terça-feira, agosto 16, 2011

EPOPEIA, 10 anos de rock e psicodelia!

Depois do fim da banda de garage rock Tribo Audaz, em que éramos um trio (Giva, Liza e Niko), passamos a inserir mais psicodelia e progressividade nas nossas músicas. Foi assim que surgiu a banda Epopeia. Convidamos o Jakson Kreuz (antigo Bauretes Quisofônicos, hoje maestro-pianista) para fazer órgão e piano na banda. Assim, entre experimentações sonoras e musicais, Epopeia se encontra com o rock progressivo. Musicas longas, cheias de efeitos e referências eruditas, além da ‘confusão’ psicodélica. Em alguns anos, bateristas entraram e saíram da banda, a maioria muito bons (umas das peculiaridades da banda).


Eu, a Liza e o Jakson, mantínhamos a idéia e as composições em dia, até que o Jakson foi para Porto Alegre fazer sua faculdade de composição musical, e novamente, nós nos encontrávamos em um trio de garage rock, sendo que, nossa ‘escola musical’, tanto minha quanto da Liza, foi o punk rock – hard core e o garage, só que agora com um elemento a mais (e que nunca mais nos largou), a psicodelia. Eu toco rock desde meados de 1993, quando montei minha primeira banda, a G.D.P. (Gritos de Protesto). Uma banda punk-HC, suja, irada e direta. Mal sabíamos tocar. Eu cantava, o Gugo tocava bateria e o Cristian, baixo. Sem guitarra, ligávamos o baixo numa caixinha ‘Fran’, daquelas bem baratas, aumentávamos o volume e: ‘eis a distorção!’. O baixo soava como uma guitarra. Era tudo o que precisávamos.


Na época eu já tinha uma noção básica de violão, então aos poucos, fui introduzindo uma guitarra na banda. Por não gostar do instrumento, convidei um amigo para compor as guitarras, o Flávio Tubino, antigo roqueiro que tocava em bandas do início dos anos 90 aqui em Xapecó. Aos poucos fui pegando gosto pela guitarra, e quando Marcelo Téo entra na banda, já dividíamos a função. Logo, teríamos duas guitarras para engrossar o caldo punk que preparávamos para saciar nossa fome sonora. De G.D.P. mudamos para Restos de Nada, depois Igual a Nada e por fim, Princípio do Fim. Com este nome inauguramos (e fechamos também) alguns importantes espaços do rock chapecoense, como o bar ‘Leros e Boleros’ e o ‘Jamaica’ no calçadão. Festas como a ‘Cantando com los muertos’ também foram cruciais na nossa trajetória, entre outros. Depois disso, muitas bandas punks surgiram e terminaram também.


A Princípio do Fim durou até meados de 1995. Me juntei a outros amigos para continuar com os projetos de rock na cidade. Sem banda fixa, criamos o projeto ‘Improvizzo’, onde compúnhamos algumas músicas e tocávamos outras de terceiros, tudo na linha punk – hard core, até que um dia, eu, o Giva (hoje Ruído/mm e RedTomatoes, Curitiba) e o Dani Téo (irmão do Marcelo, hoje produtor em estúdio em Porto Alegre), montamos uma nova banda que se chamou X-Meleka. Dani saiu da banda e entrou no seu lugar o Wlady, substituindo a Liza, até que essa aprendesse a tocar seu instrumento, o baixo elétrico. Com esse trio, foram várias apresentações, em dois anos e meios de atividades, mais ou menos.


Fundamos, junto a outras bandas, alguns espaços importantes do rock chapecoense na época, como o ‘República Rock’, na boate do CRC, o ‘Hollywood Rock’ bar e o ‘Domingo Lesgau’, onde várias bandas tocavam todos os anos na avenida central, entre outros. Gravamos uma demo-tape, e uma música numa coletânea em CD de bandas independentes de todo o Brasil. Depois ainda tivemos uma música nossa regravada por uma banda paulista.









A Liza entrou no final da X-Meleka, quando saiu o Wlady. Logo, a banda viraria a Tribo Audaz, e do punk-HC-Ska, nos tornaríamos garage rock. A Tribo Audaz teve vida curta, mas não menos intensa. Tocamos na nossa primeira feira (EFAPI), em 1997 ou 98, se não me engano, e fizemos várias viagens para festivais de rock no sul do país, levando sempre, um ou dois ônibus lotados, com público, amigos e outras bandas.



A ida do Giva para Curitiba, fez com que a banda parasse por alguns meses. Mas logo, logo, surgiria a Epopeia. Eu, Liza, Jakson e João Santin na bateria, tocamos os primeiros acordes com este nome, em 2001. Depois, João vai embora para Florianópolis e em seu lugar entra Marcelo Carraro. Marcelo, depois de um tempo também vai para o litoral estudar, e em seu lugar entra Marlon Zanin. Eu, cansado de cantar, e já que nunca fui ‘cantor’, deixei meu posto para uma amiga que ficou um curto tempo na banda, até também ir embora, a Sú. Marlon sai da banda e com a volta do João para Xapecó, a bateria novamente estaria ocupada. Lizzi, assume os vocais por um curto período de tempo também.




Eliz, que é irmã da Liza, entra na banda para uma única apresentação. Lá vou eu novamente pros vocais. João sai novamente da banda e Jakson então vai embora para POA e a banda estaria novamente em risco, mas não por muito tempo.








Eis que surge em cena Fabrício Tubin, e com suas ‘baquetas voadoras’ e modo peculiar de tocar, contribui para que a Epopeia adquira sua ‘própria voz’. Como um trio de garage rock psicodélico, tocamos durante uns cinco anos. Até que Eliz volta pros vocais e, enfim, a Epopeia chega ao seu som. Entre seis e sete anos tocando juntos, em janeiro deste ano, Tubin sai da banda e do mundo material (pelo menos fisicamente), o que nos causa imenso abalo. Pensamos em encerrar de vez as atividades com a Epopeia devido ao acontecido e as dificuldades em se fazer rock por aqui, mas graças ao apoio de amigos, fãs e admiradores, e pela entrada de um novo e também grande baterista, a banda continua.








 
Logo, logo, estaremos novamente em ação, com surpresas, novas músicas e sonoridades, com a nossa pegada e energia já características, novas versões e possibilidades, nosso ‘espírito sonoro’ revigorado para, novamente, tocarmos por aí...


Em breve!


  


 A Epopeia continua!


domingo, agosto 07, 2011

Entrevista... 'em breve, nos palcos novamente!'

         * Entrevista para o jornal Sul Brasil (na íntegra) – com a jornalista Petra Sabino.

Por: Herman G. Silvani (Niko)


- Quem são os componentes da banda; nomes (como querem ser chamados na matéria) e funções?

R: Maninho: bateria; Liza: baixo; Niko: guitarra/voz; Eliz: vocal.


- Fale sobre a banda: desde quando existe, formação original, estilo (rock nacional, internacional, pop e etc), planos futuros, o porquê do nome...

R: Epopeia iniciou em meados de 2001, comigo, a Liza e o Jakson (teclados). Logo entrou o João Santin na bateria e a banda estava formada. A proposta inicial era o Rock Progressivo, mas aos poucos fomos absorvendo, experimentando, nos transformando e adquirindo uma voz própria. Ao contrário de algumas bandas que se dizem ‘anti-rótulos’ só pra não se comprometerem com o que realmente estão produzindo, nós nos caracterizamos dentro do que gostamos de chamar de ‘rock psicodélico contemporâneo’ (e isso não significa limitação ou rótulo, é apenas uma espécie de identificação ou identidade, importante como referência). Flertamos também com o Garage Rock e a Soul/Black Music. Mas as referências são muitas e amplas. Pesquisamos, ouvimos muita coisa e experimentamos também. O nome foi dado pela ‘força’ que ele mesmo traz em si. Ou seja, Epopeia é um ‘estilo’ de poesia clássica, geralmente longa e que conta uma História de grandes feitos humanos. Relacionamos isso ao rock, devido a sua própria História, que é grandiosa, que é um feito, uma Epopeia, não só passada, mas atual, que continua, talvez a maior de todos os tempos. É isso. Planos, temos alguns, mas sempre com a consciência do que queremos com a banda. De mais ‘imediato’, pretendemos gravar as músicas novas e fazer um vídeo clip... logo, logo...


- Cite algumas músicas presentes no repertório (cover).

R: Não somos uma banda ‘cover’ pois nunca pretendemos chegar perto das músicas das bandas ‘originais’. Fizemos ‘releituras’ ou ‘versões’ daquilo que gostamos e conseguimos adaptar ao nosso ‘modo’ ou ‘estilo’, levando em conta nossa pegada, timbres e sonoridade. Tem que ter nossa ‘alma’ ali, senão não rola. Mas dá pra citar como ‘releitura’ algo tipo... Os Mutantes, Plástico Lunar, algo de Patrulha do Espaço, The Who, Jafferson Airplane, The Kinks... por enquanto tocamos isso. Por aí...


- Possuem músicas próprias? Quantas? Cite algumas.

R: Possuímos várias músicas próprias, não sei dizer no momento quantas exatamente, mas mais de 15 e menos de 40 é certo. Na verdade, a maioria do nosso repertório é de músicas próprias. Duas delas, volta e meia, tocam nas rádios, que são do nosso CD mais recente. São elas: ‘O que penso de mim’ e ‘Ventiladores’. Mas as novas que ainda não foram gravadas, estão mais coerentes com nossa cara atual. Entre elas posso citar: ‘A vida é agora!’, ‘Estranho delírio’, ‘Olhos vivos’ e a mais recente: ‘Diferente de você’.



- Locais que costumam tocar (região Oeste, etc).

R: Além do nosso estúdio de ensaio (o ‘quarto sonoro-literário’), em algumas casas de shows, bares de rock, algumas feiras, no teatro do SESC... Já tocamos mais distante, como em Curitiba e Porto Alegre, mas no momento é por aqui mesmo...


- Comente sobre as principais dificuldades encontradas no decorrer da história da banda.

R: Dificuldades foram muitas. Falta de grana pra investir na banda, de apoio comercial-empresarial (já que estamos falando de tocar num mundo capitalista, e sob tudo no Brasil), espaço adequado para o rock, tempo, oportunidades, entre outras. Uma dificuldade triste, foi superar a perda do nosso grande amigo e baterista anterior, o Tubin. Até havíamos cogitado em parar com a banda num primeiro momento, mas graças ao próprio Tuba e a sua energia que continua conosco, ao amor pela música, a nossa amizade dentro da banda, aos demais amigos, admiradores e ao Maninho (novo batera), que apostou e assumiu corajosamente as baquetas, prosseguimos. 


- Relembre algumas histórias curiosas vivenciadas pela banda.

R: Histórias curiosas? Tem várias. Mas no momento ta difícil de relembrar. Eu diria que um momento interessante, foi quando fomos escolhidos, selecionados, entre as 17 bandas do Sul do país, via audição, pela banda Cachorro Grande e pela MTV, junto a banda Repolho, a participar de um programa produzido pela própria MTV, sendo uma das duas da região Oeste. Isso gerou uma grande troca de informações e conhecimentos entre as bandas escolhidas, além da diversão, e do destaque, é claro.


- Costumam ensaiar quantas vezes por semana? Onde?

R: Tentamos ensaiar pelo menos uma vez por semana. Às vezes conseguimos duas, mas às vezes também, nenhuma. Ensaiamos no nosso estúdio o ‘quarto sonoro-literário’.


- Esta é a primeira edição da Efapi que a banda participa?

R: Não, não. Enquanto Epopeia, é a nossa terceira ou quarta Efapi, não lembro bem. Mas antes ainda, eu e a Liza já tocávamos na feira com nossa antiga banda, a Tribo Audaz. O Maninho também tocou com sua banda anterior, a The Sulky. Já somos ‘velhos’ conhecidos da feira.


- O que acham da programação de shows nacionais?

R: Tem certeza que quer saber disso? Isso é importante? Então tá... Aquela coisa... Não me surpreende as ‘escolhas’ dos shows externos. Acho que o show mais interessante que já vi numa Efapi, foi o do Titãs alguns anos atrás e o da Ana Cañas na edição anterior. O Rappa também foi legalzinho. Este ano, ‘o nome’ da feira vai ser o Amado Batista (poderia ser o Arnaldo Baptista – Mutantes), mas... É capaz de até irmos curtir o ‘Amadão’. Os demais, deixamos pra quem segue ‘as tendências’, como dizem nas coleções verão-inverno das butiques pela televisão. Temos alguns critérios e motivos pra ouvir e gostar de determinados estilos, um deles é a intensidade, a linguagem artística do show, o que vai muito além do produto e dos modismos midiáticos. Na minha opinião, essa vai ser uma Efapi ‘intelectual’ ou ‘sertaneja universitária’ nos seus shows ditos ‘nacionais’. Somos mais as atrações locais mesmo, mais diversidade pelo menos. Enfim... Cada um tem o ‘espetáculo’ que merece, não é?


- Com a nova ortografia, é Epopéia ou Epopeia?

R: Sem o acento agudo no ‘e’. Na verdade, nunca teve o acento, desde que gravamos o primeiro CDzinho, já usávamos assim, devido a universalidade do termo, que é sem acento. Portanto, independente da reforma ortográfica, é Epopeia.