nosotros y lo hermano Guto a caminho do Rock'n'Roll Night...
Herman (Niko), Liza e Adriano.. show da Tribo Audaz no Rancho Dariva, finais dos anos'90
Hoje, depois de muitos anos, voltamos ao Rancho Dariva, para um
evento de rock que se firma como um dos mais significativos daquela região, e
que, geralmente acontece no inverno – esta vem a ser a primeira edição no verão
do Rock’n’Roll Night. Desta vez (ainda!), Epopeia não foi para tocar, mas para
prestigiar, curtir, apoiar, participar, integrar e registrar aspectos desse
evento.
O local muito bom, arborizado, com muita grama, estacionamento
seguro e um bom local para camping. Fomos os primeiros a erguer acampamento. O
evento, por sua vez, muito bem organizado, com preços acessíveis e boas bandas
se apresentando. Outros eventos e grupos (coletivos) participam e apoiam
eventos como este, e isso gera um grande ‘movimento de rock’ independente e
autoral no sul do país, necessário para a continuidade dessa ‘cultura’ ou arte,
desse ‘modo de ser e fazer’. Estavam lá ‘representantes’ do Morro Stock e do
Psicodália, assim como nós, representando o coletivo Entrevero, que mesmo um
pouco estacionado, continua. Esses ‘apoios’ e participações, devem ser levados
em consideração quando se pensam ‘ações’ como estas, ao também se escalam
artistas, produtores, bandas, imprensa, trabalhadores, para comporem o ‘menu’
desses eventos, pois é devido a isso que uma ‘cena’ passa a existir e se
fortalecer, não como um mero negócio, mas como uma movimentação pelas
expressões artísticas.
Foi bom ter encontrado amigos de longa data, distantes fisicamente
(pois com o mundo virtual, hoje nada é tão distante), assim como fazer novos
amigos e contatos. É assim que se cria a possibilidade de uma ‘rede’ de
comunicação e integração, e que pode fortalecer e dar vida a ações e eventos
culturais. Questão talvez, de sobrevivência e resistência, frente a uma
realidade, oras excludente e medíocre, onde espaços para expressões só se dão
através de ‘arranjos’ e trocas com produtores maniqueístas, publicitários e
mídias oficiais que são empresas lucrativas, quando não ideológicas, mantenedoras
de status, reprodutoras de modos, e não mais que isso – precisa mais? Ou seja,
eventos que reúnem cabeças pensantes, produções alternativas e independentes,
assim como seus artistas, de certo modo, são formas de resistência e ocupação
de espaços ‘livres’ de manifestação artística ou cultural, e isso só é possível
com comunicação e diálogo, bom senso e integração.
Trocamos ideias, mesmo que brevemente, com pessoas que movimentam
o cenário do rock independente no Sul, entre elas os produtores culturais Paulo
Zé (Morro Stock e bateria Bandinha Di Da Dó), Alexandre Osieck que, junto ao
Cristiano Farias (ambos membros organizadores do Psicodália), vendiam
pizzadália no evento, e com o Alexandre Pagliosa (guitarrista do Goya). A presença
e apoio de pessoas que tem certa experiência e ‘notoriedade’ (assim como das
bandas e artistas) dentro de um cenário, é muito importante para motivar, e
acaba referenciando, de algum modo, o evento. Num desses momentos de conversa, enquanto eu
pegava meu ‘naco’ de pizza, o tecladista/percussionista que tocou na banda Charles Racional se aproximou,
o saudei pelo belo show, percebendo que ele não me era estranho. Pensava que ele
havia tocado em alguma das bandas do Psicodália, e achei que era o Goya, mas
ele disse que não. Só agora, em casa, vendo fotos que fiz dos Psicodálias
passados, percebo que ele tocou na banda Sopa com o Alexandre - se não for, é irmão gêmeo-igual. Putz! Poderiam
ter me dito, já que falava com os dois naquele instante. Como sou da filosofia,
minha memória não é das melhores – há, mas como também sou da história e
fotografia, registro muito do que acho significativo, e isso comprova que eu
não estava de todo equivocado. Não tocou no Goya, de fato (perdão pela gafe!),
mas tocou na Sopa: há-há! Confundi, mas existe a relação – e eu, um pouco surdo, um pouco torpe - e
desmemoriado, ainda não estou totalmente louco (ou estou?), hehe! Brincadeiras a parte, a
correria é tanta que faz o diálogo, às vezes, não fluir direito.
'eco-copo' e o apoio entre os eventos...
saudações a minha memória, que não é fotográfica, mas pode ser 'fotografada'..
banda Sopa, Psicodália 2011...
Para não dizer que não falei das
flores...
Acontece que, às vezes (principalmente quem não se envolve, ou não percebe características desse meio) alguns confundem ‘consideração’, respeito,
admiração e até, simplesmente ‘interação’ ou contato, com idealismo ou
puxa-saquismo. Para um vivente como eu que é cético em várias coisas, esse
negócio de ‘babar-ovo’ ou algo que valha, não entra no cardápio. Conheci e
conheço algumas pessoas de certa relevância artística e/ou cultural. Algumas delas
são legais, simpáticas, instigantes, admiráveis, respeitosas, outras, vaidosas,
arrogantes e mesquinhas, por isso é que todos são gente e o que difere uma
gente de outra gente, é seu tato, seu modo de perceber e como esse perceber é
feito contato, comunicação, linguagem, relação com o outro e o meio. Obs.: Conste isso, remetido aos 'críticos' que acham que, as empreitadas da Epopeia e do Entrevero a outros festivais, citações de pessoas e etc., são simplesmente por interesses pessoais - não há pessoal em grupos que interagem e que vão além do 'mercado'. 12 anos de banda e prosseguimos com algumas práticas que nos são propósitos - sim, um deles, o de participar, compor, integrar, de fato! Somando e não diminuindo, estando em movimento... Mas enfim,
vamos aos shows - antes que eu me esqueça! risos...
*
Iniciado o evento, no palco externo, a primeira banda a tocar é a Meia Fase, banda local que, pelo que
entendi, fez a sua estreia. Com covers clássicos do rock, esquentou a galera
para a noite que recém começava. A dupla de DJs de Curitiba, Disco Veneno, discotecou vinis de música brasileira dos anos 70 a noite
toda no palco esterno que, detalhe, era uma tenda, como uma grande barraca
armada sobre os músicos, o som e o palco. Muito legal, esteticamente, inclusive!
A primeira das bandas
autorais, ainda no palco externo (‘palco barraca’), a tocar foi a curitibana Audac. A banda foi destaque na revista
Rolling Stones de novembro, ‘descoberta’ por Gordon Raphael, produtor dos
primeiros discos do The Strokes. Audac ‘escapa’ um pouco ao que predomina
enquanto ‘estilo’ ou ‘modo’ musical de festivais como estes, fundindo rock com
música eletrônica e muita psicodelia. Um som bem contemporâneo.
Particularmente, gostei muito da banda que, pouco conhecia. Vocais femininos,
efeitos sintetizados, teclado ‘espacial’, um baixo marcadíssimo (e bem tocado)
pela bela e ativa baixista, bateria integrando o clima e cozinhando bem, e
guitarra... bem, guitarra eu sou suspeito em falar. Como sou apaixonado por
efeitos, timbres, climas, ambientações, ruídos, sonoridades, pedais, etc., me
deliciei ouvindo e vendo as nuances da guitarra. Achei bompacaralho! E a banda
encerrou sua participação muito bem. Espero ver novamente essa banda, quem sabe
em um palco maior, com um som melhor (não que este estivesse ruim), pois ela
tem muita energia para liberar e trocar com o público. Audac fez um belo,
agradável e intenso show, com sonoridades modernas e atitude.
banda Audac...
as baixistas: Liza e Kare Nin (Audac)
Já no palco interno
(dentro do Rancho, uma espécie de CTG), a banda também curitibana, Charles Racional fez também, um belo
show, mais embalado por suingue, música brasileira, num tributo a Tim Maia e
Jorge Ben. Não percebi se a banda tocou música própria, mas ouvi, vi e senti
que foi bom, independente disso. E a galera curtiu. Creio que deva haver um
tipo de ‘equilíbrio’ quando falamos em bandas que tocam ‘cover’ (o que é
diferente de ‘releitura’ ou ‘versão’), pois muitas delas são boas e contribuem
para a festa. Mas é claro que, cada evento pode ter seu critério, seu motivo.
De minha parte, sempre, desde o início, em todas as bandas que toquei e que
estive a frente, a prioridade (quando não, tudo), foi (e é) a composição
própria. Mas isso não significa que eu seja um tipo de ‘puritano
fundamentalista’ que não tolera cover ou afins. Dependendo do caso, da banda e
do momento, posso até achar chato, às vezes, mas, em contrapartida, tem muita
coisa ‘autoral’ que também não dá, né?!. Mas esse é um assunto complexo demais
para agora, então, deixemos para outro momento, quem sabe. Em suma, Charles
Racional fez o público dançar, esquentando o ambiente e alegrando a noite. Foi
divertido, bem tocado e bem referenciado. Uma bela apresentação – tam-bém!
Charles Racional
Mustache e os Apaches, banda de
‘Vaudeville Folk’, uma das mais esperadas da noite (acredito eu), fez aquilo
que eu esperava muito ver/ouvir, ou seja, um belíssimo show, cheio de
vibrações, timbres, instrumentos, ritmos, embalos folk/country/blues. Mesmo eu
não sendo tão dado a bandas brasileiras que cantam em língua inglesa (também um
assunto para talvez, um outro momento), Mustache e os Apaches valeram cada
minuto da minha audição. Apresentação simples, alegre, intensa, forte e muito
musical. Gostei demais! E não só eu. A banda tem muita musicalidade e estilo, o
que me faz pensar: ‘Ah, ainda bem que isso ainda existe! Música antiga e boa, e
que sempre será atual!’, e essa, pra mim, independente da língua em que se
canta.
Mustache e Os Apaches...
Achei que depois da
Mustache, viria a Rinoceronte, mas foi a banda de rock/folk/hard (dançante,
diga-se de passagem) australiana Jarrah
Thompson. Já conhecia a banda (assim como a Rinoceronte), de uma das
edições do Psicodália. Mais uma vez, um baita show. E que qualidade de som,
eim?! Um pouco diferente da outra vez, desta, Jarrah Thompson fez um show mais
dançante, com batidas bem contemporâneas, além das levadas hard, folk e blues. Mais
uma vez, um vocal muito bom, acompanhado de um guitarrista bom também, mas com
uma cozinha ducaralho! Baixo e batera mantendo tudo firme e produzindo uma
energia que se comunicava com a percussionista e vocal que, toca demais, canta
e dança. Grande presença feminina na banda. Tem horas que ela ‘rouba’ a cena,
mas no fundo, soma, dando mais graça, estilo e vibração ao grupo. Bom demais!
Jarrah Thompson band...
Para finalizar o
palco interno, agora sim a Rinoceronte,
banda de Santa Maria, RS, sobe ao palco. Uma das bandas mais ‘estabilizadas’ sonoramente,
que já vi/ouvi no palco, ou seja, mantém um show, do começo ao fim, na mesma
vibe, com a mesma estrutura e pegada. Um show forte, intenso, por horas duro (e
isso não significa não ser bom), mas com muita energia e musicalidade. O trio
senta a ripa e não retrocede. Fez a galera intensificar a ‘roda punk’ ou o
‘pogo’ ou ‘a dança’, que já começara no show do Jarrah. Composições próprias
numa ‘linha’ mais hard rock, com passagens progressivas, garage, ou sei lá o
que. Mas, em se tratando da Rinoceronte, isso não importa muito. A banda tem
vida. Tem gás, energia, atitude sonora e musical. Timbres fortes, riffes
marcantes e devastadores, o que me lembra muito dos anos’70 e do que muitas
bandas estão fazendo hoje no rock também. Fechando a noite com muita vibração,
a Rinoceronte fez também um belo show, para a alegria dos mais de mil
participantes desse belo evento de rock que foi o Rock’n’Roll Night, edição de
verão. Só senti falta de alguma banda de Santa Catarina – quem sabe numa próxima
edição, não é?! Hehe! Agora que já dei a minha ‘cantada’, encerro essas minhas
impressões do evento, dados os meus ‘dotes’ de cronista, já pensando em algum
próximo (quem sabe o Psicodália 2014!), pois é de eventos como estes que
(inclusive, eu, como membro e compositor
de bandas independentes e autorais) o rock ou a manifestação artística - sem
sujeições, precisam para continuar.
Rinoceronte...
* por Herman G. Silvani
mais imagens:
Audac, seu rock-eletro-contemporâneo, entre efeitos e sensações...
Liza e Kare Nin (baixos e suas vibrações)
Jarrah Thompson.. música para além fronteiras e continentes...
baixo da Rinoceronte desenhando o rock com visceralidade...
um dos novos amigos.. o Ruivo...
Liza no 'desdobre' do acampamento... primeiros a chegar, últimos a sair...
enfim.. não há fim!