sexta-feira, março 07, 2014

Psicodália de carnaval 2014: dias intensos e sonoros!

Parte I 

Quinta, 27/02

Saímos de Xapecó lá pelas 22h30min., de ônibus, numa excursão. Foram aproximadamente 8 horas de estrada com algumas paradas. Chegamos a Rio Negrinho e o dia amanhecia nublado. Nos separamos do grupo que foi direto a fazenda Evaristo, local onde o festival acontece, enquanto nós (eu e a Liza), ficamos na pousada Rio Negrinho (pelo menos, nos três primeiros dias), onde encontramos o Fernando (Maninho, nosso baterista, acompanhado da Jéssica, sua namorada, e o cantor e amigo Jack Luiz), todos, mais uma vez, muito bem recebidos e aconchegados pelo Marcelo e sua família, diga-se de passagem.  Nos outros dois dias, também acampamos na fazenda. Já havíamos ficado nessa mesma pousada na edição passada quando fomos de carro, para, além de certo conforto, transportar e guardar os instrumentos, já que tocamos com a Epopeia naquela edição do festival. Ficar em hotel ou pousada tem a vantagem do descanso e do banho mais sossegado, porém, no acampamento, se aproveita mais o local, as atividades, o clima ou o ambiente do festival como um todo. Então, desta vez, fizemos os dois. 

Sexta, 28/02

Malas arrumadas, banho tomado, câmeras fotográficas na mão, rumamos de carro com o amigo Jorge que passou na pousada nos buscar para o festival, e que trouxe com ele um presente, uma nova ‘arma’ para a Epopeia. Jorge é um baixista carioca que toca na banda de rock progressivo Arcpelago. O conhecemos na edição 2013 de ano novo do Psicodália, logo depois do nosso show. Ele nos esperava atrás do palco. Amigo pessoal de bandas como Os Mutantes e Módulo 1000, entre outras, gostou da Epopeia, veio nos saudar pela apresentação e nos conhecer. De lá para cá nos tornamos grandes amigos. Admiração mútua. Da parte do Jorge, tanta que nos presenteou com um baixo. Trata-se de um Fender Jazz Bass com captação ‘custom shop’. Não temos nem palavras para agradecer o presente. Mas independente disso, Jorge é uma pessoa de ouro, um amante da boa música e de contrabaixos, além de uma companhia formidável. Ter pessoas assim por perto, tornam a vida menos pesada e mais sorridente, pois, compartilhar o mundo, talvez seja o grande legado humano, o que muitos, infelizmente, parecem ainda não saber. Ao chegar, alguns rostos conhecidos das outras edições do Psicodália. Eu e a Liza estamos na nossa 8ª edição consecutiva do festival, sempre colaborando, de uma forma ou de outra, na promoção desse grande evento alternativo e/ou independente. Oficialmente, são 3 anos trabalhando na imprensa interna e externa do Psicodália, registrando fotograficamente e textualmente o festival, além de algumas coletivas de imprensa e outras divulgações pré e pós evento, além de ter tocado na edição passada. Chegando a fazenda, a recepção já tradicional no festival. Placas dando as boas vindas aos participantes dessa grande integração. O espírito do Psicodália é incorporado já nas primeiras divulgações do festival, mas ao chegar, aquele ar, aquela brisa de se sentir parte de toda essa festa, esse universo musical, sonoro, artístico, humano, junto a natureza e ao que constitui a parcela ainda existente da humanidade, o 'ir de encontro ao outro'...












eu, Liza, Jorge e Ronaldo (mais novo amigo e tecladista da Arcpelago e Módulo 1000)












Bandas...

Centro da Terra (Power trio) – Palco Livre, 18h. aprox.

Uma breve caminhada pela fazenda e a parada para a cerveja no Saloon, e no Palco Livre, a banda Centro da Terra tocava. Início de festival e a primeira banda já quebrando tudo. Baita som! Destaque para o guitarrista e seu furioso pedal wah-wah. Quem me conhece sabe da minha paixão por esse pedal, seus efeitos e defeitos (ruídos), e o guitarrista dessa banda usava muito bem seu wah. Momentos de muito prazer, vendo e ouvindo a banda em boas companhias. Assim foi o primeiro momento musical nosso no Psicodália. Espero poder ainda ver essa banda em algum dos palcos ‘externos’ do festival. Demais! Um combustível, só para empolgar a alma para o que ainda estaria pela frente.









*

Caminhando pela fazenda, a primeira pessoa que encontramos, e que depois, encontraríamos muitas vezes mais, foi o Claudio Fonzi, grande figura, talvez o maior promovedor do Rock Progressivo no Brasil, que também trabalha na imprensa do Psicodália. 


















Fonzi rumo ao ponto de abdução...



                                                    Liza e Fonzi posando para um tiro...


Quarto Sensorial – Palco Psicodália, 21h. aprox.

Já no maior palco do festival, uma banda que, no ano passado, tocou no Palco do Sol. Este ano, a banda fez seu show - e que baita show! – no Palco Psicodália. Um trio instrumental muito entrosado e com composições intensas, pesadas e dinâmicas. Ora me lembrou uma das minha bandas preferidas, o King Crimson. Um tanto de jazz, progressivo, efeitos regados a um dos pedais que mais gosto também, o Whammy (leia-se Jack White e The Raconteurs ou Tom Morelo e Rage Against the Machine). Uma das minhas apresentações preferidas das bandas independentes. Só vendo/ouvindo para ter alguma ideia do que foi aquilo, pois palavras não bastam para descrever tamanha porrada sonora, e com muita qualidade, diga-se de passagem. Começado o evento com dois dos chamados ‘power trio’ (esses sim o são, e não como muitas bandas que assim se autoproclamam, mas...), a próxima atração ficaria por conta de folk e blues.
  





Davi Henn e O Despacho – Palco Psicodália, 22h. aprox.

Tendo como referências o ‘velho oeste’ norte americano e um tanto de ‘gauchismo’ e afins, Davi Henn volta aos palcos do Psicodália acompanhado da banda O Despacho e de uma trupe ‘cenográfica’ ou teatral que somou na sua apresentação. Depois da porrada que foi a apresentação do Quarto Sensorial, uma acalmada nos ânimos com folk/blues veio a calhar neste sentido. Uma boa apresentação que preparou o público para o que viria a seguir.


























Wander Wildner – Palco Psicodália, meia-noite aprox.


Confesso que já fui muito, mas muito admirador do Wander Wildner, nos tempos dos Replicantes, uma das bandas punk que mais gostava do Brasil. Tinha os três discos em vinil, um CD, VHS e algumas fitas K7 de bandas que Wildner fez parte, como a Sangue Sujo, por exemplo, além de sua carreira solo, é claro. Já toquei suas músicas quando era vocal e guitarrista de punk rock. Mas, depois de duas ruins experiências com o cantor/compositor, que em dois shows que fui (inclusive, um dos Replicantes em seu retorno, em que também toquei, dividindo o palco, ainda no início da Epopeia), o que me decepcionou um pouco e me fez não gostar mais da obra do cara. Mas, com esse show, e graças ao Psicodália, essa minha admiração (pelo menos musical – o que, de certa forma nunca havia acabada totalmente) voltou ou acordou de um descanso.  Pra mim, um dos grandes momentos de todo o festival. Simplesmente achei magnífica a apresentação do cara e sua banda. Clássicos da sua carreira solo, assim como uma música do Sangue Sujo (releitura dos Sex Pistols), versão da banda Iggy Pop and the Stooges, uma ‘homenagem’ a também gaúcha banda Graforréia Xilarmônica com a versão do clássico ‘Amigo Punk’, que fez o público cantar,  o hino ‘Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo’, e por fim, do também clássico ‘Lugar do Caralho’ do Jupiter Maçã, com o qual encerrou seu show citando no final Mercedes Sosa em agradecimento: 'Gracias a la vida que me ha dado tanto!', fazendo o chão tremer e o público cantar em bom e alto tom. Conste também, a participação no show do Zé Docinho, baterista da Bandinha Di Da Dó, mais um elemento que agregou valor no camarote do Wildner (risos). Foi demais! Viajei no tempo. Uma mistura de brega com punk, certo caos, entre letras de amor vagabundo e crítica social, Wander Wildner deixou sua marca no festival e na memória daqueles que como eu, deliraram com aquele momento.











































Wildner e Zé Docinho (Bandinha Di Dá Dó)























Made in Brazil com Percy Weiss e Lucinha Turnbull – Palco Psicodália, 2h aprox.

A clássica Made in Brazil entrou no palco para tocar um dos seus discos mais emblemáticos, o ‘Jack Estripador’, e tocou. Mas além dele, outros clássicos da banda. A boa surpresa do show foi a presença de um dos grandes vocais do rock’70 brasileiro (e que canta muito ainda hoje), antigo vocal também da banda Patrulha do Espaço, do amigo e mestre da bateria Rollando Castelo Júnior (que gravou o primeiro disco do Made, o meu preferido, conste, com o Cornélius no vocal, que morreu a pouco tempo). Trata-se do Percy Weiss, que cantou demais, acompanhado por boas backing vocais. O show teve também a participação inusitada da vocal, guitarrista e compositora Lucinha Turnbull, que, entre outras, fez dupla com Rita Lee. Confesso, sendo sincero, que, não fosse isso, não sei se o show do Made teria sido bom ou razoável, como foi. Muitos sei que não gostaram. De minha parte, achei a banda um pouco ‘cansada’, principalmente o ‘cansaço’ vindo dos irmãos Vecchione. Mas, entende-se. Tantos anos de chão... Enfim. Mas, em contrapartida, levou os mais fãs da banda (que, inegavelmente, tem uma baita história no rock nacional), a cantar seus clássicos.



Percy Weiss

Os irmãos Vecchione: Oswaldo e Celso...
                                                                 Lucinha Turnbull


































Palco dos Guerreiros e/ou Palco Livre e o Saloon...

Depois dessa overdose de rock e afins, entre um e outro tiro (ou click fotográfico), entre um e outro trago, o Palco Psicodália fecha. A partir daí, o Saloon, onde ficava o Palco dos Guerreiros (os sobreviventes da noite), lotava, e o som comia solto, assim como o CTG Patrão Evaristo, onde ficava a praça de alimentação. E o dia amanhecia novamente com o rock da noite anterior continuando no Saloon. Um primeiro dia cheio, intenso. Musica boa, boas companhias, risos, novos contados e amigos/as, magníficos shows, pessoas bonitas a seu tipo, mistura de tribos, etc. Teríamos ainda 4 dias disso tudo e muito mais pela frente. Dias intensos e sonoros. E para adiantar, foi assim todo o Psicodália 2014, que recém estava começando.


Continua na Parte II...


* mais registros:











































































Herman e Jacir (Sopro Difuso)...





                                  Jacir (Sopro Difuso), Eliz e Liza (irmãs Bueno - Epopeia)...
























* textos e fotografias: Herman G. Silvani
* fotografias: Liza A. Bueno

Continua...






2 comentários:

Claudio Fonzi disse...

Muito bom texto e lindas fotos!!

Já deu pra sentir muito bem como será alucinante a verdadeira EPOPEIA musical que será vivenciada nos dias restantes!! :D

Anônimo disse...

VIVA A EPOPOPOPOPOPOPEIA!!!