Impressões do Psicodália 2011 - PARTE I
por Herman G. Silvani
“Chegando no Psicodália, tudo muda. O clima é outro. Parece estarmos entrando numa outra dimensão, num mundo surreal, literalmente psicodélico, distante da realidade burocrática dos ‘dias úteis’”.
Pra quem ainda não sabe, o Psicodália é um ‘festival’ de música e cultura ‘alternativa’, um grande evento que acontece todo ano, tradicionalmente no feriadão de carnaval. Um festival que tem como proposta a música e a arte, além da interação dos seus participantes. No ano passado o festival aconteceu na virada de ano. Este ano, voltou pros dias de carnaval. E no meio de muita lama e fumaça, tragos e muita alegria, lá estava eu. Entre lúcidos e alucinados (eu, um pouco dos dois), cerveja gelada, artistas circenses, poetas, uísque, crianças, cães, pássaros, cerveja gelada, músicos, artistas plásticos, vinho, artesãos, cerveja gelada, hippies e hipongas, cachaça, comunidade gay, bi, comunidade hetero, cerveja gelada, e muita gente interessante, eu transitava. Como também tenho meu lado psicodélico e quase tudo isso me interessa, geralmente marco presença no evento, além de escrever minhas experiências e fotografar aspectos interessantes do festival para os blogs e algum site afim. Assim fico distante do carnaval, do samba enredo e da rede globo, e perto da diversidade e dentro da contradição. Nem eu nem a Liza possuímos formação em jornalismo, mas ambos, de certa forma, trabalhamos com comunicação com nossos blogs e com a banda. Este ano, além de participarmos do evento e registrarmos nossas impressões para os blogs, também saímos para ‘cobrir’ o festival para o Caderno Comportamento do jornal Voz do Oeste e para o site Leev, do amigo Rodrigo PV. Na noite de sexta-feira, dia 04/03, razoavelmente instrumentalizados, fomos ao encontro do transporte que nos levaria até o Psicodália 2011.
A estrada, os buracos...
Saímos de Xapecó, eu, a Liza, mais alguns amigos e conhecidos numa van alugada. Era aproximadamente meia noite da sexta-feira, primeira noite de carnaval quando pegamos a estrada. Quase não chegamos. O trecho até Rio Negrinho, Norte do Estado, estava uma merda! Buracos que pareciam mais crateras e grandes ondulações na pista pela viajem toda. Uma das causas do alto índice de acidentes de trânsito no Estado. Por isso não preguei o olho durante a maioria do percurso. Não tão sãos, mas a salvos, acabamos chegando ao nosso rumo. Chegamos à Fazenda Evaristo, onde o festival acontece pela segunda edição, lá pelas 7 horas da manhã. Com os corpos doloridos e sonolentos, e debaixo de uma garoa fina, tratamos logo de achar um lugar bom para armar acampamento. Ao contrário da reclamação de algumas pessoas com quem conversei depois, que ficaram horas na fila na entrada do evento para o cadastro, em 15 minutos já estávamos do lado de dentro. Chegamos num horário oportuno, no segundo dia do evento. A maioria das excursões já haviam entrado. Credenciados na imprensa, tínhamos alguns acessos que facilitaram um pouco nossa estada. Agora era curtir a festa e trabalhar um pouco, um trabalho agradável, diga-se de passagem, que era o de entrevistar artistas admiráveis em coletivas de imprensa, bater algum papo informal nos bastidores e registrar através de fotografias aspectos interessantes do evento. O bom de trabalhar num evento assim é que a diversão é a mesma, pois tudo está envolvido num clima festivo.
O acampamento, o espaço...
Encontramos um bom local para o acampamento, debaixo de árvores para que tivéssemos alguma sombra, caso desse sol, mas isso não aconteceu. Choveu o tempo todo. Uma garoa que fazia mais barro do que molhava. Assim, pelo menos, não precisemos torrar no calor do sol. Foram dias úmidos. Um carnaval de lama. O clima ‘Woodstock’ tomou conta do local. Viam-se criaturas deslizando pela grama, enquanto outros brincavam dançando no barro. Crianças corriam pra lá e pra cá, assim como os cães. Parece que a proposta de ‘paz e amor’ do Psicodália dá certo. É minha quinta edição do festival e não vi problemas relacionados à violência física em nenhum momento. Talvez seja por causa do espírito psicodélico e a proposta ‘humanista’ do festival, além da consciência dos participantes. A maioria vai para curtir as bandas e o clima do evento, portanto, são parte deste clima, e isso parece funcionar muito bem, devido às relações de respeito que acontece entre as diversidades. Cada grupo ou tribo na sua e se relacionando dentro desse ‘espírito’ que se cria. Vi por lá, além de crianças, cães e pássaros, inúmeros ‘hipongas’, alguns metaleiros, e até punks, todos convivendo no mesmo espaço, cada um com sua particularidade respeitada. A estrutura do local e a organização do evento facilitam muito a relação entre as centenas e milhares de pessoas que transitam pela fazenda nos cinco dias do evento, onde cada área de acampamento constitui-se num núcleo de convivência humana e cultural. Sombra e banheiros espalhados por toda a fazenda. Dois grandes palcos e uma qualidade de som inquestionável. Praça de alimentação e restaurante. Bebida gelada e em abundância. Tudo muito acessível. Tá certo que o valor dos ingressos do ano passado pra esse, subiu consideravelmente, e que a troca das dálias (moeda interna), por um cartão magnético, gerou um pouco mais de burocracia (as dálias tinham mais ‘a cara’ do evento). Mas nada que torne o festival algo ‘meramente’ lucrativo ou de menos relevância artística e cultural. Outra coisa que fica clara no Psicodália é o respeito ao meio ambiente. Um festival grande onde as pessoas conservam limpos os espaços. No final do evento, se vê pouco lixo pela grama. A natureza, os organizadores e o pessoal da limpeza agradecem.
Mas bá chê! Só pra se sentir um pouco perto de casa...
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As bandas, os shows...
A maioria das bandas segue uma linha de rock psicodélico, outras o rock progressivo, e algumas ainda a mistura de estilos e sons, o que gera uma riqueza musical e cultural muito vasta. Só havia presenciado isso nas edições do FSM (Fórum Social Mundial), evento que também participei durante anos a fio. Segundo as palavras de Marco Polo, vocalista da banda pernambucana setentista Ave Sangria, o Psicodália é um festival ‘Woodstock melhorado’, devido à estrutura, a organização, a diversidade de atrações e as relações humanas que se estabelecem. No sábado, lá pelas 13 horas, depois de enchermos a barriga no restaurante que ficava num enorme galpão ou CTG de pau-a-pique, iniciamos nossa empreitada. Prestigiar os vários shows do Palco do Sol (à tarde), e do Palco do Pasto (à noite), fotografar, participar das coletivas de imprensa nos camarins e etc., foi o que mais fizemos nesses dias de rock e psicodelia. Segundo as palavras de alguns amigos que já estavam no festival desde sexta, perdemos dois grandes shows, o da banda Mescalha e o da banda Terra Celta. Já no sábado, no Palco do Sol (diurno), curtimos um pouco da apresentação da banda Smokers (banda legal, mas ainda não tenho muita opinião sobre ela, talvez seja preciso conhecer mais seu som pra isso), e depois da já tradicional no evento, a banda Trem Fantasma que, com um novo componente nos vocais e guitarra, fez uma boa apresentação, misturando psicodelia com riffs bem elaborados de guitarra. Não ficamos até o fim das duas apresentações, pois tínhamos amigos para encontrar e coisas pra resolver.
banda TREM FANTASMA
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Lá pelas 16h30minh, foi a vez do Nego Blue subir ao palco e mostrar seu folk-blues-rock-ragge. Uma apresentação simples e muito ‘participativa’. A multidão entrou no embalo dos belos ritmos e das boas letras de Nego Blue, dançando e cantando junto. Um show divertido e repleto de boas canções.
NEGO BLUE & Banda
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Intervalo entre os shows da tarde do Palco do Sol para os shows noturnos do Palco do Pasto. Nesse meio tempo fomos à coletiva de imprensa com a banda TJB (Tradicional Jazz Band), última atração da noite. Na coletiva, a banda falou um pouco da sua história, dos festivais de Jazz que participa pelo mundo e da sua relação com o rock. Tudo com muita simplicidade, simpatia e sabedoria de músicos que tocam Jazz a mais de 40 anos. Impressionados com a magnitude do festival, os jazzistas demonstraram suas empolgações para o show que mais tarde viria. E veio com tudo...
Coletiva com TJB
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Rock and Roll Zéeeeee!!!
Ao escurecer, um ar fresco típico do outono fez com que vestíssemos roupas mais quentes, e lá pelas 20h, deu-se a abertura do Palco do Pasto com a banda mineira, também já tradicional do Psicodália, Zé Trindade. Neste momento carregávamos a bateria da máquina, então desta vez, não foi possível fotografar o show. E um belo show, diga-se de passagem. Novamente, o trio Zé Trindade mostrou pra que veio num show preciso e empolgante que levantou o público. Rock de belos riffs e com a presença brilhante da viola caipira. Uma porrada sonora e uma grande presença de palco da banda.
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Depois do Zé Trindade, outra banda já tradicional no festival subiu ao palco, com um show novo. De Itajaí para o Psicodália, foi a vez da banda Casa de Orates. Com uma estética ‘teatral’ e novas músicas entre as já conhecidas, Casa de Orates fez uma boa apresentação. Particularmente eu esperava que o ‘novo show’ da banda fosse também novo em linguagem. Músicas novas, mas estética e presença de palco semelhantes as das outras apresentações que vi. Talvez seja essa mesma a proposta artística da banda. Numa linguagem teatral meio ‘clássica’, a banda tem um público fiel. Nessas alturas eu já estava meio alto devido ao trago do dia todo, então precisei ir comer algo antes que meu corpo se entregasse.
banda CASA DE ORATES
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Adoro Sopa!
Depois de encher a barriga com um simples e saboroso cachorro quente e um delicioso quibe de carne, voltei ao trago e fui novamente pra frente do palco curtir e fotografar a apresentação da próxima banda. Desta vez, pra combinar, eu e a Liza abrimos uma garrafa de vinho Merlot, já que a próxima atração leva o nome de um dos nossos pratos prediletos. A banda Sopa (outra tradicional do festival) subiu ao palco com uma estética ‘infanto-psicodélica-circense’ e deu literalmente um show. Já gostava das apresentações anteriores da banda, mas desta vez foi realmente um espetáculo! Uma precisão e comunicação de primeira, numa linguagem artística de dar dó. Destaque para a vocalista que é um show a parte. Dinâmica e muito expressiva, a garota se transforma conforme a música e dá aula de interpretação, além de cantar bem. Uma das mais incríveis presenças de palco que já vi. No último dia do evento, quando encontrei o Ivan (Confraria da Costa) e ela juntos no Bazar (espaço onde se vende CDs, livros, camisetas, e roupas artesanais), não pude perder a piada e larguei: “Ivan, você é muito bom! Mas a sua mulher é ainda melhor!”. O show da Sopa pra mim esteve entre os pontos altos deste Psicodália. ‘Do ca-rá-le-o!’
banda SOPA
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Jazz & Diversão!
Intervalo de show. Depois de muito fotografar e ter sensações diversas pelo show da Sopa me reabasteci de cerveja no boteco. Mais alguns minutos e as cortinas se abrem para a última banda da noite, a Tradicional Jazz Band (já era passado da meia noite, portando, domingo). A banda mais ‘velha’ a tocar no festival deixou todos pasmos, propagando o bom e velho Jazz por todos os lados da fazenda e tocando todas as almas musicais e musicadas que haviam por lá. Além da simpatia e humor dos integrantes na coletiva de imprensa, os caras (ou senhores), mostraram que a idade é relativa quando o assunto é música. Confesso, eu não esperava tanto. Que show! Que espetáculo! Uma típica banda de Jazz que não deixa ninguém alheio. É impossível! Os figuras tocam demais! Quarenta e tantos anos tocando juntos. Não tenho como descrever o que vi/ouvi. Contrabaixo, guitarra semi-acústica, banjo, sopros e bateria, tudo muito dinâmico. Fiquei de cara com o baterista, principalmente no momento em que ele tocou ‘tábua de lavar roupa’, fazendo um solo incrível. Um show instrumental extremamente musical, no sentido amplo da palavra. Divertidíssimo e transformador. Só isso! Jazz & Diversão para olhos, ouvidos e almas elevadas.
TRADICIONAL JAZZ BAND
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O Saloon
Ainda abobado pelos dois últimos espetáculos da noite, puxei a Liza e, torpes fomos para o Saloon, onde tocava no ‘palco dos sobreviventes’ a banda de blues Eletric Trip. O Saloon é um ‘inferninho’ (um espaço que parece mesmo um bar dos tempos do velho oeste norte americano) que fica ao lado do Palco do Pasto. Os que sobrevivem aos shows noturnos, amanhecem dançando, bebendo, azarando, enfim, se divertindo dentro do Saloon. Eita lugarzinho! Pena que não deu pra nós. Muito altos do chão e o Saloon transbordando, acabamos indo para o acampamento. As pernas doíam muito e a cabeça girava, girava... Da barraca ouvíamos um pouco das conversas do Saloon e, entre aplausos, o blues da Eletric Trip embalou nosso sono.
Atrações do SALOON
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Pela manhã, a garoa engrossou e o ar fresco continuava. Um convite para o sono. Acordamos já era passado das dez. Fomos novamente forrar o estômago para agüentar o dia de atividades. 13h30min aproximadamente sobe ao Palco do Sol a dupla Zezé & Simões. Pelo nome da dupla - e por ser uma dupla, somado a minha ‘mania’ crítica e há um pouco do meu pré-conceito, cheguei a ironizar dizendo pra mim mesmo que isso parecia ser uma dupla sertaneja. Quase não fui ver por isso. Mas de longe, aquela musicalidade me chamou. Cheguei frente ao palco e graças a Dionísio, pude ver e ouvir uma bela apresentação. Zezé & Simões fizeram do palco um altar sonoramente cultural, misturando folk com músicas regionalistas. Coisa linda de se ouvir! Curti muito esse show com uma paz de espírito incomum e que geralmente não tenho, por ser meio cético e sarcástico cotidianamente. Já fui zen um dia (só um dia). Até praticava Tai Chi quanto era adepto as artes marciais. Mas o que isso tem haver com o zen budismo ou com o show? Nem eu sei. Deixa pra lá! Depois dessa bela apresentação de Zezé & Simões, fomos dar um role pela fazenda, curtir um pouco outros espaços, fotografar coisas, ir até o banheiro, resolver assuntos relacionados ao trabalho na imprensa, fazer contatos novos, beber cerveja, descansar e etc. Nesse tempo em que tivemos circulando, tocou a banda O Trilho. Pude pegar o final da sua apresentação. Banda interessante pelo pouco que vi. Infelizmente, é tanta coisa que não dá pra captar e relatar tudo.
ZEZÉ & SIMÕES
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Depois de O Trilho tocar no Palco do Sol, foi a vez da banda Goya. Jazz com funk e progressivo swingado instrumental. Sempre gosto das apresentações do Goya, desde o tempo em que o Giva (hoje Ruído/mm e RedTomatoes), amigo e antigo baterista xapecoense que já foi nosso companheiro de banda, tocava no Goya (aliás, Ruído/mm com seu som experimental-instrumental, seria uma belíssima atração pra uma próxima edição do evento). Goya trouxe um pouco da sonoridade mais jazzística para a tarde de domingo do Psicodália, fazendo uma boa apresentação, como de costume. Depois foi a vez da banda Pão de Hambúrguer tocar. Assim como O Trilho, não conhecia a banda. O pouco que vi achei interessante, mas não o suficiente para fazer um comentário mais aprofundado.
banda GOYA
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Intervalo das apresentações do Palco do Sol para o Palco do Pasto e fomos até a área reservada à imprensa para a coletiva com a banda O Terço, o que acabou não acontecendo naquele momento. A coletiva seria minutos antes do show, assim deu tempo pra um descanso na barraca, um banho e jantar. Feito tudo isso, voltamos pra área da imprensa observar os bastidores enquanto bebíamos cerveja. Chegada a hora, a primeira banda a se apresentar no Palco do Pasto foi Koti e os Penitentes (a banda que canta koti, o Chucrobillyman). A banda fez uma boa apresentação, mas como essa seria a ‘noite do rock progressivo’, achei que ela ficou um pouco deslocada. Também não vi todo o show, pois ficava transitando um pouco pela fazenda, observando e registrando uma coisa aqui outra ali. Terminada a apresentação de Koti e os Penitentes, subiu ao palco a banda O Conto, outra já tradicional do festival. Desta vez com novidades, O Conto fez um baita show. Davi, o guitarrista e vocal anterior saiu da banda, entrando em seu lugar Clisseu, um dos responsáveis pela imprensa do Psicodália (aliás, muito simpático e atencioso conosco). Com essa ‘troca’, tanto o som quanto o aspecto da banda mudou. Klaus, o baterista, flautista e trompetista da banda, além de um dos ‘cabeças’ do festival, passou a ser também o vocal principal. A banda melhorou muito do ano passado pra esse, musicalmente falando. Assim, pudemos ver uma grande apresentação de rock progressivo do trio O Conto (bateria, guitarra e teclados), com a presença inusitada no palco de um boneco manipulado gigante. Músicas com texturas mais pesadas e quebradas. Banda muito bem entrosada. Um baita show e que surpreendeu muita gente.
banda O CONTO
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Depois do Conto, quem subiu ao palco foi a banda Cartoon. Banda mais conhecida do grande público (nacionalmente e até internacionalmente). Cartoon fez um belo show de rock progressivo. Em momentos parecia que eu estava num show do Yes, juro! Os caras tocam demais! As influências da música clássica européia eram visíveis no som da banda que, além dos instrumentos ‘tradicionais’ do rock, usou cítara e um violoncelo durante o show. Destaco o vocal que também era baixista e que, além de tocar muito bem, cantava pra diabo! Saltava dos graves pros agudos brincando, afinadíssimo. Tivemos que sair quase no final do show para a coletiva do Terço que aconteceu dentro do camarim, assim deu pra sacar bem o som da banda.
banda CARTOON
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Calor do cão, e entre flashes e as luzes medonhas das filmadoras, lá estava eu, perguntando, gravando e anotando questões as que considerei interessantes. Muito simples e simpáticos, Flávio Venturini, Sérgio Hinds e Sérgio Magrão, componentes da formação ‘clássica’ do Terço, e um baterista, cara mais novo, de que eu não lembro o nome, responderam as perguntas dos repórteres bem humorados. Ficou um pouco difícil de ouvir, pois além de falarem baixinho, a banda Cartoon ainda tocava, e como o camarim ficava atrás do palco, já viu. Tremia tudo. Na minha gravação se ouve mais o grave do bumbo da bateria e do baixo do que as vozes dos entrevistados. Mas tudo bem, assim mesmo valeu à pena ouvir da boca daqueles que viveram um período rico em criações artísticas e musicais no Brasil como foram os anos setenta, e que fizeram parte daquele contexto histórico. Em minha opinião, O Terço é uma das principais bandas do rock progressivo (rural e folk) do Brasil. Depois da coletiva, um papo rápido em off e a espera pelo show.
coletiva com a banda O TERÇO
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Passaram-se alguns minutos e finalmente uma das atrações mais esperadas do festival sobe ao palco. O Terço entra com tudo e mostra porque é uma banda respeitada e venerada. Que show! Musicalmente falando, um dos melhores que já vi/ouvi. Lindo! Revisitando os dois discos mais importantes da sua carreira, o ‘Criaturas da Noite’ e o ‘Casa Encantada’, além de tocarem algo novo, O Terço fez parte do público se emocionar. Difícil foi conter as lágrimas na música ‘Criaturas da Noite’. A letra, a sonoridade, a musicalidade e a voz de Flávio Venturini somados, são agentes de uma química - uma química emocional. Alguns problemas técnicos no som não tiraram o brilho do espetáculo. Eu esperava bastante deste show - e tive! Deusdocéu! É pra ficar na memória. Minha alma se encheu de música! No bis, O Terço volta com ‘Hey Amigo’, e a multidão canta em coro e a energia é geral. Difícil, muito difícil não fazer parte daquele momento. O Terço fez o Psicodália cantar, literalmente! Os teclados, violão e a belíssima e característica voz de Venturini, os coros, as guitarras e violões de Hinds, os coros e o baixo de Magrão e o show a parte do ‘novo’ baterista (o bicho toca demais!), botaram todos na roda. Depois disso tudo, eu e a Liza fomos até o restaurante tomar uma sopinha para amenizar o trago e evitar a ressaca do dia seguinte, um pouco chapados pelo espetáculo que acabávamos de ver.
banda O TERÇO
Continua...
3 comentários:
Massa pra caralho!!
Eu devia ter ido...
inesquecível!
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