sexta-feira, março 21, 2014

Psicodália de carnaval 2014: Parte IV

 

Segunda, 03/03

 

Acordamos tarde, perto do meio-dia, depois de uma noitada literalmente psicodélica-experimental-progressiva, e para não perder o show da banda Sopro Difuso, perdemos o almoço no restaurante da pousada. Mas foi por um bom, digo, ótimo motivo. Nos despedimos do Marcelo e sua família (donos da simpática pousada Rio Negrinho que nos receberam, mais um ano, muito bem), já que passaríamos as outras duas últimas noites acampados na fazenda. No caminho, paramos em um mercado abastecer. Isopor cheio de cerveja, pão, queijo e lingüiça calabresa para saciar um tanto da fome, e pé na estrada. 



Sopro DifusoPalco do Sol, 13h30min. aprox.



















Chegamos na fazenda e de imediato fomos para a frente do Palco do Sol, onde a Sopro Difuso começaria seu show. Não queria perder esse momento por nada, depois de algumas edições do Psicodália sem essa que é uma das bandas que mais gosto. Penso que, o horário para a Sopro Difuso deveria ser a noite, pois casa mais com seu som. Sei que não deve ser fácil encaixar tanta banda boa em horários noturnos, mas essa banda ‘foi feita para a noite’. Enfim. Começa o show. Começa também o trabalho fotográfico. Tiros e tiros, entre uma imagem poética e outra, uma crítica social e outra, feitas pelas belas letras do amigo, vocal e violonista Jacir, entre um e outro solo intenso e rife genial de guitarra, arranjos mágicos de flauta transversal, tendo tudo isso estruturado por uma bem composta cozinha (bateria e baixo). Sou suspeito em comentar a apresentação dessa banda, pois como já disse, é uma das minhas preferidas de todas as edições do festival. Um show simplesmente intenso, profundo, com levadas da boa música popular e do rock progressivo. As boas letras e melodias, os belos rifes, a cozinha bem marcada e dinâmica, o belíssimo trabalho de flauta, o vocal poético somado a uma linha também bela de violão e os mais profundos solos de guitarra do festival, mais uma vez me fizeram sorrir e chorar, sentir alegria e dor, viajar e cantar. Fã declarado do guitarrista Érico, que me faz relacioná-lo com o David Gilmour (Pink Floyd), devido ao estilo e a intensidade dos seus solos, a cada música um novo ar, um novo respiro, um novo sopro. A amizade compartilhada com o Jacir, cara simpático, tranquilo, amigável, só torna mais profunda essa admiração pela banda e sua música. Desde o primeiro dia até o último, encontramo-nos com o Jacir pela fazenda para alguns bate-papos e tragos compartilhados. Canções novas, tão boas quanto as já ‘clássicas’ da banda deram o tom desse magnífico momento. Terminado o show, suspirei e fomos nos recompor para outra atração tão esperada que somaria nessa tarde, uma tarde extraordinária.  

 













Módulo 1000 – Palco do Sol, 16h30min. aprox.



Sentamos por algum tempo na grama atrás do Palco do Sol para tomar um mate, bebericar alguma cerveja, fotografar, dar umas risadas com amigos enquanto no palco tocava a banda Fukai. Boa banda. Não conhecia. No Psicodália tem disso, todas as bandas tem algo bom para mostrar ou fazer nos palcos, o que dá certo nível qualitativo ao festival. Eis que, passado esse tempo, sobe ao palco uma das bandas sonoramente mais ‘caóticas’, ‘sombrias’ e ‘pesadas’ da história do rock brasileiro, a ‘banda setentista’ (porém, bem contemporânea) Módulo 1000. Fundindo peso, caos, psicodelia, progressividade, sonoridade espacial e minimalismo, a Módulo 1000 fez o chão tremer com seus rifes pesados, sombrios e sensacionais de teclados (órgão e sintetizador), solos belíssimos de guitarra e uma cozinha afinadíssima e bem estruturada. Que porrada! Que loucura! Outra banda que merecia a noite, sim, seria algo mais forte ainda! - do que já foi. Tivemos o prazer de conhecer um novo amigo apresentado pelo grande Jorge Carvalho (amigo carioca e contrabaixista que conhecemos no Psicodália passado), o Ronaldo Rodrigues, tecladista da banda Arcpelago (fica a sugestão para o próximo Psicodália, quem sabe!), da qual Jorge é baixista. Ronaldo é também tecladista atual da Módulo 1000. Um cara muito gente boa, assim como o Jorge. Passamos, com muita alegria, parte do festival em companhia desses seres incríveis. Depois do show da Módulo, já no camarim, o Jorge também nos apresentou o Daniel Romani, vocal, guitarrista, compositor e idealizador da Módulo 1000. Batemos um papo e tudo mais. Posso dizer que foi um dos grandes momentos do festival, poder ver essa ‘banda histórica’ tocando ao vivo - e com muita potência!, diga-se de passagem - que felicidade! Um som que, cá entre nós, não se ouve a qualquer momento e nem é pra todo mundo. Tem que ter referência boa pra sacar tamanha intensidade sonora. Daniel manda muito bem na guitarra e suas músicas novas são ricas em melodias. Um tanto diferente das músicas mais antigas da banda, mas belíssimas. Além das músicas novas, as ‘clássicas’ da banda foram executadas com a mesma autenticidade, mas sonoramente, digamos, ‘melhoradas’. Enfim. Um show inesquecível que, com certeza enriqueceu ainda mais o Psicodália, sob tudo, de conceito. Antes da divulgação, eu jamais imaginaria que poderia ver/ouvir um dia, ao vivo, ali, na minha frente, a Módulo 1000. Ainda agora fico a imaginar: ‘Putaqueopariu, se fosse a noite então, o que aconteceria?!’. Viva a Módulo 1000!














Liza (Epopeia/fotógrafa), Daniel Romani (Módulo 1000), Herman (Epopeia/fotógrafo), Jorge Carvalho (Arcpelago), Ronaldo Rodrigues (Arcpelago e Módulo 1000), Claudio Fonzi,   companheira do Claiton e o Claiton Marcio (Deletérios)...


Pife na Manga pelas ruas da fazenda...

Uma das atrações que tivemos o prazer de conhecer, ouvir, ver e dançar, numa edição anterior do Psicodália, desta vez perdemos. Ou seja, não estávamos na fazenda no momento em que o Pife na Manga tocou no palco do festival. Semanas atrás, o Pife se apresentou na praça central de Xapecó e estivemos lá curtindo e também registrando aquele belíssimo momento. Voltando ao Psicodália, dando um role pelas ruas da fazenda, eis que encontramos o grupo tocando, entre um acampamento e outro. O povo andando junto, dançando, trocando alegrias ao som dos tambores e dos pífanos. Mais uma vez, o Pife na Manga fez sua ação, enriquecendo ainda mais o espaço sonoro e artístico que é o Psicodália. 




Plá!

Encerradas as apresentações do Palco do Sol com a porrada sonora que foi o show da Módulo 1000, fomos, novamente nos recompor para a noite que viria. Passando pelo Saloon, no Palco Livre tocava uma das ‘marcas’ do Psicodália, o grande figura, ‘filósofo profético’, muito conhecido do público do festival, o Plá. Na edição anterior, de 2013, Plá tocou antes da Epopeia no Palco do Sol. Paramos para curtir um pouco da sua apresentação e depois fomos, finalmente ‘almoçar’ (ou jantar, dependendo do ponto de vista, pois já era passado das 19h. Depois de um descanso e de bem nutridos, enchemos os copos e fomos ver qual era o da próxima banda que abriria o Palco Psicodália.




Pedra Branca – Palco Psicodália, 21h. aprox.



Já em frente ao palco, demorei alguns minutos até absorver a sonoridade dessa banda, depois de uma noite anterior pra lá de psicodélica com a banda Gong e uma tarde recente de som intenso com a Sopro Difuso e a Módulo 1000. Estava entorpecido, não só de trago, mas de música. Não demorou muito para a Pedra Branca me conquistar. Putz, que show eim?! Algo inusitado, eu diria. Demais! Experimentalismo, boas referências do passado, muita atitude e contemporaneidade. Mistura de ritmos, sonoridades, instrumentos, atuações, etc., mas tudo com muita propriedade, nada aleatório. Outra banda bem ‘conceitual’, digamos. Não conhecia a banda, mas curti demais! Instrumentos indiano e aborígene, afro, como percussão e berimbau, música eletrônica, performances, e uma dançarina magnífica, deram o tom desse espetáculo musical, visual, virtuoso e sonoro. Experimentalismo, psicodelia, DJ, bons instrumentistas, vocais performáticos, ufa! E a dançarina. Ufa novamente!  Fica até difícil dizer, pois, aquela velha máxima: ‘só vendo/ouvindo pra crer!’. Me surpreendeu, e olha que eu não esperava tanto, ainda mais depois de uma tarde ‘excessiva’ (no bom sentido e musicalmente falando). Acabamos curtindo mais do que fotografando. Enfim. Pedra Branca foi foda!

















*

Terminado o baita show da Pedra Branca, fomos, mais uma vez, comer algo (que fome deu eim?). Bem acompanhados com os amigos Jorge e Ronaldo (Arcpelago e Módulo 1000). Enquanto comíamos algo, subia ao palco a banda Metá Metá. Como chegamos no final do show próximo ao palco, não deu para fotografar. Mas o que ouvimos pelos autofalantes lá de dentro do CTG (praça de alimentação), foi bem interessante. Digo que vale a pena ver/ouvir essa banda ao vivo, mesmo pegando o finalzinho do show. Tanto que, mesmo sem registro fotográfico, deixo esse pequeno comentário aqui. Um som instigante, forte, experimental também. O show, pelo que pude ouvir e pouco que pude ver, foi porrada também. Aplausos firmes e intensos a cada canção, comprovavam isso.


Moraes Moreira (disco ‘Acabou Chorare’, Novos Baianos)Palco Psicodália, meia-noite aprox.



Momento de ver/ouvir a multidão cantar junto todas as canções, bem trabalhadas e riquíssimas desse álbum ‘clássico’ dos Novos Baianos. Acompanhado de grandes músicos, como o virtuoso, grande guitarrista e seu filho, Moraes Moreira fez o esperado, ou seja, deu show! E o povo dançava, cantava, se abraçava, beijava, ria, integrava, enfim. Ritmos dançantes e populares fizeram, literalmente, o carnaval acontecer no Psicodália, mas não um carnaval qualquer: ‘o carnaval’! Eu, muito cansado, aproveitei o que pude. O pique era baixo. Última noite de show no Palco Psicodália, acho que dá pra imaginar. Mais um show histórico que só o Psicodália proporciona. Demais! Sem mais...





















Tradicional Jazz BandPalco Psicodália, 2h. aprox.



Já tive a oportunidade e felicidade de, noutra edição do mesmo festival e no mesmo palco, ver/ouvir essa banda, quase uma orquestra (ou uma mini orquestra) de jazz ‘clássico’ ou ‘tradicional’, como bem diz no nome. Figuras que, pelo que sei, tocam juntos a mais de 40 anos. Um show alegre, disposto, dançante e mui virtual que fez a alegria do público que se manteve firme e continuou fervendo. Se até eu, cansadaço, me animei e cai no jazz. Putz, depois de tanta psicodelia, musica eletrônica-experimental, samba, frevo, etc., ainda sobrou espaço para um jazzinho, bah! Uma das coisas que tornou esse, um dos mais (se não o mais), intenso e bom, musicalmente falando (também), dos Psicodálias já feitos, foi justamente essa ‘mistura’, esse ‘ecletismo’. Tendo o rock, é claro, como princípio (mas não fim), o Psicodália comprovou seu poder de fogo e integração de diversidades nesta edição, o que o faz hoje, um dos maiores festivais de ‘multilinguagens’ do Brasil, senão da América Latina. E a Tradicional Jazz Band, fez parte desse ‘todo’ que é o festival.
























*

Mais uma vez, terminamos a noite (ou iniciamos o dia, dependendo do ponto de vista) no Saloon curtindo o som de uma banda que não sei o nome e que tinha uma baterista que tocava muito bem. Dali um pouco, o dia já começaria sorrir para nós. Então, depois de mais um dia musical e cheio de boas surpresas, o merecido descanso na barraca. Um descanso fundamental, pois teríamos ainda o último dia de shows e atrações do Psicodália 2014.

















                                                        Jorge Carvalho, Liza e Douglas


Mais imagens:





















                                          Luiz (Jack Louis) e Fernando Sbeghen (Epopeia)




























nu artíxxxtico!

















Augusto Zeiser, Ronaldo Rodrigues (Arcpelago e Módulo 1000), Fernando Sbeghen (Epopeia), Jéssica, Jorge Carvalho (Arcpelago), irmãs Bueno (Liza e Eliz, Epopeia)



Jéssica, Herman (Epopeia), Jorge Carvalho (Arcpelago), Ronaldo Rodrigues (Arcpelago e Módulo 1000), Augusto Zeiser e Luiz (Jack Louis)





















                        Giva Nilsen (Ruido/mm e Red Tomatoes - ex Goya), Herman e Rafael Damo


 

Herman, Claudio Fonzi e Liza




                                                                     banda Epopeia...


Continua com a Parte V, final...




2 comentários:

Paulo disse...

a Módulo 1000 foi foda!
parabéns pelos registros galera!

Unknown disse...

Agradeço em meu nome e em nome dos demais músicos do MÓDULO 1OOO pelo dia especial que aquele público maravilhoso nos proporcionou. Já disse anteriormente que a união que houve entre nós fez do MÓDULO 1OOO uma banda composta por centenas de integrantes. Sim, porque naquele show, o público e nós formamos uma entidade.Fomos um! Obrigado a todos que lá estiveram e até a próxima. Best, Daniel C. Romani - MÓDULO 1OOO