The Mars Volta & Rage Againsth the Machine: Rock, Caos e política
No sábado, primeiro dia do Festival SWU - Music + Arts, realizado na Fazenda Maeda, em Itu, interior de São Paulo, tocaram algumas bandas das quais eu e a Liza queríamos muito ver. Já que a grana não deu, assistimos algo pela internet. Los Hermanos, pelo pouco que vimos, fez um belo show, onde o público cantou junto várias canções da banda. Almarante brincou com o público e Camelo parece ter se impressionado com a quantia de gente (em torno de 48 mil cabeças, pelas notícias que li em sites). Até parecia que era mais. Depois vimos a banda que mais queríamos ver, a californiana The Mars Volta. Conheci Mars Volta, justamente, pela televisão quando tocou no Tim Festival, anos atrás, e me apaixonei de cara. Gosto muito de psicodelia, garage e afins, e a banda traz isso no seu som. Algo de jazz, King Crimson, Floyd, Electric Prunes, MC5. Li em blogs, sites e afins, comentários negativos da apresentação do Mars Volta (muitos outros positivos, é claro!). Alguns diziam que havia sido um show chato e ‘estranho’. Mas o que é ser estranho? É claro, para quem não conhece bem a banda ou não gosta de psicodelia ou garageira, as críticas são óbvias. Mas o que eu pude ver pela net foi um baita show! Mais tranqüilo do que os outros que já vi, porém com a mesma intensidade. O Mars Volta é uma dessas bandas que não tem nada de óbvio, previsível e repetitivo. Cada show é um novo acontecimento, o inusitado. Quem esperava uma banda com uma lógica matemática, rifes e refrões melodiosos para cantar junto ou o vocal gritando ‘sai do chão!’, deve ter se frustrado mesmo! A banda veio com um baterista novo (pelo menos para mim), muito bom por sinal (Mars Volta sempre com ótimos bateristas), e a banda menor, sem o outro tecladista ‘negão’ (figuraça! - uma pena!), e sem o saxofonista. A banda iniciou o show quebrando o clima mais ‘comportado’, mandando sua forte energia pelos amplificadores, e o público pulando junto com o psico-garage da banda. Depois terminou o show com uma leveza típica de bandas progressivas como Pink Floyd, com efeitos e divagações sonoras. Omar Rodriguez (guitarrista) e Cedric (vocal), os personagens centrais do Mars Volta, dispensaram as palavras ditas, dando o recado com a música e suas posturas desconcertantes e sua sonoridade dissonante - e com certa elegância visual ‘meio torta’. Muito bom! Como queríamos ter visto isso ao vivo!
O ponto máximo da noite (pelo menos era essa expectativa), o que, de certa forma aconteceu, pelo menos para os maiores fãs, foi a apresentação do Rage Against the Machine. Rage tocou pela primeira vez no Brasil e na América Latina, e mesmo com seus componentes mais velhos, mostrou toda sua potência sonora e de palco. Um showzão! Clássicos da banda fizeram o público pular, gritar e fazer o chão tremer. Zack de la Rocha, o vocal, chegou a mandar uma música para ‘os irmãos do MST’ (palavras suas!). Banda de certa convicção e posição política como sempre foi, Rage é mais do que um mero produto da industria fonográfica por isso! Posições políticas, assim como posturas, se conquistam e se constroem, com propostas artísticas, visuais e sonoras, também! Já sabia que esses dois grandes shows da primeira noite sacudiriam o Brasil! Mars Volta & Rage, que dobrada! Queria ver ainda Cidadão Instigado, Teatro Mágico (que já vi ao vivo), Os Mutantes, Pixies e Queens of the Stone Age. Regina Spektor e Joss Stone também me interessam. Até verei, mas só pela internet mesmo. Não é a mesma coisa, eu sei. Mas ainda bem que existe a tecnologia para isso, ufa!
* texto: Herman G. Silvani (Niko)