sábado, dezembro 18, 2010

Isso não é um manifesto, nem uma resposta. Talvez, uma pergunta! Para além da filosofia...

·         Referente ao debate que se criou acima do texto anterior

...gosto um pouco da contradição. É isso! Jogar contradição no espaço. Aprendi com Nietzsche (não que tive aulas com ele. Não sou tão velho. Foi lendo mesmo, estudando). Muitos que se dizem Nietzscheanos parecem se assustar com isso. ‘Existem pessoas mais radicais do que eu’. Sou leve. Alguns mais radicais do que eu, perguntam: “Mas porque participar de um concurso desses se já sabia como seria?” Não darei uma resposta direta. Seria muito fácil. Então faço o mesmo e pergunto: “E porque não participar?”. Alguns gostam do seu quarto, do seu mundo interior, pequeno, sujo, num canto de qualquer lugar. Eu também gosto disso, tanto é que vivo mais nele do que no mundo globalizado, interneteligado. Porém, divago e em momentos gosto deste outro mundo, maior, amplamente espacial, mesmo que mesquinho e idiota. Sintoma de liberdade. Só assim, vejo e sinto a contradição. Não me adapto e não sou maior do que tudo isso. Mas nem menor! Ficar gritando frente ao espelho ou com aqueles que já não respondem mais (os cadáveres com quem Zaratustra cansou de falar e carregar nas costas, então tratou de enterrá-los – olha o ‘Niti’ aí de novo!), ou ainda, com aqueles que já sabem e nem precisam mais ouvir, é o mesmo que dar um tiro no próprio nariz, ou só enxergar o próprio umbigo. Sou um cara que, desde quanto ascendeu pro mundo numa iluminura de racionalidade fragmentada e relativa (se bem que o escuro muito me seduz), passou a não gostar de ser subestimado. Por isso, há tempos já, também tento não subestimar ninguém. Pra mim, virou uma questão de respeito. Aprendi a conhecer as pessoas quando me despi dos preconceitos mais corriqueiros e absorvi certa serenidade, botando o olho. Assim, escolhi o combate, a posição, desde que se tenha uma (argumentos e conhecimento se constituem no caminho, na experimentação, e não vem pronto do além nem de uma academicismo provinciano), e é onde as contradições aparecem para serem postas a prova. Mas para não me estender muito mais, vou tentar ser mais sucinto. Acontece que, uma das nossas ‘premissas’ enquanto banda e seres humanos que vivem dentro de uma determinada cultura, é torná-la indeterminada, ou seja, ampla, sem muitas restrições, o que, às vezes, se confunde com limite. Não, é o contrário. Uma das nossas posturas, eu diria assim, é participar de tudo o que acharmos válido. E este concurso no qual eu me referi no texto passado, é um exemplo. Válido porque? Porque, foi mais interessante naquele momento participar do que se excluir. Nosso som não preenche os requisitos na página de inscrição do livro do espetáculo, porém, não acreditamos na impossibilidade de furar o bloqueio imposto. Um ato de coragem, eu diria. No mínimo, no mínimo, gerou audições e contatos, e foi o que aconteceu. Tocando meia dúzia de pessoas com a música, o resto é secundário (ou acham que não dormimos mais por isso?). Cá entre nós, não somos ingênuos pra tanto. Ingênuos os que pensaram desta forma e que subestimaram nossa ‘lucidez’ nisso. Portanto, o que tiver de mais comercial e  bizarro, estamos dentro! Ou fora, dependendo do momento e motivo pessoal. Agora, não abrimos mão da crítica. Isso nunca! Pois estamos vivos em potencial humano e sonoro. Somos do tempo (que também é agora, ainda!), que o rock tinha (e tem), o que fazer no mundo além de aparecer em revistas de fofoca e ser trilha sonora de novelinhas juvenis. Aceitar tudo assim, tão fácil, é abandonar o navio em plena tempestade marítima, e isso cabe aos covardes. Se para alguns rock é moda, passa tempo, discurso ou irmandade religiosa, pra nós é um impulso, uma energia coletiva que se traduz em eletricidade e timbres quem saem vibrantes pelos auto-falantes, e certamente, vão dar em algum lugar (leia-se teoria do Caos). De tempo em tempo, volta o tempo das posições, das posturas, das discussões. E agora é o tempo. Depois, já estaremos velhos e decadentes demais pra isso. Todos! Inclusive os que já estão aí e os que virão. “A vida é agora!”


Jovem, sempre jovem! Rock, sempre rock! (olha o senso comum!)

Amigos-irmãos-camaradas! Não dá pra generalizar assim! O que há com vocês? Estão ficando velhos? Aderiram ao mundo burocrata e formalizador do adulto-homem-sério-pai-de-família-nuclear-conservador? Nem todo jovem é surdo! Nem todo jovem só quer festa, cerveja e menininhas. Alguns querem menininhos também (ainda mais hoje, no ápice do modismo bissexual com as bandinhas emo-coloridas). Nem todo jovem sempre quis ‘só’ isso. Eu pelo menos, nunca fui ‘só’ assim, e conheço uma pá de gente que nunca foi também (não nego que isso é uma busca e é muito atrativo, porém, tem mais...). Aliás, meus amigos, os da minha geração, nunca foram ‘só’ dessa forma. Alguns sim, admito. Alguns! Portanto, já que a juventude, ao contrário do que muitos pensam, é algo heterogêneo e não homogêneo, é algo polimorfo, que varia no tempo e espaço, não dá pra subestimar essa faixa etária e cultural dessa maneira tão simplista. Não tenho mais 15 nem 20 anos, mas de tempo em tempo, renovo meu espírito, e concilio a idade física com a mental. A maioria das coisas que faço e pratico e ouço e penso, é radical demais para parte da juventude atual. Muitos, nunca vão fazer o que já fiz, da forma que fiz. Mas isso não vem ao caso agora. Só que acontecem algumas comparações, que não consideram períodos distintos, momentos com suas peculiaridades, contextos e tudo mais, que, como estudioso (pesquisador) e historiador, na área cultural-comportamental (juventude e indústria da cultura), não posso deixar passar em brancas nuvens. Portanto, amigos, vamos tentar olhar além do horizonte que nos apontaram para perceber que há algo por detrás do que os olhos podem ver.

6 comentários:

Fernando De Nadal disse...

Salve Niko! Que bom que está rendendo bastante nossa conversa! No mínimo exercitamos nossa escrita, hehe!

Também gosto da contradição, acho que ela é o que nos move pra adiante, por isso mesmo que vim aqui te contradizer um pouco. Vim com espírito de bons e velhos amigos, não vim fazer "trollagem" não! hehe Gosto de ajudar a construir.

Sobre participar ou não destes festivais, embora não pareça, eu e você temos a mesma visão: festivais são bons para publicidade, pela premiação e pela experiência.

O que eu não concordei e questionei no seu texto anterior foram coisas tipo desqualificar os votos de pessoas, que tem seus próprios gostos musicais e suas próprias referências, chamando-os de "votos pelo ouvido danificado".

Não me sinto confortável em chamar os outros de sem-cultura e medíocres por não terem as mesmas referências que eu.

Por mais que eu pense igual a você e ache tudo muito repetitivo no cenário musical atual, em Chapecó e além, não gosto de julgar a cultura do outro desse jeito.


Acho que sou mais otimista que tu meu caro! Acho muito legal a cena musical de hoje em dia, apesar de gostar mesmo de raríssimas coisas, porque atualmente o poder de formatação de público está saindo das mãos das grandes corporações e se fragmentalizando cada vez mais, justamente por causa da gurizada de internet que vc criticou! O acesso ao conteúdo hoje está muito amplo, e a tendência é cada vez mais o jovem decidir o que quer ser, ao invés de decidirem por ele. Parece que muitos estão escolhendo ser mais pop que rock, não vejo problema nisso se a escolha foi feita de maneira consciente.

É isso aí por enquanto, depois volto pra reler o que foi escrito e me contradizer um pouco também hehe!

Abraço a todos!

Fernando De Nadal disse...

Ah! Você disse que sou mais radical que você, eu penso ser o contrário, acho que sou mais moderado.

Quando digo "precisamos fazer algumas concessões afim de aproveitar as coisas boas que o mercado oferece", estou sendo mais radical ou mais moderado que "o mercado é um lixo"?...

Herman ou Niko disse...

hehe!caro amigo Nadal.. desculpe bicho, mas não estava falando de ti.. ficou parecendo mesmo.. hehe! uma ironia esse tróço de 'radical'.. e faço das tuas as minhas palavras: 'não vejo problema nisso se a escolha foi feita de maneira consciente.' (em se tratando do 'gosto' e 'escolha' musical.. mas, infelizmente o 'inconsciente coletivo' se mostra mais presente.. enfim.. valeu novamente pela participação.. abraço e saúde!

yo mismo disse...

ah.. voltando ao 'radical-moderado', tá rolando uma paranóia aqui (não a banda do Bays), um 'justiciero' que diz q vai 'desmascarar' o rock e os roqueiros xapeconses.. portanto, cuidado qdo virem tocar aqui novamente, já que são uma banda também xapecoense.. os Tomatoes correm sérios riscos.. hehe!

Fernando De Nadal disse...

hahaha... quem está usando máscara justiceiro cara-pálida?

yo 'pele-vermelha' disse...

hehe! coisas de um novato aí q recém começou a 'jogar'.. empolgação de iniciante.. aquela ira psdeudo-punk q a gente há muito já conhece, e q parte da adolescência 'roqueira' passa.. coisa febril.. nada q afete o mundo real.. enfim, não há fim.