voltamos para o Palco
do Sol assistir e fotografar a banda Nave Maria que também fez um baita show!
Algo de progressivo e música brasileira na sonoridade, boas letras e comunicação
com o público. Um som muito bem arranjado, belos timbres e boas linhas de baixo
do Alexandre Osiecki (um dos organizadores do Psicodália). Guitarra envenenada.
Bateria e percussão com um ‘Q’ tribal. Saxofone swingado do Rodrigo Nickel.
Atitude e beleza na voz feminina que tem uma presença bem condizente com o som
da banda. Já conhecia o som da banda pela internet. Mas nada como ver e ouvir
ao vivo. Coisa fina de se ver/ouvir! Um belo show de belas composições para um
dia intenso e feliz...
Violeta de
Outono,
17:30h.
Continuando as atrações do Palco do Sol, uma
banda que conheço faz muito tempo e também já ouvi muito. E o show? Bem... Juro que não esperava tanto! Gosto da banda
em estúdio, mas vendo/ouvindo ao vivo, foi outra coisa. Que show bem executado!
Som limpo, complexo embora simples. Sim, parece confuso, eu sei. Mas, é isso
mesmo! Não sei dizer diferente. Baixo e bateria numa sincronia refinada, sutil.
Vocais sutis e poéticos. Teclados e guitarra envolventes com sonoridade Pink
Floydiana. Muito reverb e delay (coisas que particularmente adoro!). Um baita
show! A banda cria um clima que lembra muito o clima criado por bandas como
Pink Floyd. Não que a musicalidade tenha tanta semelhança, mas é a sonoridade,
a amplitude do som, da música. Violeta de Outono trouxe calmaria e ao mesmo
tempo pitadas homeopáticas de caos. Me deliciei ouvindo e tendo sensações. Um
show inspirador que faz transcender.
Vale o registro: ‘O guitarrista e vocal da
Violeta de Outono tocou guitarra num dos grandes shows da história do
Psicodália, e um dos mais incríveis que já pude ver, o show da banda Gong, numa das edições do festival. Algo
inesquecível!’
Terminado o show, fomos para a coletiva de
imprensa com a banda que preferiu fazer ao ar livre. Então pude perguntar,
registrar, conhecer e conversar com estes músicos desta banda muito
significativa na história do rock nacional. Viva Violeta de Outono!
Scarlett, 17h.
(Palco Livre)
Depois da coletiva de imprensa fomos até o
CTG, onde fica a praça de alimentação e o Palco Livre, e lá estava tocando a
banda Scarlett. Já conhecia a banda de outras feitas. Scarlett faz um som de
caráter, dá pra se dizer, setentista, com muita pegada e feeling. Uma bela
apresentação, como das outras vezes e lugares em que vi a banda. Depois do
Palco Livre mais uma caminhada para fotos, cerveja, sombra e conversa com
velhos e novos amigos/as pela fazenda. Curtir o magnífico clima do lugar. Logo
mais a noite, o Palco Lunar abriria com a banda curitibana, a ‘clássica’
Blindagem.
Blindagem, 21h.
Cai a noite e a banda Blindagem, que pude ver
numa das edições passadas do Psicodália, sobe ao palco. Desta vez sem o mestre
e grande vocal Ivo Rodrigues que nos deixou (e deixou sua voz e seu talento
registrado nos bons discos e shows da Blindagem). A coletiva de imprensa foi
antes do show. Nela, conversamos sobre a banda e sua trajetória, sobre o
festival, a cena do rock no Sul, em que Blindagem é uma das bandas mais
significativas (historicamente falando) representantes, e conhecemos o novo vocalista,
o que me deixou curioso, pois, subir ao palco na banda onde o ‘grande’ Ivo
Rodrigues cantava, não é nada mole. O ‘garoto’ (novo vocal) demonstrou muita
segurança quanto a isso na coletiva de imprensa. E a banda estava alegre,
divertida. Trocamos algumas palavras em particular depois da coletiva. Já
havíamos visto outros shows da Blindagem, inclusive, um em Chapecó, anos atrás,
ainda com o Ivo. Começa o show e logo de cara a impressionante semelhança do
timbre e força da voz do novo vocal com a do Ivo Rodrigues. E o garoto mandou
bem. Fez o ‘dever de casa’ e somou no belo show cheio de ‘hits’ do Blindagem.
Um show de rock e regionalismo, onde o grande público cantou junto a maior
parte das canções. Clássicas canções do primeiro disco com letras de Ivo
Rodrigues em parceria com o grande poeta Paulo Leminski, entre outras. Um belo
show, como haveria de ser. A alma de Ivo Rodrigues continua presente nas
composições e sonoridade da banda, assim como na memória e no coro de vozes dos
que como ele amam cantar. E a Blindagem continua ativa, resistente, levando sua
boa música aos que ainda cantam a vida.
John Kay
& Steppenwolf, 23h.
Depois do memorável show da Blindagem, sobe
ao palco a ‘atração internacional’ desta edição do Psicodália, John Kay e Steppenwolf.
Confesso que não esperava muito do show. Uma que não sou fã da banda, musicalmente
falando, porém, a conheço faz muito tempo, ouvi alguns discos e até gosto dela.
Dentro da minha perspectiva, foi um bom show. Inegável que a banda é muito
competente. Qualidade de som, músicos afinadíssimos e tudo mais. Mas o que mais
me chamou a atenção foi a belíssima voz de John Kay. Brinquei com amigos
dizendo que ‘ele poderia ou deveria cantar blues’ pelo vozeirão grave e rouco
que possui. Uma voz forte, bem típica dos bluseiros. Um show bem tocado e com
alguns clássicos da banda. Mais pro final do show a música-hino ‘Born to be
wild’ que ficou muito famosa sendo trilha do filme Easy Rider, tendo o refrão
cantado em coro por parte do público presente. A banda tem todo o meu respeito,
a começar pelo seu nome (‘Lobo da Estepe’ é um dos livros de Hermann Hesse que li na adolescência e
depois reli e reli, e que me despertou para várias questões da vida, estando
entre um dos meus preferidos na literatura internacional), e a consideração da
galera que curte sua história e seu ‘engajamento’ político e social com os
anseios da juventude dos anos 60 e 70. Acabei curtindo quase todo o show que,
foi também um belo show, independente do gosto.
Cadillac
Dinossauros, 1h.
Apresentando uma nova estética de palco, como
uma nova linguagem, a já também ‘clássica’ no festival (toca todo ano no
festival, desde quando ele acontecia em São Martinho) Cadillac Dinossauros,
mais uma vez, fez um show competente e cheio de energia. Seu estilo ou
musicalidade mudou razoavelmente desde os primeiros shows e discos que vi/ouvi
da banda, que tinham uma levada mais dançante, com elementos soul, e menos
peso. Hoje a banda está mais pesada e ‘hard’
na sua sonoridade e com um amadurecimento no conteúdo, ou seja, nas letras que,
abordam com certa ‘ironia’ e crítica a questão sociocultural. Um bom show, como
fora das outras vezes que vi a banda.
Não ficamos até o final pois tivemos um dia bem intenso tanto de shows quanto de diversão. Então fomos sentar um pouco. Queria voltar para ver a banda Terra Celta, mas acabamos, depois de mais algumas fotos e de comer algo, voltando para a pousada. Mas antes disso, passamos pela Rádio Kombi e Bar da Virada para tomar a saideira. Rolava uma festa ao som da música cigana de Goran Bregovic. Acabamos pegando o embalo e dançando um tanto também, até soar e cansar de fato. Agora sim! Pousada, lá vamos nós...
Assim terminou nosso domingo e iniciou nossa segunda, que teria mais um dia cheio de boas atrações, sendo duas delas, das mais esperadas por nós, a grande banda Cidadão Instigado e a magnífica Elza Soares...
Continua...
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