1º Movimento: (31/10, Curitiba/PR – Basement Pub)
Saímos de Xapecó-city com o ônibus que sairia as 22:20h, com um atraso de uns 20 minutos. Aproximadamente 9 horas de chão e estávamos lá. Viagem cansativa. O bus era bom, mas a estrada... haviam trechos que pareciam estrada de chão. Fomos conversando e ouvindo música boa parte do percurso. Uma cervejinha aqui, uma água ali. Um cochilo aqui, uma gargalhada aqui, e assim foi. Chegamos em Curitiba eram aproximadamente 7:30h, e o Michel (baixo, Tomates), já estava nos esperando. Fomos direto para o ap do Giva (bateria, Tomates e Ruído). Eu, Liza e Eliz ficamos na sala do ap, e lá foi nossa pousada e descanso durante aqueles dias. O Tuba, foi fazer estada no ap do Michel. A cidade é grande, bem traçada, muito bem projetada. O trânsito flui bem, as ruas são largas e os prédios altos. Um pouco fria, no sentido de individualidade. Traço típico de uma cidade de grande porte. No sábado, passamos o dia andando pra lá e pra cá, visitando lojas de som, equipamentos e instrumentos musicais, tomando cerveja e conversando. Giva e Michel sempre nos acompanhando. Além deles, a Jeane, companheira do Giva também nos acompanhava. No final da tarde, fomos no Largo da Ordem, um lugar muito legal, ruas de pedras e ponto turístico/histórico da cidade, onde as tribos e amigos se encontram para beber uma cervejinha e tal. Sentamos na mesa de um bar. Era uma construção que datava de 1937, se não me engano, aliada a todos aqueles prédios históricos, muito bonitos. Uma das coisas que mais me agradam em viagens para cidades maiores, é a arquitetura. Fotografei muitas igrejas, bares e construções deste tipo. Ficamos conversando sobre música, literatura, tribos urbanas, e outros assuntos mais aleatórios. Entre tragos e risos o tempo passou e fomos conhecer o ‘bar do torto’. Um lugar muito simpático, pequeno, e cheio de fotos e quadros do garrincha nas paredes, o motivo do nome do bar. Bebemos mais algumas cervejas ali e experimentamos o famoso salgadinho do bar, que diga-se de passagem, era uma delícia. Depois fomos para o Basement Pub, o local onde tocamos na noite. E que lugar! Um pub muito legal, que fica no porão de uma casa muito antiga. Todo de pedra. Um tanto obscuro eu diria, o quem muito me agrada. Pouca luz e fresquinho em seu interior. Algo que se vê em filmes da idade média. Muito legal mesmo. O local onde tocamos não era grande, cabiam, creio, umas 120 pessoas no máximo. O palco era legal e a acústica também. O som estava muito bom. Passamos o som, e depois ficamos por lá, de bobeira, bebendo, conversando e jogando sinuca. Até chegar a hora do rock acontecer. Os Tomates subiram no palco já era passado das 0:30h., e mandaram ver. Tocaram clássicos da banda e canções novas (muito boas por sinal). A banda mudou um pouco seu estilo e ficou mais contemporânea com isso, adquirindo referências novas, como o indie rock por exemplo, mas sem perder as do passado, do mod e garage rock que já a acompanhavam antes. Tocaram pouco tempo, mas bem tocado, dando seu recado ao público presente. Alguns minutos e subimos ao palco. Nem me liguei que a voltagem lá é outra, e usei meus pedais com as fontes em 220 mesmo, o que enfraqueceu os efeitos, e só fui dar conta disso no final da apresentação (que tolo!). Isso me fez sofrer um pouco, pois a resposta dos pedais não eram as desejadas, os efeitos ficaram mais leves quando precisavam de intensidade. Mas foi, e rolou a psicodelia igual. Mesmo muito cansados da viagem e do dia quente e movimentado, tocamos com gás. Na segunda música eu já estava encharcado de suor. O público era pequeno, porém, interessante, aproximadamente umas 40 pessoas. Diminuímos o repertório (de 15 para 10 músicas), devido o cansaço e ao tempo, já que tinha mais uma banda para tocar. O público, pelos aplausos e gritos no intervalo das músicas, e comentários posteriores, curtiu. Divulgamos alguns CDs e a festa continuou. Curtimos um pouco a última banda, a Planis, que tocava covers e alguma música própria (pelo que ouvi). A banda é boa. Não tenho muito comentários a fazer de bandas cover, nada contra, mas... destaco sim a guitarrista. Uma delas, pois a banda tinha nas guitarras duas meninas. Uma delas tocava muito bem inclusive. Foi o atrativo na banda, pelo menos para mim, que também sou guitarrista. Ficamos por lá, aproveitando o ambiente, tomando umas, conversando com o povo e os amigos do Tomates e suas companheiras. A banda terminou e continuamos por lá mais um tempo. Já eram aproximadamente umas 4h da madrugada, e resolvemos ir embora. Chegamos no Giva, comemos e tomamos um café. As meninas desmaiaram e eu fiquei mais um pouco assistindo televisão. Quando não agüentava mais, liguei um som e também capotei. Acordamos no domingo já eram 12:30h. O Giva foi com a gurizada preparar um churrasco caprichado no prédio do Michel. Banhos tomados, fomos para lá. Começamos a comer e beber lá pelas 13:30h e só paramos perto das 17h. Foi um almoço longo. E que churrasco, bah! Jogamos, rimos, bebemos, comemos e ouvimos música. Depois saímos novamente. Fomos até o ‘museu do olho’, local projetado por Oscar Niemeyer. Que coisa! Visitamos lá e saímos rumo a um bar. Passamos pelo cachorródramo, local onde as pessoas levam seus cães passearem, e quanto cachorro! Muito legal. Ficamos o resto da tarde bebendo umas geladas e conversando, admirando o lugar e as pessoas que ali estavam fazendo seu fim de semana. Tribos e grupos de amigos de vários estilos. Estávamos em casa, no meio da diversidade. O tempo passou e já era hora de ir. Arrumamos as malas, depois passamos num bar comer um lanche e fomos. Nos despedimos do Giva e da Jeane, e o Michel e o Nadal e suas consecutivas companheiras, nos levaram para a rodoviária. Nos despedimos, esperamos alguns minutos e embarcamos. A volta foi mais rápida, devido ao cansaço, dormimos mais. E tudo valeu a pena.
* Fazendo uma comparação, uma análise da viagem, o que sempre faço, percebi que a cidade de Curitiba é bem projetada, porém mais fria e/ou ‘capitalista’ do que Porto Alegre, por exemplo. Talvez pelo fato da cidade justamente ser mais ‘organizada’, limpa e com o comércio muito forte. Porém, seus parques e locais históricos, são bem preservados. Os bares simpáticos e pequenos. A realidade bem diferente daqui. Por lá, me pareceu que o público não se ‘mistura muito’ como aqui, talvez pela variedade de opções. São muitos espaços para o rock, e a grande maioria muito pequenos. Quem é acostumado aqui, com as casas de show grandes, onde cabem de 250 a 600 pessoas, lá são de 40 a 200 cabeças. As tribos são bem distintas. A coisa é mais territorial. Chapecó, talvez por sede de espaços e fazeres culturais, quando acontece algo neste sentido, junta mais gente num mesmo ambiente. Enfim, é um pouco isso.
* a Epopeia continua...