segunda-feira, janeiro 14, 2013

Psicodália 2013 - penúltima parte...


  PARTE III

·         31/12 – quarto dia...



Chegamos meio tarde na fazenda. Alguns amigos vieram me falar muito bem de uma banda que se chama Xispa Divina. Banda esta que tocou no Palco do Sol. Pelo que eu ouvi, foi uma baita apresentação. Mais tarde também teve Plexo Solar e Quarto Sensorial no Palco do Sol e João Lopes no Palco Psicodália. Vi esse último de longe, e acabei nem fotografando. Ano passado curti o show de perto e registrei. Show legal, o povo cantando junto as boas composições do João Lopes. Depois fomos pra frente do palco, e nele subia a banda Sopro Cósmico, um trio instrumental de bateria, saxofone e teclado. Boa apresentação da banda. Pessoalmente destaco o tecladista que toca demais! O bicho manda brasa nos teclados. Seu modo ‘enfurecido’ de tocar me lembrou o Emerson do trio ELP (Emerson, Lake & Palmer). Passado algum tempo, quem estava nas barracas pelo jeito, saiu e houve a maior aglomeração de pessoas do festival. Aí sim deu pra ter uma noção da amplitude do Psicodália. Putaqueopariu! Quanta gente! O povo tomou conta das ruas, frente e laterais do palco, saloon, até a frente do restaurante (CTG), ish! Estava quase na hora. Minutos depois a contagem regressiva (progressiva). Depois os fogos, os estouros de espumante, a troca de abraços e felicitações pelo novo ano que recém nascia, tudo muito alegre e com espírito de amizade. Coisa bonita de se vivenciar. Inclusive, um dos aspectos mais interessantes do Psicodália é justamente este, a convivência diversificada, porém, respeitosa e alegre de quem deste festival participa. Tentamos ir para frente do palco fotografar e curtir o show da banda Confraria da Costa, uma das mais queridas e ‘clássicas’ do evento, mas não deu. O povo dançava tanto e a lama subia. Ficamos num lado do palco, de onde podíamos ver a banda e o público dançando. Ora ou outra também entrávamos na dança, mas muito de leve, devido ao barro. Mas foi ducaralho assim mesmo! Confraria mandou brasa, como sempre, e fez o povo dançar, cantar, pular, etc. Aos tragos e um vinho chileno fomos nos envolvendo nessa festa pirata. Canções de piratas eram entoadas enquanto bandeiras tremulavam e alguns marujos e seus chapéus piratas erguiam suas canecas celebrando o momento. Foi bonito e estrondoso aquele momento. Um espaço mais pra trás se abriu e a diversão rolou na lama. Como já conheço a algum tempo a banda, percebi que no repertório, além das já ‘clássicas’, rolaram músicas novas – e muito boas, diga-se de passagem. Confraria é demais! Só isso...























Sopro Cósmico...

























Confraria da Costa...



& as bandeiras piratas tremulando em meio ao público...


















festa na lama...


Em seguida, outra banda já ‘tradicional’ do festival subiu ao palco, a Cadillac Dinossauros, com seu som dançante e pesado. Um show bem competente, como sempre a banda apresenta. Fiquei um tempo curtindo e depois fomos dar uma volta, pois a noite estava boa pra curtir, o ano recém começara e dali algumas horas seria a nossa vez de subir ao palco. Fomos até o restaurante beber, comer algo e descansar um pouco, além de um bate papo alegre com velhos e novos amigos, depois, terminamos a noite no saloon em meio ao povo dançando. Depois de um tempo, já esgotados, fomos para a pousada descansar, pois era o dia 01 do ano e teríamos o nosso primeiro show do ano, detalhe, no Psicodália! Yé!





















Cadillac Dinossauros...







restaurante.. & haja comida!




Liza, Herman, Kassio (Marujo Cogumelo), sua namorada e amigo...


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·         01/01/2003 – 5º dia, o nosso dia!




Levantamos pela tarde, nos preparamos para o resto do dia e com o espírito já pronto para o palco. Um leve sentimento de euforia e certa ansiedade pois seria a nossa vez e, ‘fecharíamos’ o festival (no caso, as atividades dos palcos externos, pois a festa continuaria no palco do saloon com mais algumas bandas). Tocar na última noite do festival, depois de 4 dias de curtição, não é muito fácil, mas, a energia é quem atua neste caso, então, mandamos brasa! Ainda na pousada, um casal examinava a programação do Psicodália, e o cara falou: “Hoje tem Epopeia, as 20h. no Palco do Sol!”. Não sabemos se o casal já conhecia a banda, mas estávamos na sua mira. Dormimos bem, comemos bem, banho tomado e a garoa caindo. Rumamos para a fazenda Evaristo. Chegamos lá e fomos direto para o Saloon onde nas tardes rolava cinema, e deu para alimentar um pouco mais nosso espírito sonoro com música e as imagens e palavras emocionantes do Arnaldo Baptista, pois rodava o magnífico documentário ‘Loki’. No segundo ou terceiro dia do Psicodália rodou também o documentário ‘Memórias de uma Certa Escolha’, produzido pelo amigo e jornalista Augusto Zeiser, retratando um pouco da história do Tyto Livi e do Grupo Nozes, os pioneiros do rock autoral/independente de Chapecó e região a registrarem suas músicas em disco/compacto, ainda nos anos 70. Documentário em que nós e a banda Repolho fizemos parte, tocando versões e/ou releituras de músicas do Tyto e do Nozes. Também ficamos sabendo que rodou o programa Estúdio A, produzido pelo Maninho (nosso baterista) com a Epopeia tocando, além de uma música nossa do disco novo tocar na rádio Kombi do Psicodália. Legal essa difusão das produções que o evento propicia, ainda mais para bandas como a nossa que atua para além dos palcos, envolvendo-se em projetos de cunho cultural, artístico e histórico. Por isso, de certo modo, dependemos de espaços e festivais como o Psicodália – eis a importância de eventos como este.

















cinema no Psicodália...










Marciano (roud - e um dos grandes guitarristas do Velho Oeste) & Maninho (batera).. em escambo...


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O show do mestre Hermeto Pascoal com Aline Morena e Fabio Pascoal atrasou, devido ao tempo, probleminhas técnicos ou outro motivo de menor importância no contexto festivo do Psicodália. Mas quando as cortinas se abriram, ‘Hermetão’ e trupe mandaram brasa. Um show muito experimental e comunicativo. Hermeto é mestre em tirar sons de qualquer coisa. Aline Morena deu um espetáculo fazendo da sua voz um instrumento musical incomum, enquanto Fabio acompanhava tudo fazendo sua parte nas percussões. Baita show de multi-instrumentos e experimentos sonoros esse trio proporcionou. Uma aula que tivemos o prazer de apreciar e aprender mais, em busca da sempre ousadia em experimentar e não se acomodar ao que é dado, concluído, formatado. Esse tipo de show nos alimenta e nos dá a certeza de que estamos, enquanto banda, no caminho caótico dos timbres, efeitos, sons, intensidades, que estamos além e continuamos... Experimentar é uma das nossas principais ações musicais, e a ‘nossa psicodelia’ é isso, cada detalhe, cada nota, cada timbre, cada voz, cada som que emitimos através do nosso corpo, da nossa ação, dos instrumentos e da eletricidade tem um lugar livre no tempo e espaço a que nos projetamos. Hermeto Pascoal viaja nisso também! E que dinamismo! O cara toca, improvisa, tira som, ruídos, timbres, música do corpo, das coisas, da alma... Hermeto Pascoal, Aline Morena e Fabio Pascoal, encerraram as atividades do Palco Psicodália. Enfim...





Hermeto Pascoal com Aline Morena e Fabio Pascoal 


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A banda que tocaria no Palco Psicodália depois do Hermeto e trupe, acabou sendo transferida para o Palco do Sol, depois da Epopeia, onde as atividades musicais continuaram. Não sei bem se, devido ao atraso, mas provavelmente ao tempo, ou seja, a lama, pois não dava mais para pisar na frente do Palco Psicodália, o Palco do Sol abrigou os últimos shows externos do festival, e nós que fecharíamos o evento, acabamos como penúltima atração. Mas antes de nós, tivemos o prazer de ter um ‘símbolo da contracultura musical’, talvez, o mais representativo cantor do clima psicodélico e filosófico que é o Psicodália. Trata-se do Plá, o grande Plá, que subiu ao palco antes da Epopeia, fazendo um show muito comunicativo, armado apenas de seu violão, suas ideias e mensagens coletivas, Plá pôs o povo a cantar suas canções. Foi bonito (como sempre é) e criou certo clima nostálgico e pacífico em torno do Palco do Sol.



























Plá...


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Durante a apresentação do Plá, para a nossa surpresa, se ouvia volta e meia alguém gritando ‘Epopeia!’. Enquanto isso, nós no camarim alongando, concentrando e bebendo algo para subirmos quentes no palco. Depois do 6º ou 7º bis do Plá, era chegada a nossa hora...
  


lateral do Palco do Sol...



Palco do Sol & público...














Continua...




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