Domingo entre outras grandes apresentações musicais e
artísticas, durante o dia tivemos visitas na nossa instalação poética no acampamento
do Grupo Vertigem de Ações Poéticas. Fizemos alguns diálogos e troca de
informações com mídias independentes e pessoas que circulavam pela fazenda.
Final de tarde, e o primeiro show musical que registramos e curtimos foi no
Palco do Sol, com a histórica banda Azymuth
(RJ). Um baita show quase 100% instrumental, de muita competência. Uma espécie
de Fusion soul/jazz de arrancar aplausos e boas vibrações do público. Músicos
de alto nível, assim como suas composições. Demais!
Fiquei um pouco triste por perder o show da Lucinha Turnbull (SP), uma das
primeiras guitarristas mulheres do rock brasileiro, que foi companheira musical
da Rita Lee na banda Cilibrinas do Éden, depois da saída da
Rita dos Mutantes, e que, dá pra se
dizer, foi a banda embrionária do Tutti-Frutti.
Perdemo-nos no tempo e na programação, mas podemos ouvir as músicas da barraca.
O cansaço neste momento havia nos derrubado. Mas, mesmo a distância, podemos
dizer: Lindas músicas, lindo show!
Um tanto recuperados, no Palco Lunar pegamos o show daquele
que é um dos grandes guitarristas brasileiros, e que foi membro de uma das
grandes bandas deste país, os Novos
Baianos. Trata-se de Pepeu Gomes.
Juntamente com seu filho, compondo a outra guitarra, e grande banda, Pepeu fez
um grande show, como haveria de ser. Outro instrumental de vibrar. Muito bom!
Na sequência foi a vez da banda chilena Chico Trujillo. Grande show de música latino-americana que pôs o
povo pra sorrir, dançar, confraternizar. Los hermanos (não a banda brasileira)
fizeram um belíssimo show, e a noite ficou ainda mais alegre e divertida.
Gracias hermanos!
Madrugada no Palco dos Guerreiros, vimos um tanto da banda
gaúcha Trabalhos Espaciais Manuais,
indicação do amigo Caio da rádio Putz
Grila. Muito boa! Grande instrumental, experimental, fusion. Encerrado
nossa noite frente aos palcos do Psicodália.
Segunda-feira no Palco do Sol a banda Escambau (PR) fez um baita show. Experimentalismo, psicodelia,
belas canções e letras contestatórias. Já conhecia a banda, mas nunca havia
visto ao vivo. Gostamos bastante. Bela performance também. E teve até
participação do amigo/fotógrafo e saxofonista Nicolas Pedroso, gente boníssima!
Giovanni Caruso e Paraguaia são figuras conhecidas do rock independente, e com
a banda, deixaram sua marca e recados no Psicodália. Bom demais!
Ainda no Palco do Sol, no final da tarde vimos/ouvimos Anelis Assumpção, filha do grande
Itamar Assumpção. E outro belo show! Mulher forte, presente, com canções que
nos instigam e provocam. Massa! Depois, entardecemos frente a rádio psicodália
nos divertindo e bebericando na festa Balkan. Um role e a única coletiva de
imprensa que tivemos oportunidade de participar (não sei se houveram outras,
dos nomes mais conhecidos, acredito que não) com o mestre Jorge Mautner, antes do seu show no Palco Lunar. Uma troca de
ideias, pausa para fotos, e Mautner muito simpático, conversador, interessado
nos assuntos (nisso, agradecemos a Letícia, nova responsável pela imprensa do
festival, pelo respeito, consideração e atenção!). Já havíamos assistido
Mautner (em companhia do Jacobina, seu companheiro musical, grande violinista)
em Chapecó, alguns anos atrás. Encerramos o papo e fomos para frente do palco
ver/ouvir e registrar o show. Muito bom, com certa simplicidade e momentos de
contemplação de Mautner que, passava a bola para a banda e assistia a reação do
público ao seu show. Botou o povo pra cantar alguns dos seus ‘clássicos’.
Depois foi a vez do bruxo, do mestre, um dos grandes
experimentadores da nossa música, Hermeto
Pascoal e banda. E que banda! E que show! Já havíamos visto o mestre em
outra edição do Psicodália, com outros músicos e outra proposta de show. E
desta vez, novamente, foi impecável. Hermeto é um dos grandes nomes da música
experimental brasileira e mundial. Grande!
Depois saímos para um descanso na barraca, pois o cansaço era
grande, e a saúde não ajudava muito. Fui para o festival em meio a um
tratamento de saúde, que segue. Mas consegui me manter equilibrado. Energias
reestabelecidas, na madrugada pegamos o show dos nossos amigos da Picanha de Chernobill. Baita banda
paulista que tivemos o prazer de conhecer artisticamente e pessoalmente no
Morrostock do ano passado, onde fizeram um belo show e batemos um bom papo. E
no Psico não foi diferente. Blues, hard rock, psicodelia, grande presença de
palco e belas músicas/canções! Ou seja, um grande show! Depois tivemos mais uma
vez a honra de conversar com a gurizada no camarim. Bandaça!
“Voz Mulheres!”, Grupo Vertigem de Ações Poéticas
Chega nosso último dia e noite no Psicodália 2019.
Terça-feira já aponta para o final de mais esta belíssima edição do festival.
Aproveitamos bem o dia, conversando com amigos/as e fazendo novos/as
conhecidos/as. 14h na tenda do teatro, foi nossa vez de subir ao palco, com o Grupo Vertigem. Edição passada
apresentamos o espetáculo ‘Barricadas Poéticas’, e foi muito bom! Nesta edição
não foi diferente. Com o espetáculo ‘Voz Mulheres’, apresentamos as vozes de
várias mulheres, autoras da poesia, da história, do cotidiano. Artistas,
poetizas, bruxas, putas, campesinas, lutadoras, benzedeiras, guerrilheiras,
resistentes... mulheres! De Emily Dickinson a Conceição Evaristo, passando por
Hilda Hilst, Carilda Oliver Labra, Elza Soares, Viviane Mosé, e a mulher que também
é Eduardo Galeano em muito de sua sensibilidade e luta. Poesia, música e áudio
visual, são as linguagens da nossa proposta. Além dos corpos vivos que pulsam e
se movem, além das ‘vozes mulheres’ que existem em cada um de nós. Nisso,
agradecemos mais uma vez a querida Mayra
e toda sua equipe de trabalho, pela oportunidade, carinho, respeito, amizade e
profissionalismo. Assim como, ao público que lotou o teatro para ver/ouvir o
espetáculo e todas as vozes que, em consonância e dissonância, formaram um só
eco que se eternizou. Esperamos voltar ano que vem novamente. Obrigado e até a
próxima!
Fotos Camila Almeida
Final da tarde fomos para o Palco do Sol curtir e registrar o
grande Hamilton de Holanda (RJ) e
banda, um dos grandes nomes da música instrumental brasileira contemporânea, ‘armado’
com seu bandolim. Uma aula! Um baita show! Hamilton é deste músicos que tem
música na alma, que se expressa tão naturalmente com seu instrumento. Bom
demais!
Algum tempinho depois, sobe ao Palco Lunar uma das bandas de
rock que mais queria ver/ouvir no Psicodália, a magnífica banda carioca Bacamarte, com ‘participação’ da que já
foi uma das maiores cantoras deste país, Jane
Duboc. Uma das minhas bandas preferidas do chamado rock progressivo
brasileiro. E que show! As composições do Bacamarte são incríveis! E a execução
delas não fica para trás. Reunião de grandes músicos no palco. Mário Neto (um
dos grandes guitarristas do Brasil) e Marcus Moura (grande flautista)
comandaram o espetáculo. Tivemos o prazer de conhecê-los pessoalmente no Rio de
Janeiro, um tempo atrás, num show de rock progressivo, apresentados pelo amigo
Jorge Carvalho, baixista da banda Arcpelago
(grande banda carioca). Duas pessoas simpáticas, além do grande talento. E
só temos a agradecer pelo belíssimo show. Quem não conhece, fica a dica.
Procurem o disco ‘Depois do Fim’, uma obra prima da nossa música, do nosso
rock. Obrigado Bacamarte!
Depois foi a vez da banda paranaense, já bastante conhecida
pelo público do festival, Mulamba.
Mais uma vez um grande show que moveu o público. Música e atitude. Feminismo e
política (no seu sentido ampliado). Mulamba, além de musicalmente boa, tem
grande postura de palco. As meninas mandam muito bem, nas suas manifestações e
musicalidade. Resistir para existir! Avante Mulamba!
Na sequência, outro show que já havíamos visto no Morrostock,
o da Letrux (RJ) e banda. Um baita
show para encerrar nossa estadia em frente aos palcos do festival. Letrux é uma
cantora performance que manifesta sua condição sociohistórica de mulher
libertária. Muito bom o show. Somos apaixonados por efeitos e sintetizadores, e
nisso, o show da Letrux não poupa. Intenso e com atitude, ora realista, ora
poética. Mais uma vez, um grande show. Muita energia para encarar os tempos
difíceis que o brasileiro sensível e sensato enfrenta. Gostaríamos de ter visto
ainda os shows da Tuatha de Dannan
(MG) e Machete Bomb (PR), mas não foi
possível. Sairíamos (saímos) cedo na quarta, retornando ao velho oeste. Uma
viagem de 7 horas de estrada e muito movimento de caminhões.
Em suma, o Psicodália mais uma vez proporcionou grandes
momentos. Mesmo sem as crianças, seus sorrisos e suas cores, suas alegrias de
vida, e com certo policiamento, o festival cumpriu com seu papel, que é de
oferecer boas atrações socioculturais e artísticas ao público. Mesmo dentro de
um contexto moralista e opressor, muitas vezes disfarçado, que virou o Brasil
dos últimos anos, o Psicodália resiste e inspira resistências. Democracia se
faz com ocupação dos espaços e participação. Portanto, é fundamental que
ocupemos, criemos, participemos dos eventos deste teor. Continuemos juntos,
criando, desenvolvendo, resistindo, ampliando, pois, muitas vezes são nos
momentos difíceis que grandes ideias e criações surgem. E como diria meu amigo
bigodudo, ‘o que não nos mata nos fortalece’. Nisso, transformemos
‘tragédia/dificuldade em potência’, pois ‘temos a arte para que a realidade não
nos destrua’ (Nietzsche). No mas, obrigado e até a próxima!
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